Sabia que regular o nervo vago ajuda a acalmar e também a melhorar a digestão? O termo “nervo vago” é, na verdade, a junção de milhares de fibras nervosas, organizados em 2 feixes que vão do tronco cerebral para baixo em cada lado do pescoço e no tronco, ramificando-se para tocar os órgãos internos, incluindo coração, intestino, pulmões, fígado, pâncreas, rins. Como capta muitos estímulos, o nervo vago – o mais longo dos 12 nervos cranianos – às vezes é chamado de “superestrada da informação”.
Estudos indicam que estimular o nervo vago pode ajudar pessoas com epilepsia, diabetes, depressão resistente ao tratamento medicamentoso, transtorno de estresse pós-traumático, transtorno de ansiedade, condições autoimunes inflamatórias, como doença de Crohn ou artrite reumatoide e também no controle da compulsão alimentar.
Meditação, respiração, banhos frios, yoga, cantarolar, conectar-se com pessoas agradáveis são estratégias que ajudam nosso sistema nervoso a relaxar, a sentir-se seguro.
Existe um ramo do nervo vago chamado sistema vagal ventral e isso faz parte do nosso sistema nervoso autônomo, que tem tudo a ver com conexão. É através da conexão que sobrevivemos como seres humanos. Os bebês morrem se não estiverem conectados aos adultos.
Muitos dos meus pacientes estão muito desconectados, vivendo como lobos solitários, apenas navegando na internet. E quando desenvolvem doenças ficam mais solitários ainda, pois a vontade de sair e interagir diminui. Pacientes com SIBO, com doença celíaca, frequentemente têm medo de sair para comer fora ou na casa de amigos, pois preveem que vão passar mal. Outros estão desconectados desde as restrições impostas pela pandemia de COVID. Tenho pacientes com Alzheimer e síndrome de Down que deixaram de falar e agora com a minha insistência sobre a importância dos passeios familiares voltaram a se comunicar um pouquinho mais. Não é simples, voltar para a fono e outras terapias também é fundamental, mas conexão é também muito importante!
Esta semana fui a um evento de mulheres estrangeiras que vivem aqui em Portugal. É estranho chegar em um ambiente que não conhecemos e sentarmos para conversar com gente que não conhecemos. Mas sabe o quê? Foi ótimo, conheci mulheres super interessantes. Você não precisa fazer algo radical. Pode dar pequenos passos, como ligar para um amigo ou amiga com quem não fala há algum tempo. Sair para tomar um café, entrar em um esporte coletivo, fazer um curso presencial.
Muita gente só percebe que estava sentindo falta de mais conexão quando volta a sair. Mas não se relacione com qualquer pessoa. A qualidade dos relacionamentos também exerce um efeito importante na nossa saúde física e mental. Por exemplo, pesquisadores do estado de Ohio descobriram que casais que brigavam o tempo todo, tinham mais problemas gastrointestinais.
Se você está em um relacionamento tóxico, corrigir essa situação pode ser crucial para o seu funcionamento geral e para reparar a sua saúde, o seu funcionamento intestinal e o seu bem-estar mental.
Você também pode se conectar com a natureza, animais de estimação, hobbies/paixões, religião/espiritualidade e muito mais. O cachorro que adotei na pandemia é uma parte muito importante da minha vida e contribui imensamente para o bem-estar de toda a família.
Encontrar prazer é um requisito raramente discutido para conquistar a disfunção do sistema nervoso que leva às disfunções intestinais e mentais. Minhas estratégias diárias para sentir-me bem durante o dia incluem fazer pausas de 5 a 10 minutos entre os pacientes e dar uma volta, brincar com o cachorro, dar uma esticada, dançar, cantar, ligar para minha filha, para minha mãe, para as amigas... E você, como acalma seu nervo vago?