A doença de Alzheimer é o tipo mais comum de demência. É uma doença progressiva que envolve partes do cérebro que controlam o pensamento, a memória e a linguagem. O sintoma inicial é o comprometimento leve da memória. Mas o diagnóstico não é o fim do mundo e existem muitos mitos associados à doença, como:
o paciente com Alzheimer não vai aprender mais nada - MENTIRA
depois do diagnóstico a evolução é rápida - NÃO TEM QUE SER VERDADE
não há nada para fazer, agora é só preparar o testamento - MENTIRA
se tem a genética de risco para Alzheimer, vai ter a doença - MENTIRA
O quanto antes começamos a cuidar do nosso cérebro, melhor. A prevenção é muito importante. Para os pacientes com diagnóstico a urgência é ainda maior, pois sem mudanças de estilo de vida e sem o tratamento das causas ambientais de base (hipertensão, dislipidemias, hiperuricemia, hiperglicemia, hiperinsulinemia, deficiências nutricionais etc) a doença pode, sim, progredir rapidamente. A família deve estar atenta, pois a manutenção de um bom estado nutricional evita complicações adicionais.
Nutrição para pacientes com Alzheimer avançado
Conforme a doença avança, a confusão mental e alterações de humor agravam-se, o apetite e a ingestão de alimentos oscilam. As oscilações de peso tornam-se mais comuns. O paciente pode esquecer que comeu e dobrar as quantidades, aumentando de peso. Neste caso é importante fracionar a alimentação, oferecendo entre 5 e 6 refeições menores ao dia. Snacks menos calóricos, como maçãs cortadas, cenouras, aipo, morangos, podem ser oferecidos nos intervalos. Evitar guloseimas calóricas em casa. A atividade física também é importante, para distrair, cansar, gastar calorias.
Outros pacientes perdem muito peso, pois podem desenvolver depressão e anorexia (falta de apetite). Com o agravamento da condição física e cognitiva, a capacidade de engolir pode ficar comprometida, além da capacidade de preparar alimentos ou comer sozinho.
O aumento no gasto energético provocado pela deambulação errática e movimentos despropositados, geram um aumento das necessidades calóricas para assegurar as fontes de energia para o metabolismo basal.
O paciente pode não se lembrar de como usar os talheres, esquecer de levar o alimento à boca ou de mastigar. Se for o caso, exemplificar o abrir da boca com “ah” ou tocar um pedaço pequeno de alimento nos lábios do paciente com estímulo para a abertura a boca. Ofereça instruções verbais como: “mastigue agora, engula agora”. Omitir alimentos difíceis de mastigar ou engolir tais como castanhas (podem ser incluídas raladas nas vitaminas), dar bastante tempo entre cada pedaço de comida para o idoso ter tempo de mastigar.
Alguns pacientes também não conseguem segurar utensílios convencionais. Evitar pratos e copos de plástico ou que sejam muito leves, pois caem, amassam e entornam mais facilmente. Existem pratos com ventosas, que grudam na mesa, copos com canudos, talheres ergonômicos, que facilitam o manuseio.
Outra opção é servir alimentos que se possam ser segurados com as mãos, tais como pedacinhos de batata, queijo, sanduíches saudáveis, coxa de frango ou pedacinhos de carne, fruta ou vegetais, especialmente quando o paciente recusa-se a sentar para comer.
Com a progressão da doença, o risco de asfixia e pneumonia aspirativa aumenta. Alimentos ralos e água tendem a provocar mais engasgos. Líquidos mais espessos tais como vitaminas de frutas, sucos grossos, açaí, mingau, sopas pastosas costumam gerar menos problemas. Existem também produtos espessantes que podem ser misturados na água, nos chás e outros líquidos.
10 outras causas de problemas alimentares em idosos
1. Problemas orais, causados por próteses dentárias mal encaixadas, falta de dentes e/ou doenças das gengivas. Não esquecer das consultas anuais com o dentista. Atenção à temperatura dos alimentos. Em muitos casos de demência as pessoas perdem a capacidade de perceber se um alimento ou bebida estão demasiado quentes.
3. Uso de medicamentos que reduzem o apetite ou alteram o paladar. Conversar com o médico sobre possibilidade de substituição de fórmulas.
4. O centro hipotalâmico da fome, responsável pelo apetite, pode tornar-se disfuncional. Tentar um copo pequeno de suco antes das refeições para estimular o apetite. Oferecer refeições mais calóricas e menos volumosas (pode adicionar óleo de coco, azeite, TCM e outros suplementos alimentares.
Marcar consulta de nutrição se houver uma perda de peso significativa.
5. Alterações da visão dificultam compra e preparo dos alimentos. Fazer check-up com oftalmologista.
6. Xerostomia (boca seca) torna a deglutição difícil e a comida desagradável. Humedecer os alimentos com molho ou água. Manter boa hidratação durante o dia. Se a casa for seca, usar humidificador no quarto. Se a causa for a medicação, conversar com o médico sobre a substituição do fármaco. Xupar cubinhos de gelo ao longo do dia ou usar sprays bucais que estimulam a produção de saliva.
7. Ambientes novos ou não familiares podem causar agitação e confusão. Distrações, tais como barulho, muita gente ou um meio agitado provocam inquietação no doente. Acalmar o paciente segurando-lhe na mão. Usar músicas suaves. Reduzir distrações. Alimentação quando a agitação for menor. Se necessário, coordenar os medicamentos tranquilizantes com o horário das refeições para controlar a agitação mental e motora.
8. Monotonia. Alimentos pouco atrativos, repetidos. Atender à história alimentar do doente para lhe preparar refeições que lhe sejam familiares e ao seu gosto.
9. Odores inoportunos, tais como cheiro de urina, também diminuem o apetite. Mantenha o paciente, o quarto, a casa limpos. Evite o uso de perfumes. Ofereça alimentos simples, sem muitas complicações e aromas misturados.
10. Cuidadores impacientes, que fazem o paciente sentir-se que está incomodando e dando muito trabalho. Pressão para comerem depressa pode gerar irritabilidade. Cuidadores também precisam cuidar-se para não adoecerem física e mentalmente. Ter tempo para lazer, revezar os cuidados com outros membros da família, dormir bem e fazer atividade física continuam a ser importantes em todas as fases da vida.
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