Um dos maiores mitos da nutrição é o de que diabéticos tipo 1 precisam obrigatoriamente consumir e contar carboidratos. A insulina e a possibilidade de consumir qualquer coisa, de doces a tortas, sorvetes, bolos, aparentemente parecia uma libertação para o diabético. Bastava que comece o que quisesse, contasse carboidratos e aplicasse mais e mais insulina.
Só que décadas de acompanhamento de pacientes e pesquisas mostraram que quanto mais insulina o diabético aplica, mais seus riscos aumentam. Nos últimos anos, novas pesquisas vem mostrando que o que liberta mesmo o diabético da infinita contagem de carboidratos e de doenças crônicas é a restrição de carboidratos.
Recentemente conheci na Suiça a nutricionista Yvonne Reuter, diabética tipo 1 que segue a dieta cetogênica. Nesta entrevista, em inglês, Yvonne conta sua experiência e porque recomenda a dieta cetogênica para seus pacientes:
O que é a dieta cetogênica?
A dieta cetogênica, ou keto, é uma dieta com muito baixo teor de carboidratos e alto teor de gordura que demonstrou oferecer vários benefícios à saúde. Nos últimos anos surgiram estudos com a aplicação da dieta no tratamento do câncer, transtorno bipolar e reversão do declínio cognitivo. Em geral, estes pacientes mantém um consumo de carboidratos abaixo de 50 mg ao dia, para maior benefício.
Existem também muitos estudos com aplicação na prevenção e tratamento do diabetes tipo 2. O diabetes tipo 2 não deve ser confundido com diabetes tipo 1. No diabetes tipo 2 ainda há produção de insulina, apesar das células estarem resistentes ao hormônio.
O diabetes mellitus tipo 1 é uma condição crônica na qual o pâncreas produz pouca ou nenhuma insulina. Por isto, estes pacientes obrigatoriamente aplicar insulina exógena. O que a Yvonne relata no vídeo é que todo paciente tipo 1 deve conhecer sua necessidade basal de insulina. Ou seja, a quantidade de insulina que deve ser aplicada mesmo que o paciente não coma nada. Conhecendo-se esta necessidade basal é muito mais fácil iniciar e manter a dieta keto com segurança.
Quando o corpo não tem disponibilidade de carboidratos para produção de energia, começa a utilizar gorduras e a produzir corpos cetônicos, que passam a ser a principal fonte de energia das células.
Yvonne e outros pesquisadores são da linha que a dieta cetogênica é mais segura do que o consumo de carboidrato e aplicação de doses elevadas de insulina. Quando há um grande consumo de carboidratos e hiperglicemia, o risco de cetoacidose é maior. Na cetoacidose encontramos no plasma altos níveis de glicose (acima de 240mg/dL) e corpos cetônicos (frequentemente acima de 10 mmol/L podendo chegar a 25 mmol/L), além de pH sanguíneo abaixo de 7,3.
A cetoacidose diabética é uma emergência médica. É uma condição diferente da cetose nutricional, em que glicose está abaixo de 90 mg/dL e corpos cetônicos não costumam ultrapassar 3 mmol/L. A maioria dos profissionais trabalham com uma margem de segurança entre 0,6 e 1,5 mmol/L.
Foi demonstrado que a dieta cetogênica reduz significativamente os níveis de açúcar no sangue em pessoas com diabetes tipo 1 e 2, reduz os níveis de hemoglobina glicada, contribui para redução da adiposidade, para redução da quantidade de insulina a ser aplicada durante o dia em pelo menos 20 unidades.
Para que a estratégia seja segura o paciente deve monitorar várias vezes aos dia os níveis de glicose e corpos cetônicos no sangue. Sem isso, não há possibilidade da dieta cetogênica ser feita com segurança. O paciente deve ser supervisionado por equipe de endocrinologista e nutricionista para os ajustes na dieta e medicação.
APARELHOS PARA MONITORAÇÃO DE GLICOSE E CORPOS CETÔNICOS (BETA-HIDROXIBUTIRATO) NO SANGUE:
BRASIL - Freestyle Optium Neo
EUA - KetoMojo
EUROPA - KetoMojo e GoKeto