O artigo “Rethinking healthy eating in light of the gut microbiome” (Cell Host & Microbe, 8 junho 2022), revisita os conceitos de alimentação saudável à luz das descobertas sobre o microbioma, destacando:
A epidemia global de doenças crônicas ligadas à dieta ocidental e a importância de orientações alimentares baseadas em evidências.
O microbioma intestinal como mediador crítico dos efeitos fisiológicos da dieta e no desenvolvimento de doenças crónicas.
A necessidade de incorporar dados sobre microbioma nas recomendações nutricionais nacionais. Diretrizes dietéticas de diversos países começam a incluir fermentados e fibras, mas a nutrição personalizada ainda não chegou à prática comum.
Mecanismos principais dos vegetais
1. Alimentos integrais de origem vegetal vs. ultraprocessados
Plantas inteiras (legumes, frutas, grãos integrais, leguminosas, nozes) são fontes de fibras fermentáveis. Bactérias usam estas fibras para a produção de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) — como butirato — que promovem:
Secreção de mucina e melhoria da barreira intestinal.
Hormonas de saciedade e sensibilidade à insulina.
Inibição de patógenos e redução da inflamação.
Polifenóis (presentes em frutas coloridas, ervas, especiarias, café e chá) são metabolizados pelas bactérias, ganhando propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias.
Por contraste, alimentos ultraprocessados contêm aditivos, açúcares refinados, gorduras saturadas e interferem no ecossistema microbiano e na função da barreira intestinal. Dieta rica em industrializados "empobrece" o microbioma: gera menos diversidade bacteriana, com perda de espécies funcionais importantes. Isto aumenta o risco de uma série de doenças.
2. Alimentos fermentados e microrganismos vivos
Probióticos e alimentos fermentados (como iogurte, kefir, kombucha, kimchi) introduzem microrganismos vivos com benefícios intestinais.
Uma dieta com 6 porções/dia de alimentos fermentados aumenta a diversidade do microbioma e reduz marcadores inflamatórios.
Nem todos os fermentados são iguais — queijos processados, iogurtes com açúcar e enchidos fermentados podem trazer sal e gordura em excesso .
3. Restauração da diversidade microbiana
Estratégias de restauração incluem a ingestão de fibras, fermentados e talvez a reposição de espécies “VANISH” perdidas — ainda em fase experimental .
“VANISH” é um acrônimo em inglês para:
Volatile and/or Associated Negatively with Industrialized Societies of Humans
Ou seja, são espécies de bactérias intestinais que desaparecem ou se tornam muito raras em pessoas que vivem em sociedades industrializadas, mas que ainda estão presentes em populações tradicionais, como indígenas ou comunidades rurais isoladas.
Exemplos de espécies VANISH
Algumas bactérias que fazem parte desse grupo incluem:
Prevotella copri
Treponema spp.
Oxalobacter formigenes
Algumas espécies do gênero Spirochaetes e Christensenellaceae
Essas espécies são mais comuns em pessoas com dietas ricas em plantas, fibras e alimentos minimamente processados e nas populações sem uso frequente de antibióticos ou exposição a dietas industrializadas.
Nutrição de precisão (personalizada)
Cada pessoal tem uma microbiota. Exames metabolômicos permitem melhor compreensão das particularidades de cada paciente e respostas dietéticas individualizadas.
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