A ciência tem avançado na compreensão de como o cuidado com o cérebro pode começar bem antes do surgimento dos sintomas do Alzheimer. O estudo europeu MIND-ADmini trouxe um olhar integrado sobre como mudanças no estilo de vida, especialmente na alimentação, podem melhorar a saúde cerebral em pessoas que já apresentam sinais iniciais da doença, na chamada fase prodrômica.
O que foi o estudo MIND-ADmini?
O MIND-ADmini aplicou uma intervenção multimodal, combinando orientação nutricional personalizada, exercícios físicos, estímulos cognitivos e acompanhamento clínico. Participaram pessoas com comprometimento cognitivo leve, que têm risco maior de evoluir para Alzheimer, mas ainda estão em um estágio inicial, quando a prevenção pode ser mais eficaz.
Como funcionou a orientação nutricional?
Cada participante teve sessões regulares com nutricionistas, que ajudaram a adaptar a alimentação a padrões comprovadamente protetores do cérebro — como a dieta mediterrânea e a dieta nórdica. O foco era aumentar o consumo de frutas, vegetais, grãos integrais, peixes e gorduras saudáveis (como azeite de oliva), ao mesmo tempo em que se reduziam alimentos ultraprocessados, açúcares e gorduras saturadas.
Para medir o progresso, os pesquisadores usaram o Índice de Dieta Saudável da Finlândia (HDI), que pontua a qualidade da alimentação conforme o consumo de alimentos benéficos e a redução dos prejudiciais. Os participantes que receberam essa intervenção melhoraram significativamente suas pontuações, mostrando que a dieta ficou mais alinhada com os padrões ideais para a saúde cerebral.
E os suplementos?
Além da alimentação, o estudo também incluiu o uso diário de suplementos com nutrientes importantes para o cérebro, como vitaminas do complexo B, vitamina D e ácidos graxos ômega-3. A suplementação serviu para garantir que possíveis deficiências nutricionais fossem supridas, reforçando o efeito protetor da dieta e ajudando a criar um ambiente mais favorável à saúde cerebral.
Outros pilares da intervenção multimodal
Além da nutrição e suplementação, os participantes também realizaram exercícios físicos orientados, atividades para estimular a memória e outras funções cognitivas, e receberam acompanhamento clínico regular para monitorar a saúde geral.
Resultados do estudo
O principal resultado do MIND-ADmini foi a melhora significativa na qualidade da dieta dos participantes que receberam a intervenção multimodal, especialmente a parte nutricional. Essa melhora foi avaliada pelo aumento das pontuações no Índice de Dieta Saudável da Finlândia (HDI), indicando que os participantes passaram a consumir mais alimentos protetores do cérebro e menos alimentos prejudiciais.
Além disso, o estudo mostrou que a combinação de dieta, suplementação e outras práticas saudáveis foi bem aceita pelos participantes, com alta adesão às orientações ao longo dos 6 meses de acompanhamento.
Embora o estudo tenha um foco inicial na mudança de hábitos e qualidade da dieta, os resultados são promissores para futuras pesquisas sobre como essas intervenções podem impactar a progressão do Alzheimer, sinalizando que ações preventivas integradas são viáveis e eficazes já na fase inicial da doença.
Os resultados indicaram que, embora o foco principal tenha sido a adesão à dieta saudável, houve sinais promissores de estabilização ou leve melhora na função cognitiva em alguns participantes, especialmente aqueles que seguiram com maior aderência ao programa completo — alimentação, suplementos, exercícios e treinamento mental.
Porém, como o estudo foi relativamente curto (6 meses) e com um número limitado de participantes, os efeitos na memória ainda precisam ser confirmados em pesquisas maiores e mais longas para entender melhor o impacto a médio e longo prazo.
Por que esse método parece funcionar?
O segredo está no acompanhamento próximo e personalizado. Mudanças no estilo de vida são difíceis, especialmente quando a saúde cognitiva já apresenta desafios. Mas com suporte constante, adaptação das orientações às preferências e condições de cada pessoa, e uma abordagem integrada que inclui múltiplos pilares da saúde, o estudo mostrou que é possível melhorar a qualidade da dieta e, potencialmente, frear o avanço do Alzheimer.
Conclusão
O MIND-ADmini traz uma mensagem clara: cuidar do cérebro começa na rotina do dia a dia, com escolhas conscientes e apoio profissional. A combinação de alimentação saudável, suplementação, exercícios e estímulos cognitivos forma uma estratégia poderosa para quem quer proteger a mente contra o Alzheimer antes que a doença avance.