O panorama da saúde mental no Brasil é caracterizado por altas taxas de prevalência de transtornos, exacerbadas pelas desigualdades sociais e pelo impacto da pandemia de COVID-19. O acesso à assistência continua sendo um desafio significativo, com disparidades na disponibilidade e eficácia do tratamento.
Uma revisão sistemática encontrou uma maior prevalência de transtornos de saúde mental entre populações não brancas, com razões de chance variando de 1,18 a 1,85 em comparação com brancos [1]. Além disso, transtornos mentais comuns, como ansiedade e depressão, são prevalentes em ambientes de atenção primária, com taxas variando significativamente entre as diferentes regiões [2].
A pandemia de COVID-19 exacerbou os problemas de saúde mental, particularmente entre profissionais de saúde e populações vulneráveis. Profissionais de saúde relataram altas taxas de ansiedade, depressão, insônia e burnout durante a pandemia, com os sintomas permanecendo estáveis ou aumentando ao longo do tempo [3] [4]. Idosos vulneráveis em situação de rua também relataram autopercepções negativas sobre a saúde mental durante a pandemia [5].
Há uma significativa necessidade não atendida de atenção à saúde mental no Brasil. Um estudo em São Paulo constatou que apenas 14% dos indivíduos com transtornos psiquiátricos relataram o uso de medicamentos psicotrópicos no último ano, evidenciando barreiras no acesso aos serviços de saúde mental [6]. Os profissionais da atenção primária têm capacidade limitada para identificar e tratar problemas de saúde mental, embora os modelos de atenção colaborativa tenham demonstrado alguma melhora [7].
As disparidades em saúde mental são influenciadas por determinantes sociais como raça, renda e educação. A discriminação e a violência contra minorias sexuais e de gênero contribuem para os desafios da saúde mental, com altas taxas de ansiedade, depressão e transtorno de estresse pós-traumático relatadas entre esses grupos [8].
O Brasil vem passando por uma reforma da saúde mental com o objetivo de integrar a saúde mental ao sistema de saúde mais amplo. Isso envolve equipes multidisciplinares e serviços comunitários, embora ainda existam desafios na implementação eficaz dessas políticas [9].
Esforços estão sendo feitos para fortalecer a vigilância e a pesquisa em saúde mental, com iniciativas como a RENAST buscando novos modelos de vigilância da saúde do trabalhador [10]. No entanto, a participação do Brasil no debate global sobre saúde mental ainda é limitada [11].
Estilo de vida e transtornos mentais
Apesar de existir um componente genético para os transtornos mentais, os fatores ambientais desempenham um papel importante na maioria dos casos e abrangem 8 domínios:
Atividade física e exercício
Cessação do tabagismo
Intervenções direcionadas ao trabalho
Terapias baseadas em mindfulness e gerenciamento de estresse
Dieta
Sono
Combate à solidão e aumento do apoio social
Interação com espaços verdes
Evidências sobre o impacto da dieta na saúde mental
Estudos seminais sobre o impacto de nutrientes isolados na saúde mental têm sido estudados por décadas, incluindo ácido fólico, vitamina D, ômega-3, vitamina B12.
Os primeiros estudos observacionais (epidemiológicos, incluindo prospectivos) mostravam associação entre a qualidade da alimentação e redução da prevalência do risco para depressão e suicídio [12].
Em 2017 foi proposta uma nova área de estudos: a psiquiatria nutricional, que busca estudar a correlação dos transtornos mentais, anormalidades metabólicas e nutricionais [12]. A nutrição fornece nutrientes, modula a neuroinflamação e o estresse oxidativo, a epigenética e a microbiota intestinal. Alimentação saudável, de qualidade, em quantidade adequada é direito de todos e devemos lutar por isto.
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