A DMN é um conjunto de regiões do cérebro que ficam ativas quando você não está focado em tarefas externas específicas — como resolver um problema ou prestar atenção a estímulos sensoriais. Ela costuma ser mais ativa quando estamos:
Pensando no passado ou no futuro
Sonhando acordado
Refletindo sobre nós mesmos (autorreferência)
Criando cenários imaginários
Planejando
Divagando (mind-wandering)
Relação com a Divagação
A divagação mental (quando sua mente "viaja", sem foco específico) é um dos principais estados associados à ativação da DMN. Em outras palavras, quando você está aparentemente "sem fazer nada" ou distraído, a DMN entra em ação — e é justamente nesse momento que ocorrem pensamentos espontâneos, associações livres, imaginação e criatividade.
A divagação mental acontece quando o foco sai do mundo externo e entra no mundo interno. Exemplos:
"Viajar" durante uma aula ou reunião
Lembrar de uma conversa antiga enquanto lava a louça
Imaginar o que aconteceria se você tivesse feito outra escolha na vida
Durante esses momentos, a DMN está ativa. Ela nos ajuda a:
Simular situações sociais
Rever experiências passadas
Antecipar o futuro
Criar histórias ou soluções criativas
Isso mostra como divagar não é preguiça mental — pode ser um processo útil, ligado à criatividade e à resolução de problemas de forma indireta.
Curiosidade
Interessantemente, essa rede desativa parcialmente quando você começa a focar em tarefas que exigem atenção intensa (como resolver uma equação ou dirigir em tráfego intenso), e dá lugar a outras redes mais voltadas para atenção e controle executivo.
Mapa da Default Mode Network (DMN)
A DMN envolve várias regiões cerebrais, principalmente:
Córtex pré-frontal medial: ligado ao pensamento sobre si mesmo, planejamento e reflexão.
Córtex cingulado posterior / precúneo: associado à consciência e à memória autobiográfica.
Córtex parietal inferior (junção temporoparietal): envolvido na construção de cenários mentais e empatia.
Hipocampo: memória episódica, imaginar eventos futuros e navegação espacial.
Excesso de divagação
Quando uma pessoa divaga demais e tem dificuldade constante de focar no presente, isso pode ter impactos reais no bem-estar, produtividade e saúde mental. Vamos entender o que pode estar por trás disso e o que pode ser feito.
O Que Acontece Quando a Mente Divaga Demais?
Atividade excessiva na Default Mode Network (DMN)
Quando a DMN está hiperativa, a mente fica “presa” em pensamentos internos:Repetição de memórias passadas (ruminação)
Preocupações com o futuro (ansiedade)
Diálogo interno constante (ex: “Será que fiz certo?”)
Dificuldade de atenção plena (mindfulness)
A pessoa tem dificuldade de estar presente no aqui e agora, o que pode levar a:Procrastinação
Dificuldade de escutar o outro
Sensação de estar “desconectado” da realidade
Associação com condições específicas
TDAH: excesso de mind-wandering, foco difuso, impulsividade
Ansiedade: preocupação excessiva com o que ainda não aconteceu
Depressão: ruminação sobre erros e fracassos passados
Transtorno obsessivo-compulsivo: pensamentos intrusivos e repetitivos
Sinais de Alerta
Você se perde em pensamentos com frequência e nem nota o tempo passando
Sente-se esgotado por pensar demais (sem chegar a conclusões úteis)
Tem dificuldade em focar em tarefas simples ou manter uma conversa
Está frequentemente distraído mesmo em momentos importantes
Sente-se emocionalmente "desligado" do presente
O Que Pode Ajudar?
Treino de atenção plena (Mindfulness)
Meditação simples pode ajudar a "silenciar" a DMN e treinar o foco no agora. Exemplos:Respiração consciente por 5 minutos
Caminhar prestando atenção nas sensações do corpo
Observar sons, cheiros e texturas no ambiente
Técnicas de ancoragem ao presente
Nomear 3 coisas que está vendo, ouvindo e sentindo no corpo
Fazer pausas conscientes antes de começar uma tarefa
Reduzir estímulos que alimentam a distração
Menos multitarefa
Reduzir consumo automático de redes sociais
Psicoterapia (como Terapia Cognitivo-Comportamental ou ACT)
Pode ajudar a entender os padrões de pensamento automático e aprender a lidar melhor com eles.Avaliação clínica e medicação
Se isso interfere muito na sua vida, é útil procurar um(a) psicólogo(a) ou psiquiatra para investigar se há um transtorno como TDAH, ansiedade generalizada ou outro. Se a divagação mental excessiva está relacionada a algum transtorno clínico, como TDAH, ansiedade, depressão ou TOC, medicamentos podem ajudar bastante, mas sempre com acompanhamento médico. Aqui está uma visão geral:
Medicamentos Usados por Condição
✅ 1. TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade)
Divagação crônica, mente inquieta, dificuldade de foco:
Estimulantes (mais comuns):
Metilfenidato (Ritalina, Concerta)
Lisdexanfetamina (Venvanse)
Não estimulantes (alternativas):
Atomoxetina (Strattera)
Bupropiona (também usada para depressão)
Esses medicamentos ajudam a regular a dopamina e a noradrenalina, aumentando o foco e reduzindo a "tempestade" interna de pensamentos.
Ansiedade Generalizada / TAG
Preocupação excessiva, pensamentos acelerados, dificuldade de relaxar:
Ansiolíticos (uso pontual e com cautela):
Clonazepam, diazepam, alprazolam
⚠️ Risco de dependência, uso curto e com orientação clara
Antidepressivos usados para ansiedade (uso contínuo):
Sertralina, escitalopram, paroxetina, fluoxetina (ISRSs)
Venlafaxina, duloxetina (IRNSs)
Esses medicamentos ajudam a modular o sistema serotoninérgico, estabilizando a mente e reduzindo a ruminação.
3. Depressão com ruminação mental
Pensamentos repetitivos, culpa, memória negativa, falta de prazer:
Antidepressivos (ISRSs e outros):
Fluoxetina, sertralina, escitalopram, bupropiona, entre outros
Estabilizadores de humor (em casos mais graves ou bipolares):
Lamotrigina, lítio
4. TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo)
Pensamentos intrusivos, repetitivos e angustiantes:
ISRSs em doses mais altas (como fluvoxamina, sertralina, fluoxetina)
Clomipramina (tricíclico eficaz para TOC)
Avisos Importantes
Nunca se automedique. Mesmo os remédios "conhecidos" têm efeitos colaterais sérios em alguns casos.
Os medicamentos agem melhor quando combinados com psicoterapia.
O ajuste da dose é personalizado — o que funciona para um, pode não funcionar para outro.
Leva 2 a 6 semanas para muitos desses medicamentos começarem a fazer efeito de verdade.
Em alguns casos, é preciso tentar mais de um medicamento até encontrar o ideal.
Nutrientes que Ajudam o Cérebro a Focar e Reduzir a Divagação
✅ 1. Ômega-3 (EPA e DHA)
Função: Reduz inflamação cerebral, melhora a comunicação entre neurônios, apoia o foco.
Fontes: Peixes gordurosos (salmão, sardinha, atum), óleo de peixe, chia, linhaça.
Suplemento: Pode ser indicado em alguns casos de TDAH, depressão leve e ansiedade.
✅ 2. Magnésio
Função: Acalma o sistema nervoso, reduz ansiedade, melhora a qualidade do sono.
Fontes: Abacate, banana, castanhas, espinafre, cacau.
Dica: O magnésio glicina ou treonato é melhor absorvido pelo cérebro.
✅ 3. Vitaminas do Complexo B (B6, B9, B12)
Função: Produção de serotonina, dopamina e GABA (neurotransmissores do foco e bem-estar).
Fontes: Fígado, ovos, vegetais verdes escuros, grãos integrais, levedura nutricional.
Deficiência comum em vegetarianos, veganos e pessoas sob muito estresse.
✅ 4. Proteínas e aminoácidos
Função: Precursores da dopamina (foco e motivação) e serotonina (estabilidade emocional).
Fontes: Ovos, peixe, frango, lentilhas, feijão, tofu, iogurte.
✅ 5. Zinco e Ferro
Função: Suporte à memória, concentração, prevenção da fadiga mental.
Fontes: Carnes, sementes, leguminosas, frutos do mar (zinco), fígado (ferro).
🚫 O Que Evitar (ou Reduzir)
❌ Açúcar refinado em excesso
Pico de energia → queda brusca → mais distração e cansaço mental
❌ Ultra processados (biscoitos, salgadinhos, refrigerantes)
Podem gerar inflamação de baixo grau, afetando a clareza mental
❌ Cafeína em excesso
Pode aumentar a ansiedade e a divagação para pessoas mais sensíveis
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