A miastenia gravis (MG) é uma doença autoimune em que o sistema imunológico ataca os receptores de acetilcolina na junção neuromuscular, prejudicando a comunicação entre os nervos e os músculos e causando fraqueza muscular.
Principais Causas
Fatores Autoimunes
O corpo produz autoanticorpos que bloqueiam ou destroem os receptores de acetilcolina, impedindo a contração muscular eficiente.
Glândula Timo Alterada
Anormalidades no timo (glândula do sistema imunológico) podem contribuir para a produção excessiva de anticorpos. Alguns pacientes com MG apresentam hiperplasia tímica ou timomas (tumores do timo).
Fatores Genéticos e Epigenéticos
Apesar de não ser hereditária, a MG pode ter predisposição genética combinada com gatilhos ambientais.
Gatilhos e Fatores Agravantes
Estresse emocional e físico (pode piorar os sintomas)
Infecções virais ou bacterianas
Uso de certos medicamentos (bloqueadores neuromusculares, antibióticos como aminoglicosídeos, beta-bloqueadores)
Mudanças hormonais (gravidez, menopausa)
Exposição a toxinas e metais pesados
Deficiências nutricionais (ex.: magnésio, vitamina D, ômega-3)
Sintomas
A principal característica da miastenia gravis é um quadro de fadiga muscular limitado a determinados grupamentos musculares, que pode ser flutuante, ou seja, com períodos de melhora alternados com fases de agravamento.
Mais de 50% dos pacientes apresentam sintomas oculares no início da doença, senda de ptose (queda da pálpebra) e a diplopia (visão dupla) os mais comuns. Entre os pacientes que abrem o quadro com manifestações oculares, metade irá desenvolver doença generalizada dentro de dois anos.
Em cerca de 15% dos casos, o doente apresenta apenas sintomas oculares, não evoluindo para doença generalizada. Esse quadro é chamado de miastenia gravis ocular.
Cerca de 15% dos pacientes apresentam sintomas relacionados aos músculos da face e do pescoço, que incluem: disartria (dificuldade de articular palavras e frases), disfagia (dificuldade para engolir), falta de forças para mastigar e perda das expressões faciais. Fraqueza do pescoço também é comum, fazendo com que o paciente tenha dificuldade de manter a cabeça erguida.
O envolvimento dos músculos respiratórios produz os sintomas mais graves da miastenia gravis. A fraqueza muscular respiratória pode levar à insuficiência respiratória ou até parada respiratória, uma situação grave chamada de crise miastênica.
Tratamento da Miastenia Gravis
Além de medicamentos (como anticolinesterásicos, imunossupressores, etc) é muito importante uma abordagem integrativa que garanta bem-estar. Esta abordagem busca tratar a MG de forma holística, focando na modulação do sistema imunológico, redução da inflamação e suporte neuromuscular.
1. Nutrição Funcional
Dieta anti-inflamatória: Rica em antioxidantes, fibras e gorduras saudáveis (peixes, azeite de oliva, nozes, vegetais crucíferos).
Controle do açúcar no sangue: Evitar picos de glicose que possam agravar a inflamação.
Equilíbrio da microbiota intestinal: Probióticos e prebióticos para modular a imunidade.
Evitar gatilhos alimentares: Glúten, laticínios e alimentos ultraprocessados podem desencadear reações autoimunes em algumas pessoas.
Alimentos de Fácil Mastigação e Deglutição
Como a MG pode afetar os músculos da mastigação e da deglutição, prefira alimentos macios, pastosos ou líquidos quando houver fadiga muscular.
Exemplo: purês, sopas, ovos mexidos, iogurtes, vitaminas, peixes cozidos e carnes desfiadas.
Evitar a Fadiga Durante as Refeições
Faça pequenas refeições ao longo do dia para evitar o cansaço ao comer.
Descanse antes das refeições para minimizar a fraqueza dos músculos envolvidos na deglutição.
Controle do Peso
O uso prolongado de corticosteroides pode levar ao ganho de peso, por isso é importante uma dieta equilibrada com controle de calorias.
Priorize alimentos ricos em nutrientes, como frutas, legumes, proteínas magras e grãos integrais.
Suporte ao Sistema Imunológico
Como a MG é uma doença autoimune, uma dieta anti-inflamatória pode ajudar.
Alimentos ricos em antioxidantes (frutas vermelhas, vegetais verde-escuros, azeite de oliva) podem reduzir processos inflamatórios.
Manutenção da Saúde Óssea
Corticosteroides também podem causar osteoporose.
Inclua fontes de cálcio e vitamina D, como leite, derivados, tofu, sardinha, gema de ovo e exposição moderada ao sol.
Evitar Alimentos que Podem Piorar os Sintomas
Evite alimentos ricos em gorduras saturadas, processados e açucarados, que podem aumentar a inflamação.
Reduza o consumo de cafeína e bebidas alcoólicas, que podem interferir no sistema nervoso.
Hidratação Adequada
Beber água suficiente ao longo do dia auxilia na digestão e previne a fadiga.
Chás naturais e sucos sem açúcar são boas opções.
2. Fitoterapia e Suplementação
Vitamina D: Modulação imunológica (níveis adequados são essenciais para controle da autoimunidade). Cálcio e vitamina K também podem ser necessários para garantir saúde óssea.
Ômega-3: Ação anti-inflamatória (peixes, óleo de linhaça, chia).
Magnésio: Suporte neuromuscular (cuidado, pois doses altas podem interferir na transmissão nervosa em MG).
Adaptógenos (ashwagandha, rhodiola, ginseng): Redução do estresse e suporte adrenal.
Curcumina (cúrcuma): Potente anti-inflamatório natural.
Dieta cetogênica e miastenia gravis
A cetose pode reduzir a inflamação, o que pode ser benéfico em doenças autoimunes como a MG. Alimentos como abacate, azeite de oliva, peixes gordurosos e nozes fornecem ácidos graxos benéficos.
Alguns estudos sugerem que corpos cetônicos podem melhorar a função mitocondrial e a comunicação neuromuscular. Isso poderia, em teoria, ajudar na fadiga muscular característica da MG.
Ao reduzir picos de glicose e insulina, a dieta cetogênica pode ajudar a manter os níveis de energia mais constantes ao longo do dia. Isso pode ser útil para evitar a fadiga extrema.
Desafios da dieta cetogênica
Nos primeiros dias, pode haver piora da fadiga devido à adaptação do corpo à queima de gordura. Isso pode ser crítico para pacientes com MG, que já apresentam fraqueza muscular.
O aumento da ingestão de gorduras deve ser feito com cuidado, priorizando fontes saudáveis (abacate, azeite, oleaginosas, peixes). Evitar excesso de gorduras saturadas e processadas.
A restrição de carboidratos pode limitar o consumo de fibras, vitaminas e minerais essenciais, afetando a imunidade e a saúde óssea (importante para pacientes em uso de corticosteroides). É necessário garantir boas fontes de cálcio, magnésio, potássio e vitaminas do complexo B. Marque aqui sua consulta nutricional para avaliação e orientação.
Alguns medicamentos para MG podem ter sua absorção ou metabolismo alterados em uma dieta cetogênica. É necessário acompanhamento médico para ajustes.
3. Modulação do Estresse
Meditação e mindfulness: Redução do estresse oxidativo e regulação do eixo HPA (hipotálamo-hipófise-adrenal).
Terapia cognitivo-comportamental (TCC): Para lidar com a ansiedade e o impacto emocional da MG.
4. Atividade Física Adaptada
Exercícios de baixa intensidade e curtos períodos ajudam na manutenção muscular sem induzir fadiga excessiva.
Fisioterapia neuromuscular pode melhorar a função motora e reduzir a atrofia.