O impacto da dieta na neuroinflamação

O impacto da dieta na neuroinflamação é significativo e multifacetado. Em relação às gorduras, dietas ricas em ácidos graxos saturados (AGS), ácidos graxos trans (AGT) e ácidos graxos poli-insaturados ômega-6 (n-6 PUFA) podem aumentar a neuroinflamação. Em contraste, dietas ricas em ácidos graxos monoinsaturados (MUFA) e ômega-3 (n-3) PUFA podem reduzir a neuroinflamação, sugerindo que o tipo de lipídios dietéticos consumidos desempenha um papel crucial na saúde do cérebro [1].

Pesquisas em camundongos mostram que uma dieta rica em gordura (HFD) leva ao aumento da neuroinflamação e comprometimento cognitivo. Essa dieta exacerba a inflamação sistêmica e altera o comportamento, afetando particularmente o aprendizado e a memória em camundongos machos [2].

O eixo intestino-microbioma-cérebro é essencial na regulação do metabolismo sistêmico e da inflamação. Padrões alimentares podem influenciar a resposta do sistema imunológico, promovendo ou inibindo processos neuroinflamatórios. Escolhas alimentares ruins estão ligadas a doenças metabólicas, que por sua vez afetam as funções neurológicas [3].

A microbiota intestinal é significativamente afetada por padrões alimentares, que podem modular a neuroinflamação e a progressão de doenças neurodegenerativas como Alzheimer e Parkinson. Dietas como as dietas mediterrânea e vegetariana, conhecidas por suas propriedades anti-inflamatórias, podem influenciar positivamente a microbiota intestinal e reduzir a neuroinflamação [4].

A dieta rica em frutose durante a adolescência aumenta a neuroinflamação e o comportamento depressivo, indicando que componentes alimentares específicos podem ter efeitos prejudiciais à saúde do cérebro [5]. Não estamos falando de frutose da fruta, mas do excesso de frutose vinda dos alimentos ultraprocessados, incluindo sucos adoçados, refrigerantes, bebidas isotônicas e energéticas adoçadas, chá gelado industrializado, balas, chicletes, pirulitos, bolos, tortas e biscoitos recheados, cereais matinais, sorvetes e frozen yogurt, produtos com xarope de milho ou xarope de frutose no rótulo.

Em resumo, a dieta desempenha um papel crítico na modulação da neuroinflamação por meio de vários mecanismos, incluindo o tipo de ácidos graxos consumidos, a influência na microbiota intestinal e a qualidade nutricional geral da dieta.

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Referências

1) Custers et al. Dietary lipids from body to brain. Progress in lipid research (2021). https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/34915080/

2) AK Evans et al. Impact of high-fat diet on cognitive behavior and central and systemic inflammation with aging and sex differences in mice. Brain, behavior, and immunity (2024). https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/38408498/

3) JA Estrada et al. Nutritional Modulation of Immune and Central Nervous System Homeostasis: The Role of Diet in Development of Neuroinflammation and Neurological Disease. Nutrients (2019). https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/31096592/

4) Ş Ayten et al. Modulation of Gut Microbiota Through Dietary Intervention in Neuroinflammation and Alzheimer's and Parkinson's Diseases. Current nutrition reports (2024). https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/38652236/

5) CS Harrell et al. High-fructose diet during adolescent development increases neuroinflammation and depressive-like behavior without exacerbating outcomes after stroke. Brain, behavior, and immunity (2018). https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/29787857/

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/