Fatores genéticos e ambientais na manifestação e progressão dos transtornos do cérebro

Uma perspectiva de desenvolvimento em psiquiatria enfatiza a compreensão de como fatores genéticos e ambientais interagem ao longo do tempo para influenciar o surgimento, a progressão e a manifestação de transtornos mentais. Estudos genético-epidemiológicos recentes destacaram a importância dessa abordagem em várias áreas-chave:

1. Natureza Dinâmica dos Transtornos Psiquiátricos:
Tradicionalmente, transtornos como o Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) eram vistos como condições da infância que poderiam persistir na vida adulta. No entanto, estudos longitudinais recentes observaram que os sintomas de TDAH podem surgir mais tarde, durante a adolescência e a vida adulta, em algumas pessoas. Isso sugere que a manifestação de certos transtornos psiquiátricos pode variar entre diferentes estágios de desenvolvimento, destacando a necessidade de uma abordagem ao longo da vida para diagnóstico e tratamento.

a Uma visão do desenvolvimento dos transtornos psiquiátricos.

b Idades típicas de início para diferentes tipos de transtornos (Thapar & Riglin, 2020)

2. Interações Genes-Ambiente:
Pesquisas mostraram que predisposições genéticas podem interagir com exposições ambientais para influenciar o risco de desenvolvimento de transtornos psiquiátricos. Por exemplo, estudos descobriram que indivíduos com certas variantes genéticas são mais suscetíveis a desenvolver depressão após exposição a eventos estressantes. Essa interação ressalta a importância de considerar tanto fatores genéticos quanto ambientais para entender a etiologia das condições de saúde mental.

3. Identificação de Fatores de Risco Genético:
Os avanços em pesquisas genéticas levaram à descoberta de inúmeras variantes genéticas associadas a transtornos psiquiátricos. Um estudo global recente identificou 300 novos fatores de risco genético para a depressão, aprofundando nossa compreensão de sua complexa arquitetura genética. Essas descobertas podem orientar o desenvolvimento de intervenções mais direcionadas e reforçam a ideia de que os transtornos mentais possuem bases biológicas comparáveis a outras condições médicas.

4. Implicações para Intervenção Precoce:
Reconhecer as trajetórias de desenvolvimento dos transtornos psiquiátricos pode informar estratégias de intervenção precoce. Identificando indivíduos em risco durante períodos críticos de desenvolvimento, torna-se possível implementar medidas preventivas ou tratamentos iniciais que podem alterar o curso do transtorno, levando a melhores resultados.

5. Uso de modelos transdiagnósticos:

Modelos transdiagnósticos da psiquiatria, como o Research Domain Criteria (RDoC), focam em dimensões subjacentes de funcionamento, em vez de categorias diagnósticas rígidas.

Adotar uma perspectiva de desenvolvimento na psiquiatria, informada por descobertas genético-epidemiológicas recentes, é crucial para uma compreensão abrangente dos transtornos mentais. Essa abordagem facilita a identificação de fatores de risco, elucida a interação complexa entre genes e ambiente e apoia o desenvolvimento de intervenções oportunas, adaptadas ao estágio de desenvolvimento de cada indivíduo. Aprenda mais em https://t21.video.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/