Existe a ansiedade normal e a ansiedade patológica. A ansiedade normal (ou adaptativa ou funcional) não deixa de ser desconfortável, mas é uma resposta evolutiva adaptativa, que garantiu a sobrevivência da nossa espécie. A ansiedade nos deixa mais aptos a fugir de perigos. A ansiedade também pode também pode aumentar o foco, concentração e desempenho.
Curva da Lei de Yerkes-Dodson
A Curva da Lei de Yerkes-Dodson descreve a relação entre o nível de excitação (ou estresse) e o desempenho em tarefas. Essa relação é representada por uma curva em forma de U invertido. A teoria foi proposta pelos psicólogos Robert Yerkes e John Dodson em 1908 e é amplamente utilizada em psicologia, administração e neurociência para entender como o desempenho humano varia com o nível de ativação.
Excitação muito baixa leva a um desempenho fraco. Conforme o nível de excitação pela tarefa aumenta, o interesse e a atenção crescem até um ponto de melhor desempenho. Contudo, a partir de certo ponto o desempenho pode ficar prejudicado.
Cada pessoa aguenta um nível maior ou menor de ansiedade e estresse. Mas, outra forma de olhar é que tarefas mais difíceis requerem menos ansiedade para um desempenho máximo, enquanto tarefas mais difíceis requerem um nível de excitação maior para um desempenho ótimo.
Contudo, existe a ansiedade que gera muito sofrimento e prejuízo funcional. Aqui estão os transtornos de ansiedade, um grupo de condições psicológicas caracterizadas por sentimentos excessivos de preocupação, medo e tensão. Eles podem variar em sintomas, intensidade e causas. De acordo com os principais manuais diagnósticos, como o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) e a CID-11 (Classificação Internacional de Doenças), os transtornos de ansiedade incluem as seguintes categorias principais:
1. Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG)
Caracteriza-se por uma preocupação excessiva e incontrolável com várias questões do dia a dia.
Os sintomas incluem inquietação, fadiga, dificuldade de concentração, irritabilidade e tensão muscular. Está relacionada à alterações do circuito cortico-estriado-talâmico.
2. Transtorno de Pânico
Envolve ataques de pânico recorrentes e inesperados, acompanhados por um medo intenso de um novo ataque.
Sintomas incluem taquicardia, sudorese, sensação de sufocamento e medo de morrer ou perder o controle. Associado à hiperestímulo da amígdala (o centro do medo).
3. Fobia Específica
Medo intenso e irracional de objetos, situações ou animais específicos (por exemplo, medo de altura, aranhas, voar).
A exposição ao estímulo provoca ansiedade imediata. Também associado à hiperestímulo da amígdala.
4. Transtorno de Ansiedade Social (Fobia Social)
Medo intenso de ser avaliado ou julgado negativamente em situações sociais.
Pode levar à evitação de interações sociais.
5. Transtorno de Ansiedade de Separação
Ansiedade excessiva em relação à separação de figuras de apego, como pais ou cuidadores.
Mais comum em crianças, mas pode ocorrer em adultos.
6. Mutismo Seletivo
Incapacidade de falar em situações sociais específicas, apesar de a pessoa ser capaz de falar em outros contextos.
Geralmente diagnosticado na infância.
7. Agorafobia
Medo ou ansiedade relacionados a estar em situações onde fugir ou obter ajuda seria difícil, como em multidões, transportes públicos ou espaços abertos.
Frequentemente associada ao transtorno de pânico.
8. Transtorno de Ansiedade Induzido por Substância/Medicamento
Ansiedade causada diretamente pelo uso, abstinência ou intoxicação de substâncias como drogas, álcool ou medicamentos.
9. Transtorno de Ansiedade devido a Condição Médica Geral
Ansiedade que ocorre como consequência direta de condições de saúde, como hipertiroidismo, arritmias ou doenças respiratórias.
10. Transtorno de Ansiedade Não Especificado
Inclui sintomas significativos de ansiedade que não atendem completamente aos critérios para um transtorno específico.
Outros Transtornos Relacionados
Algumas condições relacionadas que, embora não sejam classificadas exclusivamente como transtornos de ansiedade, podem compartilhar características ou estar associadas:
Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) e transtornos relacionados.
Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT).
Transtorno de Estresse Agudo.
Embora essas condições sejam distintas, elas muitas vezes se sobrepõem, e é comum que uma pessoa tenha mais de um transtorno de ansiedade ao mesmo tempo.
Aspectos neurobiológicos da ansiedade
Alterações de circuitos neurais costumam estar presentes, especialmente as relações entre a amígdala, o córtex pré-frontal e o hipocampo. A amígdala em particular, desempenha um papel crucial na resposta ao medo e na percepção de ameaças. Disfunções nessa área podem levar a uma hiper-responsividade às ameaças, característica dos transtornos ansiosos.
Neurotransmissores também estão alterados nos transtornos de ansiedade. Muitos neurotransmissores atuam como neuromoduladores que alteram as respostas emocionais, como serotonina e norepinefrina. Excesso de norepinefrina, por exemplo, gera hiperativação do locus coeruleus e aumento da ativação da amígdala, como observado nos estados ansiosos, com resposta exagerada ao estresse e aumento de percepção de ameaças.
Além do estresse crônico, do envelhecimento e dos fatores de risco genéticos, a situação piora na vigência de inflamação sistêmica, infecções, privação de sono e dieta inadequada. Estes fatores contribuem para estresse oxidativo, disfunção mitocondrial, desequilíbrios metabólicos, neuroinflamação, resposta de proteínas mal dobradas que podem levar à degeneração do Locus coeruleus.
O Locus coeruleus pode ser protegido com várias estratégias de estilo de vida, incluindo atividade física, higiene do sono, nutrição adequada, manejo do estresse, uso de antioxidantes, compostos que reduzam a inflamação (como ômega-3 e curcumina), moduladores metabólicos (como cetonas e NADH).
A disfunção na ação do GABA, um importante neurotransmissor inibitório, é outro fator importante pois pode levar a aumento de excitabilidade neuronal, muito associada à ansiedade.
Um outro ponto é a desregulação do eixo hipotálamo-pituitária-adrenal (HPA ou HHA), que regula a resposta a situações de estresse e está hiperativado na maior parte dos pacientes com transtornos de ansiedade. A hiperativação expressa por elevados níveis de cortisol, pode influenciar as funções de regiões como o hipotálamo e a amígdala. O manejo do estresse é fundamental no tratamento dos transtornos ansiosos.
Por fim, existem comumente alterações de neuroplasticidade e de fatores neurotróficos. O papel do BDNF é fundamental na resposta adaptativa ao estresse, sugerindo que a falha de mecanismos de neuroplasticidade pode contribuir para a persistência dos sintomas ansiosos.
Tratamento da ansiedade
O diagnóstico e o tratamento devem ser realizados por profissionais especializados. O tratamento pode envolver:
terapia cognitivo-comportamental
uso de medicamentos
atividade física
suplementação
dieta
Nutrição como tratamento metabólico para a ansiedade
O cérebro é metabolicamente ativo, consumindo grandes quantidades de energia. Desequilíbrios no metabolismo cerebral, como resistência à insulina e inflamação, estão associados à ansiedade. Assim, ajustar a dieta pode ajudar a regular esses processos metabólicos.
Dieta Cetogênica: Rica em gorduras e baixa em carboidratos, esta dieta melhora a função mitocondrial e reduz a inflamação, ajudando a aliviar sintomas de ansiedade.
Ácidos Graxos Ômega-3: Encontrados em peixes e sementes, eles reduzem a inflamação no cérebro e melhoram a comunicação neuronal.
Probióticos e Saúde Intestinal: Um intestino saudável está ligado a um cérebro saudável. Alimentos fermentados podem diminuir os níveis de ansiedade.
Vitaminas B e Magnésio: Essenciais para a produção de neurotransmissores como a serotonina, que regula o humor.
Controle de Açúcar no Sangue: Dietas que evitam picos de glicose ajudam a manter níveis de energia cerebrais mais estáveis.
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