A microbiota intestinal tem um papel fundamental na modulação de diversas funções no corpo humano, incluindo imunidade, metabolismo de nutrientes e proteção intestinal. Ela influencia o desenvolvimento e o funcionamento do sistema imunológico, sendo essencial para a diferenciação das células imunes e para a maturação do tecido linfóide associado ao intestino (GALT). A presença de microrganismos comensais também impacta a produção de interleucinas, como a IL1β e IL17, e regula células T reguladoras por meio de metabólitos da microbiota, como ácidos graxos de cadeia curta (SCFAs) e ácidos biliares.
Manter a função adequada da barreira intestinal é crucial para a saúde, e a microbiota intestinal tem um papel importante nesse processo, influenciando a produção de muco e a composição das células epiteliais. A microbiota também está envolvida no metabolismo de nutrientes, incluindo a modificação de ácidos biliares primários e a produção de compostos bioativos como vitaminas do complexo B, vitamina K2 e vitamina A.
A dieta tem um impacto significativo na composição da microbiota intestinal. Dietas ricas em proteínas e gorduras estão associadas a um tipo específico de microbiota, enquanto dietas baseadas em carboidratos favorecem outra composição. Alimentos ricos em fibras e compostos bioativos, como ácidos ferúlico e cafeico, promovem a saúde da microbiota intestinal. Por outro lado, dietas processadas e ricas em gorduras saturadas, sal e baixo teor de fibras contribuem para a disbiose intestinal e inflamação de baixo grau.
Além disso, o estilo de vida sedentário, o uso de medicamentos e fatores como estresse, tabagismo e distúrbios do sono também afetam a microbiota intestinal. A atividade física regular e o consumo de alimentos saudáveis favorecem uma microbiota mais equilibrada, enquanto a falta de movimento e uma dieta inadequada podem causar desequilíbrios que comprometem a saúde intestinal. Outro fator a afetar a qualidade da microbiota é o envelhecimento (Ferenc et al., 2024).
O artigo The aging gut microbiome and its impact on host immunity explora como o envelhecimento afeta o microbioma intestinal e, por conseguinte, a imunidade do hospedeiro. O microbioma intestinal, composto por trilhões de microrganismos, desempenha um papel crucial na regulação do sistema imunológico. À medida que envelhecemos, o equilíbrio desse microbioma muda, o que pode afetar negativamente a resposta imunológica e aumentar o risco de doenças inflamatórias e infecciosas.
O envelhecimento está associado a uma diminuição na diversidade microbiana, o que pode levar a disbiose (desequilíbrio entre as bactérias intestinais). Isso, por sua vez, pode comprometer a capacidade do sistema imunológico de responder adequadamente a patógenos e estimular processos inflamatórios crônicos. O artigo também destaca como a dieta, o estilo de vida e o uso de antibióticos influenciam esse processo e propõe que intervenções, como a modulação do microbioma intestinal por meio de probióticos e prebióticos, podem ser uma estratégia promissora para melhorar a saúde imunológica em idosos.
Estratégias Nutricionais para Combater o Declínio Imunológico Relacionado à Idade
Desde a década de 1980, autoridades de saúde no Japão introduziram o conceito de alimentos funcionais, que visam promover a saúde ou reduzir o risco de doenças, com foco na prevenção e no bem-estar, especialmente em uma população envelhecida. No contexto da interação do microbioma intestinal com o sistema imunológico, alimentos funcionais, como prebióticos (fibras), probióticos, simbióticos (combinação de prebióticos e probióticos) e pós-bióticos (metabólitos solúveis), têm sido estudados em ensaios clínicos para melhorar a imunidade em idosos.
À medida que envelhecemos, a capacidade de combater infecções e responder a desafios antigênicos diminui, o que torna os idosos mais vulneráveis a doenças. Entre os 400 estudos clínicos identificados, 31 foram selecionados por sua relevância, focando na imunidade de indivíduos com mais de 60 anos. A maioria desses estudos demonstrou que as intervenções nutricionais com probióticos e prebióticos foram seguras, e cerca de dois terços deles apresentaram resultados positivos, como melhor resposta vacinal e redução da prevalência e severidade de infecções respiratórias, como a gripe.
Estudos sobre a proteção contra complicações infecciosas, como a diarreia associada ao Clostridium difficile em pacientes idosos, também mostraram resultados positivos, embora a eficácia das intervenções tenha variado de acordo com o tipo de microflora intestinal e as condições médicas dos participantes. No entanto, nem todos os estudos foram consistentes, com alguns não apresentando resultados significativos, como o estudo com cápsulas de LGG e BB12 em casas de repouso no Reino Unido.
Compreender as mudanças no microbioma intestinal durante o envelhecimento é fundamental para desenvolver novas abordagens terapêuticas que possam fortalecer o sistema imunológico e prevenir doenças associadas à idade. Aprenda tudo sobre modulação intestinal no curso online: Tratamento da Disbiose.