Como tratar o lipedema?

O lipedema é uma condição médica crônica caracterizada por um acúmulo simétrico de tecido adiposo (gordura) nas pernas e, às vezes, nos braços, mas deixando as mãos e os pés intactos. Pode ser acompanhado por uma textura incomum dentro das células de gorduras. É mais comum no sexo feminino e atinge aproximadamente 11% das mulheres ao redor do mundo.

As pessoas afetadas costumam ter as extremidades inferiores mais grossas que o resto do corpo, sem que haja, em muitos casos, diferença entre tornozelo, joelho e coxa. Não é obesidade ou celulite, embora muitas vezes seja confundido.

Estudos recentes mostram que as estratégias low carb (baixo teor de carboidratos), incluindo a dieta cetogênica são as formas mais eficazes de tratamento do lipedema. A redução de 15 a 25% do consumo calórico, inclusão de alimentos e suplementos antiinflamatórios, exclusão de alimentos ultraprocessados e atividade física complementam as estratégias com redução de carboidratos.

É comum que os pacientes com lipedema apresentem alterações genéticas do metabolismo de carboidratos, aromatose (CYP19A1), de receptores estrogênicos com maior ativação de ERalfa, comprometimento de pré-adipócitos (ZNF423), aumento de PPARG. Também são comuns alterações intestinais e de células imunes.

Para regular a quantidade de estrogênios, o fígado os transformará em substâncias solúveis que serão eliminadas pela bile. Para isso, vários nutrientes serão necessários. Vitaminas do complexo B, aminoácidos, compostos fenólicos, vitaminas e minerais com função antioxidante, magnésio, glutationa, SAME, coenzima Q10, NAC são exemplos de compostos importantes para a destoxificação. Se faltam nutrientes não há excreção do estrogênio, que começa a se acumular.

Além do fígado outro órgão importante é o intestino. Dentro do intestino, os níveis de estrogênio são controlados por um grupo de bactérias intestinais chamadas estroboloma. O fígado joga os metabólitos produzidos no intestino. Mas dependendo das bactérias que estão no intestino, os estrogênios são desconjugados e voltam para a circulação, aumentando novamente desnecessariamente a concentração hormonal na corrente sanguínea. Para manter um intestino saudável em dieta low carb ou cetogênica é importante a suplementação de probióticos e prebióticos.

Fora isso, 61% dos pacientes com lipedema tem a genética HLADQ2 e HLADQ8, ou seja, compartilham da mesma genética que a Doença Celíaca.
O HLA é crucial na regulação do sistema imunológico e pode estar associado à inflamação observada no lipedema. O estudo de Amato e colaboradores (2023) sugere que os haplótipos HLA-DQ2 ou HLA-DQ8 (mesmos haplótipos que predispõe a Doença Celíaca) podem estar ligados ao aumento desta inflamação.

Foram encontradas diferenças na prevalência desses haplótipos em pacientes com lipedema comparados à população geral, sugerindo uma potencial associação entre esses tipos de HLA e o lipedema. Embora mais pesquisas sejam necessárias para confirmar essa hipótese e estabelecer abordagens de tratamento mais personalizadas, essa descoberta sugere que a retirada do glúten da dieta pode ajudar a aliviar os sintomas do lipedema em pacientes HLA-positivos.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/