A função da tireoide está intimamente ligada à nutrição por meio do eixo dieta-intestino-tireoide. Micronutrientes como iodo, selênio, ferro, zinco, cobre, magnésio, vitamina A e vitamina B12 influenciam a síntese e a regulação do hormônio tireoidiano ao longo da vida. Mudanças na dieta podem alterar a microbiota intestinal, levando não apenas à disbiose e deficiência de micronutrientes, mas também a mudanças na função da tireoide por meio da regulação imunológica, absorção de nutrientes e mudanças epigenéticas. O desequilíbrio nutricional pode levar à disfunção e/ou distúrbios da tireoide, como hipotireoidismo e hipertireoidismo, e possivelmente contribuir para doenças autoimunes da tireoide e câncer de tireoide.
Nutrientes fundamentais para a tireoide
Iodo: Essencial para a produção dos hormônios tireoidianos. Deve-se garantir uma concentração urinária de iodo ≥ 100 µg/L, que é o ponto de corte associado à menor prevalência de bócio por deficiência de iodo.
Selênio: Um mineral antioxidante que protege a tireoide dos danos causados pelos radicais livres.
Vitamina D: A tireoide é cheia de receptores para vitamina d e a deficiência deste nutriente está associada a doenças autoimunes, incluindo a tireoidite de Hashimoto.
Ferro: Essencial para a produção de hormônios tireoidianos. Anemia está associada a hipotireoidismo.
Zinco: mineral que contribui para a expressão de genes que geram enzimas e cofatores para a síntese e metabolismo de hormônios da tireoide.
Cobre: Co-fator para a enzima tirosinase, envolvida na conversão do T4 (inativo) em T3 (hormônio ativo da tireoide).
Magnésio: Requerido para a ativação do ATP e atua como co-fator de enzimas envolvidas no metabolismo tireoidiano. Pode influenciar indiretamente a desiodação, que catalisa a conversão de T4 para a forma mais ativa de T3. Além disso, está envolvido na regulação da sensibilidade do receptor do hormônio tireoidiano como um segundo mensageiro, o que afeta a receptividade dos tecidos-alvo aos hormônios tireoidianos e equilibra a fosforilação oxidativa.
Vitamina A: A deficiência desta vitamina antioxidante e imunomoduladora impacta negativamente a função tireoidiana. A deficiência de vitamina A reduz a absorção de iodo pela glândula, gera hipertrofia da tireoide. A vitamina A também modula a sensibilidade da tireoide ao TSH, um regulador chave da produção hormonal.
Vitamina B12: Quase metade dos pacientes com tireoidite de Hashimoto possuem deficiência de cobalamina, vitamina importante para a síntese de hormônios da tireoide.
Nutrição e tireoidite de Hashimoto
A tireoidite de Hashimoto é uma doença autoimune que afeta a tireoide. A dieta desempenha um papel importante na gestão dos sintomas e na saúde geral de pessoas com essa condição. Vamos explorar as conexões entre a dieta, as causas nutricionais, inflamatórias e intestinais da tireoidite de Hashimoto.
Além das deficiências nutricionais, a tireoidite de Hashimoto pode ter causas inflamatórias. Dentre os principais causadores de inflamação da tireoide estão:
Alimentos inflamatórios: Alimentos processados, ricos em açúcar, gorduras trans e óleos vegetais refinados podem aumentar a inflamação no corpo, exacerbando os sintomas da tireoidite de Hashimoto.
Intolerâncias alimentares: Intolerâncias ao glúten e à lactose podem desencadear reações inflamatórias no intestino, afetando a saúde da tireoide.
Permeabilidade intestinal aumentada: Uma barreira intestinal danificada pode permitir que substâncias não digeridas entrem na corrente sanguínea, desencadeando uma resposta imune e agravando a tireoidite de Hashimoto.
Desequilíbrio da microbiota intestinal: Um desequilíbrio nas bactérias intestinais pode contribuir para a inflamação e afetar a função da tireoide.
Quais Alimentos São Recomendados?
Uma dieta para pessoas com tireoidite de Hashimoto deve ser rica em:
Frutas e legumes coloridos: Fontes de vitaminas, minerais e antioxidantes.
Peixes gordurosos: Como salmão, sardinha e atum, ricos em ômega-3.
Carnes magras: Frango, peru e carnes vermelhas magras.
Grãos integrais: Quinoa, aveia, arroz integral.
Leguminosas: Feijão, lentilha, grão de bico.
Sementes e oleaginosas: Chia, linhaça, amêndoas, nozes.
Quais Alimentos Devem Ser Evitados?
É recomendado evitar ou reduzir o consumo de:
Alimentos processados: Biscoitos, salgadinhos, refrigerantes.
Açúcar: Doces, bolos, refrigerantes.
Gorduras trans: Presentes em alimentos industrializados.
Glúten: Trigo, centeio, cevada (em caso de intolerância).
Lactose: Leite e derivados (em caso de intolerância).
Alimentos inflamatórios: Alimentos fritos, embutidos, fast food.
É Importante Consultar um Profissional
É fundamental consultar um nutricionista para elaborar um plano alimentar personalizado, considerando as necessidades individuais de cada paciente. Marque aqui sua consulta de nutrição online e vamos conversar mais.