COMT E ANSIEDADE

A resposta ao estresse é a maneira como o corpo e a mente reagem a situações que são percebidas como desafiadoras ou ameaçadoras. Quando uma pessoa enfrenta uma situação estressante, o corpo ativa mecanismos fisiológicos para lidar com o estresse, como a resposta de "luta ou fuga". Essa resposta envolve a liberação de hormônios como adrenalina e cortisol, que preparam o corpo para agir rapidamente.

Aqui estão algumas formas de resposta ao estresse:

  1. Fisiológica:

    • Aceleração da frequência cardíaca

    • Aumento da pressão arterial

    • Respiração mais rápida e superficial

    • Liberação de hormônios como adrenalina e cortisol

    • Tensão muscular

  2. Emocional:

    • Ansiedade

    • Frustração

    • Irritação

    • Medo

  3. Cognitiva:

    • Dificuldade de concentração

    • Pensamentos acelerados ou confusos

    • Sensação de sobrecarga mental

  4. Comportamental:

    • Mudanças nos hábitos alimentares

    • Irritabilidade ou explosões emocionais

    • Isolamento social

    • Comportamentos impulsivos ou automáticos (como fumar ou comer em excesso)

Cada pessoa pode reagir ao estresse de maneiras diferentes, dependendo de fatores como genética, resiliência emocional, experiências passadas e apoio social.

Resposta ao estresse é influenciada pela COMT

A resposta ao estresse pode ser influenciada por polimorfismos no gene COMT (catecol-O-metiltransferase), que é um gene responsável pela produção de uma enzima que degrada neurotransmissores como dopamina, norepinefrina (noradrenalina) e outros catecolaminas no cérebro.

COMT está envolvido na regulação do sistema dopaminérgico, que tem um papel crucial na regulação das emoções, no controle do estresse e na cognição. O gene COMT possui variantes genéticas chamadas polimorfismos, que podem afetar a atividade da enzima.

O polimorfismo mais estudado é o val158met, onde ocorre uma substituição de valina (Val) por metionina (Met) no aminoácido 158 da enzima COMT. Dependendo da variante genética, como o do polimorfismo rs4680 (val/val, val/met, met/met), a atividade da COMT varia, e isso pode influenciar a resposta ao estresse de diferentes maneiras:

  • A variante Val/Val: Está associada a uma maior atividade da COMT, o que pode resultar em uma degradação mais rápida da dopamina. Isso pode levar a uma menor capacidade de lidar com o estresse, pois a dopamina é um neurotransmissor chave na regulação do humor e da motivação.

  • A variante Met/Met: Está associada a uma menor atividade da COMT, o que resulta em uma maior quantidade de dopamina disponível no cérebro. Embora isso possa favorecer a resposta emocional e o controle do estresse em algumas situações, pode também aumentar a vulnerabilidade ao estresse em condições de sobrecarga cognitiva ou emocional, devido à acumulação de dopamina.

Em suma, o polimorfismo do gene COMT pode afetar como uma pessoa responde ao estresse, dependendo da variante genética presente. Isso significa que a genética pode contribuir para a variabilidade na resposta ao estresse, influenciando a resiliência ou a vulnerabilidade de uma pessoa a condições de estresse crônico.

Entretanto, é importante destacar que o estresse é um fenômeno complexo, e muitos outros fatores genéticos, ambientais e sociais também influenciam a forma como uma pessoa lida com o estresse. Podemos apoiar nosso cérebro com nutracêuticos, fitoterápicos, alimentos e outras ferramentas, buscando trazer de volta ao cérebro e ao organismo o equilíbrio perdido.

E mesmo que o paciente já use medicamentos, associar a dieta e suplementação adequadas ao tratamento traz resultados mais eficientes com menores doses de medicamentos e reduz as chances de novas crises após a medicação ser retirada.

A síntese de neurotransmissores envolve uma série de reações com diversos nutrientes e fatores envolvidos. A Tetrabiopterina(Bh4), que é derivada do ácido fólico, é um exemplo. Ela é necessária para a síntese de ON (Óxido Nítrico, uma molécula vasodilatadora e antitrombótica) e de diversos neurotransmissores. Porém, a Bh4 pode ser degradada na presença de radicais livres.

  • Folato e vitamina B12: A atividade de COMT depende de certos cofatores, como o folato e a vitamina B12, que são importantes para o metabolismo de homocisteína e para a metilação, um processo essencial para a atividade de muitas enzimas, incluindo a COMT. A deficiência de folato pode diminuir a eficácia da COMT, enquanto níveis adequados de folato podem ajudar na função da enzima.

  • Cafeína: O consumo de cafeína pode reduzir temporariamente a atividade da COMT, aumentando os níveis de dopamina no cérebro. Isso ocorre porque a cafeína pode interferir na degradação de dopamina pela COMT.

  • Magnésio: Estudos sugerem que o magnésio pode influenciar a função da COMT, ajudando a regular a atividade dessa enzima e, assim, impactando o equilíbrio de neurotransmissores como a dopamina.

  • Ácidos Graxos Ômega-3: Os ácidos graxos ômega-3 (encontrados em peixes como salmão e em suplementos) têm sido associados a uma melhor regulação do sistema nervoso central e podem modular a função de enzimas como a COMT. O ômega-3 pode ajudar a proteger contra os efeitos adversos de um estresse crônico, influenciando a sinalização dopaminérgica.

Portanto, não é só uma questão de fornecedor os nutrientes, e sim de permitir que ele siga pelo caminho que vai trazer o maior benefício a quem o consome. Venha estudar mais sobre o cérebro na plataforma t21.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/