Herpes, covid (inflamação aguda), inflamação crônica de baixo grau, estresse crônico, trabalho excessivo, falta de descanso, sono irregular, estresse pós-traumático, trabalho por turnos, são alguns dos gatilhos para a síndrome da fadiga crônica.
A Síndrome da Fadiga Crônica (SFC) é uma condição complexa e debilitante, caracterizada por uma fadiga intensa e persistente que não melhora com o descanso e que dura por mais de seis meses. Os sintomas podem variar bastante entre os indivíduos, mas os mais comuns incluem:
Fadiga extrema: A fadiga não é aliviada pelo descanso e afeta significativamente a capacidade de realizar atividades diárias. É uma fadiga profunda e muitas vezes incapacitante.
Dores musculares e articulares: Muitas pessoas com SFC experimentam dores no corpo, incluindo dor muscular e nas articulações, sem sinais de inflamação.
Problemas de sono: Insônia ou sono não restaurador (mesmo após uma noite de sono, a pessoa ainda se sente cansada).
Dor de garganta e gânglios inchados: Algumas pessoas podem ter dor de garganta frequente ou gânglios linfáticos inchados, mesmo sem sinais de infecção.
Dores de cabeça: Comuns em indivíduos com SFC, variando de dor de cabeça leve a severa.
Sensibilidade aumentada: Maior sensibilidade à luz, som e outros estímulos sensoriais.
Mal-estar pós-exercício: A síndrome é frequentemente acompanhada de uma sensação de piora da condição após esforço físico ou mental, o que é conhecido como "piora pós-esforço" (post-exertional malaise, PEM). Esse mal-estar pode durar dias ou semanas após a atividade.
Sintomas digestivos: Algumas pessoas com SFC experimentam sintomas como náuseas, dor abdominal e outros problemas gastrointestinais, ligados à disbiose intestinal.
Alterações no sistema imunológico: Pode haver sinais de um sistema imunológico enfraquecido, como infecções frequentes ou dificuldades em se recuperar de infecções comuns.
Dificuldade de concentração e memória: Conhecido como "névoa cerebral", isso inclui dificuldade para lembrar de coisas ou para se concentrar em tarefas simples.
Alterações do eixo HPA e Síndrome da Fadiga Crônica
A redução da atividade do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA) durante processos inflamatórios está ligada à forma como o corpo responde ao estresse e à inflamação. Vou explicar os mecanismos envolvidos e como isso pode se relacionar com a síndrome da fadiga crônica (SFC), bem como os potenciais tratamentos com dieta e adaptógenos.
Por que a inflamação reduz o eixo HPA?
1) Resposta imunológica e citocinas inflamatórias
Durante inflamações, o corpo libera citocinas como IL-6, IL-1β e TNF-α. Essas moléculas sinalizam ao hipotálamo e podem modular negativamente o eixo HPA, reduzindo a liberação de cortisol, que é o principal hormônio produzido pelo HPA. A redução de cortisol pode ser paradoxal porque, em condições normais, ele ajuda a controlar a inflamação.
2) Regulação negativa do feedback
Quando a inflamação é crônica, o sistema de feedback do eixo HPA (onde altos níveis de cortisol deveriam suprimir a inflamação) pode ficar desregulado. Isso pode levar a uma menor capacidade do HPA de responder ao estresse.
3) Fadiga e exaustão do HPA
Em doenças como a SFC, é comum observar um eixo HPA hipoativo, muitas vezes associado ao desgaste do sistema devido a inflamações crônicas ou estresses prolongados.
Tratamento com dieta e adaptógenos
Dieta
Anti-inflamatória: Tirar o que está fazendo a pessoa ficar inflamada, como açúcar, fast food, carboidratos refinados, glúten. Incluir:
Alimentos ricos em antioxidantes: Frutas vermelhas, folhas verdes escuras, açafrão (curcumina) e gengibre ajudam a combater inflamações.
Ácidos graxos ômega-3: Presentes em peixes gordurosos, sementes de linhaça e chia, ajudam na modulação inflamatória.
Melhora do microbioma intestinal: aumentar o consumo de fibras e alimentos fermentados. Também podem ser usados suplementos.
Prebióticos: Alimentos ricos em fibras (banana verde, aspargos, alho).
Probióticos: Lactobacillus e Bifidobacterium podem melhorar sintomas gastrointestinais associados.
Suporte energético: Usar gorduras saudáveis (abacate, azeite), proteínas magras e carboidratos complexos. Marque sua consulta de nutrição para individualização.
Adaptógenos
São substâncias naturais que ajudam o corpo a lidar com o estresse, equilibrando o eixo HPA. Exemplos incluem:
Ashwagandha:
Reduz níveis de cortisol.
Ajuda a melhorar energia e sono.
Rhodiola rosea:
Melhora a resistência ao estresse e reduz a fadiga mental.
Panax ginseng:
Estimula energia e clareza mental, além de ter propriedades anti-inflamatórias.
Maca peruana:
Regula o equilíbrio hormonal e pode aliviar a sensação de exaustão.
Reishi (Ganoderma lucidum):
Fungos medicinais conhecidos por suas propriedades imuno-reguladoras.
Outros hábitos complementares:
Exercícios leves: Caminhadas curtas ou yoga podem ajudar sem agravar os sintomas.
Higiene do sono: Estabelecer rotinas para um sono mais profundo e reparador.
Mindfulness e meditação: Reduzem o impacto do estresse crônico.
Uma abordagem integrada envolvendo dieta anti-inflamatória e uso de adaptógenos pode ajudar na modulação do eixo HPA e na redução dos sintomas, mas é importante consultar um médico ou nutricionista especializado.