Deficiência de ferro e síndrome das pernas inquietas

A síndrome das pernas inquietas tem origem neurológica. Também pode estar relacionada à distúrbios do sono ou uso de medicamentos. De acordo com o Consenso Brasileiro em Síndrome das Pernas Inquietas existem cinco critérios essenciais (devem estar todos presentes) e quatro de suporte (associados) para o diagnóstico do problema.

Critérios essenciais:

  1. Necessidade ou urgência de mover as pernas, geralmente acompanhada por desconforto ou incômodo;

  2. Piora dos sintomas ou presença exclusiva em repouso ou quando em inatividade: sentado ou deitado;

  3. Alívio total ou parcial dos sintomas com o movimento;

  4. Os sintomas percebidos durante o repouso e a inatividade pioram ou ocorrem exclusivamente à noite;

  5. Os sintomas anteriores não são explicados com precisão por outras doenças ou condições.

Critérios de suporte:

  1. História familiar positiva;

  2. Curso clínico;

  3. Resposta positiva ao Pramipexol® (usado no tratamento da doença de Parkinson e da SPI) ou a outro medicamento da mesma categoria;

  4. Índice elevado de movimentos periódicos das pernas na polissonografia.

Causas da síndrome das pernas inquietas

Acredita-se que a deficiência de dopamina e ferro, além da predisposição genética, possam ser fatores contribuintes para a sua manifestação. Avalie seu hemograma (especialmente hemoglobina), ferrinina (seus estoques de ferro) e transferrina (sua capacidade de transporte de ferro).

Se estiver anêmico, trate. A anemia piora os sintomas da síndrome e também compromete níveis de energia, crescimento e desenvolvimento. Piora a memória e a capacidade de concentração.

Para correção da deficiência de ferro, suplemente de 30 a 45 mg de ferro elementar (dose de ferro “puro”) por 3 a 6 meses. Sim, demora para a correção acontecer. Prefira formas químicas como: Ferro quelado, Ferro Taste Free, Ferro lipossomado, ferro sucrossômico, Ferro bisglicinato. Para redução dos efeitos adversos, suplemente em dias alternados.

Doses elevadas de ferro oral são prejudiciais, não ajudam a corrigir a anemia mais rápido e podem causar desconforto gástrico, constipação e irritação intestinal, inflamação e disbiose.

O melhor horário de suplementação é o período matutino, visto que há aumento circadiano da hepcidina plasmática. A hepcidina é uma proteína produzida pelo fígado e que regula a absorção de ferro no intestino delgado. Após o período mínimo de 3 meses, reavalie os exames de sangue.

MELHORE TAMBÉM A CIRCULAÇÃO SANGUÍNEA

Faça atividade física, controle a glicemia e consuma alimentos antiinflamatórios:

OUTRAS CAUSAS DAS PERNAS INQUIETAS

A síndrome pode ter causas primárias (genéticas) ou secundárias (deficiência de ferro, diabetes, uso de medicações, falta de dopamina. O tratamento envolve correção de ferro, correção de carência de vitamina B6 (necessària à produção de dopamina). Em casos que não respondem pode ser necessário o uso de benzodiazepínicos e, em casos mais graves, estimulantes dos receptores de dopamina, como o Pramipexol®. O uso de cafeína e tabaco pioram os sintomas.

Seu intestino funciona bem?

O supercrescimento bacteriano do intestino delgado (SIBO), que geralmente está associado à disbiose intestinal, pode ser mais predominante em pacientes com síndrome das pernas inquietas (SPI), de acordo com novos dados apresentados no SLEEP 2019. Todos os participantes do estudo tinham pernas inquietas e SIBO. O tratamento envolve o uso de probióticos e prebióticos, dieta antialergênica e antiinflamatória. Aprenda a modular o intestino dos seus pacientes neste curso online.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/