Dieta cetogênica é segura no tratamento da síndrome metabólica e esteatose hepática

A síndrome metabólica entrelaça-se com uma série de condições que influenciam-se mutuamente, incluindo adiposidade excessiva na região abdominal, hipertensão, dislipidemia, aumento de cortisol, inflamação sistêmica, hiperglicemmia, resistência insulínica e hiperinsulinemia.

Consequências da síndrome metabólica

A síndrome metabólica afeta adversamente a saúde de muitos órgãos, como pâncreas, coração, fígado e cérebro. As condições acima tanto são causas, quanto consequências da síndrome metabólica e de várias outras condições adversas de saúde, especialmente ataques cardíacos, derrames cerebrais e diabetes.

Atividade física, redução do estresse, alimentação adequada, conexões sociais saudáveis são estratégias para todos que querem melhorar a saúde metabólica, em qualquer fase da vida.

Mudanças no estilo de vida são essenciais para recuperar função

Como o risco de síndrome metabólica vai aumentando conforme envelhecemos, a prevenção é muito importante. Adote uma atividade física regular, tente caminhar ao menos 30 minutos ao dia, consuma frutas, verduras, proteínas e gorduras de qualidade, não fume e mantenha um peso saudável, sem excesso de adiposidade.

Lembre que quanto mais carboidrato é consumido, maior é o estímulo para a fabricação de insulina e maior é o inchaço e a a dificuldade de perda de peso.

Quem já tem síndrome metabólica pode corrigir a função celular adotando uma dieta restrita em carboidratos. Isto reduz a secreção de insulina e aumenta as taxas de oxidação de ácidos graxos (queima de gordura) de todo o corpo. O fígado ativa a cetogênese, ou seja, passa a fabricar corpos cetônicos.

Dietas cetogênicas com menos calorias diminuem rapidamente a gordura hepática, a curto prazo (3 a 14 dias), superam as dietas com menor teor de gordura e mais alta quantidade de carboidrato para recuperação do metabolismo.

Para quem não consegue fazer a dieta cetogênica ou tem dificuldade de entrar em cetose há a possibilidade de uso de cetonas exógenas, que aumentam a concentração circulante de cetonas. Aprenda mais sobre a implementação da dieta cetogênica na plataforma https://t21.video.

Estudo publicado em 2021 mostrou que o uso de cetonas exógenas é benéfico para o metabolismo, diminui a formação de açúcar pelo fígado (neogliconeogênese hepática), reduzo acúmulo de gordura no órgão, sendo recomendada no tratamento da esteatose hepática (Crabtree et al., 2021).

No estudo, publicado pelo grupo de pesquisa do Dr. Tim Noakes, um dos maiores pesquisadores do tema, foram comparados pacientes com excesso de peso seguindo dieta cetogênica hipocalórica, com suplementação de cetonas exógenas (KD+KS) ou dieta cetogênica + placebo (DK+ PL) e pacientes seguindo dieta com baixo teor de gordura (LFD).

Todos os alimentos para este estudo foram preparados em uma cozinha dietética. Os participantes recebiam as refeições prontas e instruções para evitarem outros alimentos fora da dieta, assim como bebidas adoçadas. Pacientes da dieta cetogênica consumiam triglicerídeos de cadeia médica, contendo os ácidos graxos caprílico (C8) e cáprico (C10) com o café da manhã e lanches da tarde.

Apesar de todos os indivíduos terem excesso de adiposidade no início do estudo, a gordura hepática variou consideravelmente, de <1% a 23% entre os participantes. Aqueles com gordura hepática <5% no início do estudo demonstraram uma pequena resposta variável pós-intervenção, mas a gordura hepática diminuiu consistentemente naqueles com maior acúmulo inicial (> 5% de gordura hepática), independentemente do grupo de dieta ou da magnitude da perda de peso.

Após a intervenção de seis semanas, a fração de gordura do fígado caiu abaixo de 5% em 7 dos 12 indivíduos, não mais atendendo à definição de esteatose hepática nesses indivíduos. Não houve diferenças em enzimas importantes da função hepática: AST, ALT, AST/ALT e bilirrubina desde o início até o pós-intervenção.

A quantidade de corpos cetônicos no sangue foi maior nos grupos em dieta cetogênica, principalmente nos suplementados com cetonas exógenas (em vermelho na figura abaixo).

Medições diárias de β-hidroxibutirato (BHB= em jejum registradas antes do café da manhã e pelo menos 10 horas após a ingestão do suplemento.

Apesar dos indivíduos em dieta cetogênica estarem consumindo 3 vezes mais gordura e 4 vezes mais gordura saturada do que o grupo que seguiu a dieta com baixo teor de gordura, a dieta cetogênica mostrou-se segura pois também contribuiu para a redução de gordura hepática, sem aumentar enzimas prejudiciais.

Embora a gordura hepática tenha diminuído de forma semelhante em todos os grupos de dieta, os mecanismos metabólicos que contribuem para a perda líquida de gordura hepática entre dietas com baixo teor de gordura e cetogênicas são diferentes.

O aumento da disponibilidade de ácidos graxos e a redução de glicose e insulina na dieta cetogênica, promovem a cetogênese hepática, como evidenciado por cetonas circulantes >1 mM/L. A menor produção de gordura e glicose pelo fígado é claramente suficiente para compensar a ingestão significativamente maior de gordura.

Além disso, o aumento do consumo de gordura saturada no contexto da ingestão de baixo teor de carboidratos não afeta adversamente as enzimas associadas à saúde e função do fígado e não aumenta triglicerídeos plasmáticos.

Na prática, isso significa que uma variedade de dietas hipocalóricas podem ter um efeito terapêutico para diminuir a gordura hepática e facilitar a perda de peso (Crabtree et al., 2021).

A escolha dependerá das necessidades, valores, gostos, doenças pré-existentes e preferências de cada paciente e suas famílias. As dietas cetogênicas são indicadas a pessoas com depressão, obesidade, epilepsia, transtorno bipolar, esquizofrenia, resistência insulínica, diabetes ou câncer, mostrando-se uma alternativa segura para a correção metabólica nestes casos. Aprenda mais sobre a implementação da dieta cetogênica na plataforma https://t21.video.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/