Alterações espermáticas e risco de autismo

As preocupações com os efeitos nocivos da exposição pré-natal a substâncias tóxicas ambientais levaram a mais estudos sobre o papel das mutações no DNA paterno. Os espermatócitos parecem possuir maior sensibilidade aos agentes genotóxicos do ambiente, colocando os gametas masculinos em maior risco de adquirir e transmitir lesões genômicas para a geração subsequente.

Espermatogênese (formação dos gametas masculinos, os espermatozóides)

A espermatogênese recorrente ao longo da vida eleva o risco de replicação e reparo defeituosos do DNA nos gametas masculinos em relação aos femininos. Caso o tecido testicular a partir do qual os espermatozóides se dividem adquira danos genômicos induzidos pelo ambiente é provável que os espermatozoides resultantes abriguem anormalidades genéticas.

Durante a espermatogênese, a cromatina nuclear dentro da célula torna-se altamente condensada para melhorar a motilidade para inseminação. Como consequência, a capacidade de extirpar e expulsar eficazmente as aberrações genómicas é limitada, pelo que as mutações na sequência genómica podem persistir até à fertilização.

Embora existam evidências que apoiam a capacidade do oócito fundido de realizar reparo do DNA danificado pós-fertilização, a frequência de mutações de novo de origem paterna em descendentes com desenvolvimento atípico sugere que esta resposta de reparo é imperfeita.

Exposições mutagênicas, como o uso de drogas pelos pais e fatores de saúde pré e pós-conceituais, oferecem oportunidades de intervenção viáveis e baratas que podem ajudar a contornar eventos mutacionais associados a distúrbios.

Avaliando o risco de ter um filho com TEA

Estudos de coorte de casos, com modelagem estatística sofisticada, procuram estimar o risco de um casar ter um filho com o transtorno do espectro do autismo (TEA). As chances são menores quando os pais são mais jovens e aumentam bastante a partir dos 35 anos de idade e, especialmente após os 40 anos.

Pesquisas mais recentes estão buscando biomarcadores clínicos específicos para ajudar os pais que têm um filho autista a avaliar o risco pessoal de ter um segundo. Biomarcadores genéticos e metabólicos têm sido investigados.

Observa-se, por exemplo, que o estresse oxidativo e os danos ao DNA são especialmente prejudiciais. O dano ao DNA pode ser avaliado pelo marcador urinário 8-OHdG (8-hidroxi-2'-desoxiguanosina ou 8-OHdG). Para neutralizar as consequências patológicas do estresse oxidativo induzido pelo ambiente, o sistema biológico depende de um complexo conjunto de mecanismos de defesa antioxidante endógenos e exógenos. Estes incluem enzimas antioxidantes metabólicas (por exemplo, glutationa peroxidase, catalase, superóxido dismutase), proteínas não enzimáticas (por exemplo, lactoferrina) e eliminadores de radicais livres (por exemplo, ferro).

Pais com 8-OHdG aumentado precisarão de uma suplementação antioxidante maior pré-concepcional. O estresse oxidativo aumentado aumenta o risco de hipometilação do DNA, afetando o neurodesenvolvimento.

Uma administração de três meses de um suplemento antioxidante reduz significativamente os níveis seminais de radicais livres e de fragmentação do DNA do esperma, enquanto aumenta a metilação do DNA espermático (Staley, 2020).

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/