Muitos fatores interferem na qualidade do microbioma intestinal. O microbioma humano é o conjunto de microorganismos e genes microbianos que co-habitam de maneira benéfica o nosso corpo. Estes microrganismos desempenham papéis importantes em nossa fisiologia, sendo fundamentais para o perfeito funcionamento da saúde física e mental.
Vários fatores impactam a qualidade do microbioma
Idade
Genética
Local de moradia
Estilo de vida
Alimentação
Estresse
Uso de medicamentos
Atividade física
Condições de saúde
Doença celíaca e a qualidade do microbioma
A doença celíaca é uma enteropatia imunomediada crônica que afeta aproximadamente 0,7% da população global. A prevalência de doença celíaca tem aumentado, especialmente nos países em desenvolvimento. Este rápido aumento na prevalência da doença não pode ser atribuído apenas à composição genética subjacente da população, mas sim aos fatores ambientais, incluindo práticas de alimentação infantil, redução de doenças infecciosas, infecção por reovírus e uso de antibióticos.
A CeD é causada pelo consumo de proteínas do glúten presentes em cereais como trigo, cevada e centeio em indivíduos geneticamente suscetíveis. Embora muitos genes estejam envolvidos no desenvolvimento da doença celíaca, até agora apenas a presença do haplótipo HLA-DQ2 ou DQ8 são considerados essenciais para a patogênese da doença celíaca.
O glúten está presente em alimentos como trigo, cevada e centeio. Cerca de 30-40% da proteína do glúten consiste nos aminoácidos glutamina e prolina. Como os humanos são incapazes de quebrar enzimaticamente as ligações moleculares entre esses dois aminoácidos, muitos peptídeos imunogênicos são produzidos.
Mesmo assim, apenas 1% das pessoas com susceptibilidade genética desenvolvem a doença celíaca. Isso traz à tona o papel de outros fatores, como as características da microbiota intestinal.
Pessoas com doença celíaca apresentam alterações no microbioma intestinal. Se esta alteração na comunidade microbiana é a causa ou efeito da doença não é bem compreendido, especialmente no início da doença em adultos. A microbiota duodenal de pacientes celíacos tende a ser caracterizada por maior abundância dos gêneros Megasphaera, Helicobacter (Bodkhe et al., 2019), Escherichia coli (D1), Prevotella salivae (D2) e Neisseria (D3) (Constante et al., 2022).
Além disso, a microbiota fecal dos celíacos possui baixa capacidade para degradar o glúten em comparação com a microbiota fecal de não celíacos. Melhorar a abundância de bactérias potencialmente benéficas pode ser uma estratégia preventiva contra a doença.