Embora as causas do diabetes tipo 1 e tipo 2 sejam diferentes, parte do manejo de ambos pode ser o mesmo – a dieta cetogênica. Estudos mostram que dietas cetogênicas e com baixo teor de carboidratos melhoram o controle da glicose no sangue em diabéticos tipo 1 e que é seguro a longo prazo quando você inicia a dieta com a orientação adequada e aprende a ajustar a dosagem de insulina de acordo com suas necessidades.
A dieta cetogênica no manejo do diabetes
A dieta cetogênica é eficaz na reversão do diabetes tipo 2. Também traz benefícios para o diabético tipo 1. Neste caso, não há reversibilidade, mas a dosagem de insulina utilizada pode ser drasticamente reduzida, o que traz muitos benefícios metabólicos e muito mais liberdade para o paciente.
No diabetes tipo 2, o paciente desenvolve ao longo do tempo uma resistência à insulina que pode se arrastar por mais 10 anos até o diagnóstico de pré-diabetes. É comum em pessoas sedentárias, que estão acima do peso ou que, mesmo magras, possuem um percentual de gordura corporal mais elevado.
A dieta ocidental, com excesso de carboidratos simples também contribuem para a elevação da glicemia e para a resistência à insulina, assim como o estresse e o uso de certas medicações, incluindo esteroides, antihipertensivos, medicamentos psiquiátricos e usados no tratamento do HIV.
Eventualmente, as células beta produtoras de insulina no pâncreas não podem produzir insulina suficiente para manter o açúcar no sangue estável e instala-se o pré-diabetes e, posteriormente, o diabetes tipo 2.
O diabetes tipo 1, por outro lado, é uma doença autoimune que geralmente se inicia na infância. Nesta doença, o sistema imunológico ataca e destrói as células beta pancreáticas, resultando na perda completa da produção de insulina. Além da genética, toxinas que atacam o pâncreas também podem atuar como gatilhos para a doença.
Independentemente da dieta, os diabéticos tipo 1 precisam de injeções de insulina diariamente para reduzir a glicose no sangue e garantir que a mesma entre nas células. O processo de contagem de carboidratos e ajuste das doses de insulina pode ser muito estressante.
Usar ou recomendar a dieta cetogênica como parte do tratamento do diabetes tipo 1 ainda gera muito debate, pela crença de que os carboidratos são necessários para evitar a hipoglicemia (taxas de açúcar no sangue perigosamente baixas). Mas, na verdade, uma dieta rica em carboidratos aumenta a necessidade de injeções de insulina e isto é um risco muito maior para gerar hipoglicemia.
Em uma dieta cetogênica, a ingestão de carboidratos é muito baixa e consistente e, portanto, a dosagem de insulina necessária também é menor+. Isso reduz as chances de overdose de insulina e hipoglicemia. No entanto, é muito importante que os diabéticos tipo 1 consultem um médico ao reduzir a ingestão de carboidratos, porque é necessário entender a dose mínima necessária para o paciente (dose basal, em jejum) e ajustes precisarão ser feitos algumas vezes.
Estudos importantes na área
Para provar o conceito de que os carboidratos não são essenciais, um estudo testou se era viável para oito indivíduos, dois com diabetes tipo 1, se exercitar durante um período de 5 dias em jejum completo. Os participantes caminharam ou correram aproximadamente 32 km por dia durante 5 dias consecutivos enquanto consumiam apenas água. Todos os participantes completaram o estudo sem problemas com o controle glicêmico e sem lesões físicas.
Os resultados dos monitores contínuos de glicose mostraram pouca variabilidade nos níveis de glicose em todos os participantes. Os níveis de corpos cetônicos variaram de 0,3 a 7,5 mmol/L em todos os participantes, e os mesmos relataram muito pouca fome. O humor não foi afetado negativamente, mas melhorou na maioria dos participantes (Lake, 2021).
A pesquisa foi conduzida pelo médico britânico Ian Lake, também diabético tipo 1. Suas conclusões principais foram:
“As pessoas não precisam consumir carboidratos para obter energia em distâncias de até 160 quilômetros.”
“As pessoas que injetam insulina para o controle do diabetes tipo 1 não precisam consumir carboidratos apenas porque estão injetando insulina, a menos que precisem resgatar um episódio de hipoglicemia.”
“A cetose nutricional não é um fator de risco para a cetoacidose diabética.”
Estes resultados são muito importante para tranquilizar médicos e nutricionistas na adoção da dieta cetogênica no diabetes (tanto tipo 1, quanto tipo 2).
Outro estudo (316 participantes) mostrou que a dieta cetogênica promove um controle muito melhor do diabetes do que outras dietas, com baixas taxas de eventos adversos (Belinda S. Lennerz et al., 2018).
Não tem coragem de começar a dieta cetogênica?
Minimamente adote uma dieta com baixo teor de carboidratos, reduzindo o consumo para menos de 90g ao dia. Uma dieta pobre em carboidratos reduz a flutuação de glicose e o risco de complicações (Nielsen, Jönsson, & Ivarsson, 2005).
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