Macronutrientes e obesidade

O que causa a obesidade ainda é um mistério. Por que pessoas com dietas idênticas possuem percentuais de gorduras tão diferentes? Existem alguns fatores que explicam estas diferenças como uma combinação de polimorfismos genéticos, características da microbiota, ingestão de macronutrientes específicos, fatores hormonais, qualidade do sono, níveis de estresse, exposição solar, disfunção mitocondrial e por aí vai.

Peso corporal e macronutrientes

A identificação das vias fisiológicas que controlam o metabolismo energético e a regulação do peso corporal tem sido objeto de extensa pesquisa e debate. Várias teorias que descrevem os efeitos da macronutrientes ou moléculas derivadas de macronutrientes (incluindo glicose, aminoácidos e ácidos graxos) em regulação do peso corporal têm sido propostas.

Uma das teorias é glicostática, que afirma que a regulação da percepção de fome e saciedade depende da disponibilidade e utilização de glicose em determinados regiões cerebrais. Essa noção foi proposta para fundamentar a regulação do apetite a curto prazo. Por outro lado, controle a longo prazo do balanço energético e do peso corporal envolveria mecanismos lipostáticos.

Atualmente, sabemos que algumas pessoas, especialmente aquelas com alterações do metabolismo glicolítico cerebral possuem maior propensão a compulsão alimentar, resistência insulínica, diabetes, obesidade e depressão. Neste caso, a dieta cetogênica é uma alternativa.

Intestino e peso

A homeostase energética está integrada em uma complexo rede intestino-microbiota-sistema endócrino-cérebro. A ingestão de alimentos induz a produção de uma série de sinais, incluindo hormônios intestinais, peptídeos, metabólitos e os nutrientes contidos nos alimentos, que afetam diferentes mecanismos no intestino e no cérebro e influenciam o gasto calórico, o apetite e o peso.

Linhas azuis representam os processos que levam à ingestão de alimentos. Linhas vermelhas correspondem à termogênese e/ou ao armazenamento de energia (San-Cristobal et al., 2020).

A composição da microbiota intestinal é influenciada pela composição da dieta. Alimentos ultraprocessados, pobres em fibras estão associados à uma microbiota menos diversa, um meio mais inflamado, mais compulsão alimentar. Dietas ricas em carboidratos simples e ácidos graxos saturados podem levar à obesidade.

As quilocalorias provenientes de diferentes macronutrientes não contam igualmente para o gerenciamento de energia e controle de peso. Conhecemos muitas pessoas que consomem carboidratos em alta quantidade e são magras. Contudo, para a maioria dos adultos, o exagero está diretamente ligado ao maior percentual de gordura. Quanto mais a pessoa envelhece mais alterado fica o metabolismo glicolítico e a propensão ao ganho de peso, especialmente se o gasto energético é baixo.

Influências da genética

A herança genética de uma pessoa explica algumas diferenças interindividuais em relação ao ganho de peso e suscetibilidade à obesidade. Diferentes investigações relataram uma associação entre proporção de gordura total e genes relacionados à alimentação e regulação da ingestão (como FTO), genes relacionados ao metabolismo de gordura (como APOA5) e genes associados à diferenciação de adipócitos (como PPARG).

Portadores C da variante rs662799 em APOA5 que consumiram mais gordura em sua dieta estavam mais protegidos da obesidade do que outras variantes. Por outro lado, a adiposidade abdominal se agrava em indivíduos com os alelos de risco para a variante FTO rs9939609 que têm uma alta ingestão de gordura saturada. Aprenda muito mais sobre este tema no curso de genômica nutricional.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/