Probióticos não previnem diabetes gestacional e podem aumentar risco de pré-eclâmpsia

O diabetes gestacional é uma condição em que a mãe desenvolve níveis elevados de açúcar no sangue, geralmente após 13 semanas de gravidez. O diabetes gestacional é diferente do diabetes tipo 2 porque os níveis de açúcar no sangue são normais antes da gravidez e geralmente voltam ao normal após a gravidez.

Desenvolver diabetes na gestação aumenta o risco de desenvolvimento de diabetes tipo 2 mais tarde na vida. As mulheres com diabetes gestacional também têm maior risco de hipertensão arterial com perda de proteína na urina (pré-eclâmpsia), de terem o bebê antes da hora e de precisarem da cesariana. Os bebês têm maior probabilidade de nascerem grandes para a idade gestacional e de precisarem de suporte no início da vida.

As indústrias de suplementos insistem que os probióticos seriam produtos essenciais nesta fase da vida. Afinal, dependemos de nossas bactérias intestinais para ajudar a digerir certos alimentos, produzir diversas vitaminas, regular nosso sistema imunológico e nos manter saudáveis, protegendo-nos contra bactérias causadoras de doenças.

Uma revisão publicada em 2021 analisou 7 ensaios clínicos randomizados, que incluíram 1.647 mulheres grávidas comparando aquelas que utilizaram probióticos com as que utilizaram um placebo inativo. Dois estudos foram em mulheres com sobrepeso e obesas, dois em mulheres obesas e três não excluíram mulheres com base em seu peso. Infelizmente, foi encontrada uma associação entre o uso de probióticos e o aumento do risco de pré-eclâmpsia (4 estudos, 955 mulheres; evidências de alta qualidade).

Os probióticos fazem pouca ou nenhuma diferença no risco de necessidade de cesariana (6 estudos, 1.520 mulheres; evidência de alta qualidade) e provavelmente fazem pouca ou nenhuma diferença na prevenção do diabetes e no ganho de peso durante a gravidez (4 estudos, 853 mulheres; evidência de qualidade moderada ) ou ao risco de dar à luz um bebê grande (4 estudos, 919 mulheres; evidência de qualidade moderada).

Atualmente, existem oito estudos em andamento que nos ajudarão a entender mais sobre os efeitos dos probióticos na gestação. Por enquanto, muito cuidado deve ser tomado em qualquer estudo futuro de probióticos na gravidez (Davidson et al., 2021).

Gestantes não devem usar probióticos sem indicação médica ou nutricional, especialmente se tiverem casos de pré-eclâmpsia na família ou em gestação anterior, se tiverem pressão alta ou perda de proteína na urina, diabetes tipo 1 ou 2 antes da gestação, diabetes gestacional, se fizeram inseminação artificial ou tiverem outros fatores de risco para pré-eclâmpsia, especialmente doenças autoimunes ou renais. Sempre converse com seu médico ou marque uma consulta de nutrição.

A pré-eclâmpsia diminui o fluxo de sangue para o bebê, que pode apresentar retardo no crescimento, displasia bronco pulmonar e morte. Dependendo do grau de pressão alta, o parto pode ser antecipado e o bebê nascer prematuro.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/