A dieta cetogênica é apenas mais uma moda?

A dieta cetogênica é frequentemente confundida com uma dieta da moda devido ao seu recente aumento de popularidade. No entanto, é importante observar que a dieta cetogênica existe há várias décadas e tem sido extensivamente estudada por suas aplicações terapêuticas. Embora alguns possam vê-la como uma abordagem moderna para perda de peso, é muito mais que uma tendência passageira.

A dieta cetogênica foi originalmente desenvolvida na década de 1920 como uma intervenção médica para o tratamento da epilepsia. A sua eficácia na redução de convulsões levou a mais pesquisas e à compreensão dos seus benefícios metabólicos. Ao longo dos anos, estudos científicos exploraram o potencial da dieta cetogênica no gerenciamento de várias condições de saúde, incluindo obesidade, diabetes tipo 2, síndrome metabólica, distúrbios neurológicos e muito mais.

A dieta cetogênica está enraizada em um processo metabólico chamado cetose. Ao reduzir significativamente a ingestão de carboidratos e aumentar o consumo de gordura, o corpo deixa de usar a glicose como fonte primária de combustível para utilizar cetonas produzidas a partir da gordura. Essa adaptação metabólica oferece vários benefícios, incluindo melhor sensibilidade à insulina, melhor controle do açúcar no sangue, função cognitiva aprimorada e aumento da saciedade.

Além disso, a dieta cetogênica incentiva o consumo de alimentos ricos em nutrientes, incluindo vegetais sem amido, gorduras saudáveis e quantidades moderadas de proteínas de alta qualidade. Promove alimentos integrais e não processados, desencorajando carboidratos processados e refinados. Essa ênfase em alimentos reais e saudáveis se alinha aos princípios de uma dieta equilibrada e nutritiva, distinguindo ainda mais a dieta cetogênica das dietas da moda que podem depender de soluções rápidas ou práticas insustentáveis.

Embora a dieta cetogênica possa não ser adequada para todos e deva ser abordada com cautela, ela não pode ser descartada como uma mera dieta da moda. Sua longa história, pesquisas científicas e aplicações terapêuticas demonstram a sua legitimidade como uma abordagem dietética valiosa. Como em qualquer dieta, é importante consultar um profissional de saúde ou nutricionista registrado para determinar se a dieta cetogênica é apropriada para as necessidades e objetivos individuais.

Principais aplicações da dieta cetogênica

  • Perda de peso: esta abordagem promove a queima de gordura e redução do apetite. Ao restringir a ingestão de carboidratos e aumentar a ingestão de gordura, o corpo passa a utilizar a gordura armazenada como fonte de energia.

  • Diabetes tipo 2: A dieta cetogênica pode ajudar a melhorar o controle do açúcar no sangue em indivíduos com diabetes tipo 2. Ao reduzir a ingestão de carboidratos, a dieta pode diminuir os níveis de glicose no sangue e melhorar a sensibilidade à insulina.

  • Epilepsia: A dieta cetogênica tem sido amplamente utilizada como uma intervenção terapêutica para a epilepsia, especialmente em crianças que não respondem bem a medicamentos. A proporção elevada de gordura e baixa de carboidratos pode reduzir a frequência e gravidade das crises epilépticas.

  • Síndrome metabólica: A dieta cetogênica pode ser benéfica para indivíduos com síndrome metabólica, um conjunto de condições que inclui pressão alta, níveis elevados de açúcar no sangue, excesso de gordura corporal e níveis anormais de colesterol. A capacidade da dieta de melhorar a sensibilidade à insulina e promover a perda de peso pode ajudar no controle desses fatores de risco.

  • Distúrbios neurológicos: Pesquisas sugerem que a dieta cetogênica pode ter benefícios potenciais para condições neurológicas, como doença de Alzheimer, doença de Parkinson e lesão cerebral traumática. A capacidade da dieta de melhorar o metabolismo cerebral e fornecer uma fonte alternativa de combustível (corpos cetônicos) para o cérebro pode ser benéfica.

  • Síndrome dos ovários policísticos (SOP): Alguns estudos indicam que a dieta cetogênica pode ajudar no manejo da SOP, reduzindo os níveis de insulina, melhorando o equilíbrio hormonal e promovendo a perda de peso.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/