A busca por saúde é a prioridade de muitas pessoas que tentam equilibrar as demandas e agitação da vida moderna com mais atividades promotoras da vitalidade e bem-estar. Entre as abordagens terapêuticas disponíveis, as terapias metabólicas têm se destacado como formas eficazes de revitalizar a saúde e promover o equilíbrio do organismo.
As terapias metabólicas visam otimizar o funcionamento do metabolismo, que é responsável pelos processos químicos do organismo que transformam alimentos em energia. Quando o metabolismo está equilibrado, o corpo funciona de forma eficiente, promovendo uma saúde ideal. No entanto, diversos fatores, como dieta inadequada, sedentarismo, estresse e desequilíbrios hormonais, podem afetar negativamente o metabolismo, levando a uma série de problemas de saúde. Se estes fatores impactam negativamente a vida de qualquer pessoa, no transtorno bipolar o impacto pode ser ainda maior.
Uma alimentação pobre em nutrientes essenciais pode influenciar tanto o metabolismo quanto o equilíbrio químico no cérebro:
Desequilíbrio de neurotransmissores: A falta de nutrientes como ácidos graxos ômega-3, vitaminas do complexo B, magnésio e zinco pode interferir na produção de neurotransmissores como serotonina, dopamina e GABA, essenciais para estabilizar o humor.
Aumento da inflamação: Uma dieta rica em alimentos processados, açúcares e gorduras trans pode aumentar os níveis de inflamação no corpo e no cérebro, o que está associado à desregulação do humor.
Disfunção metabólica: Altos índices de açúcar e carboidratos refinados podem causar resistência à insulina, favorecendo ganho de peso e complicações como obesidade, que afetam diretamente o metabolismo e pioram sintomas de fadiga e baixa energia.
A falta de atividade física impacta tanto o corpo quanto a saúde mental:
Risco de ganho de peso: A inatividade reduz o gasto calórico, favorecendo o acúmulo de gordura e o desenvolvimento de síndrome metabólica, condições comuns em pessoas com transtorno bipolar, especialmente devido ao uso de medicamentos estabilizadores de humor ou antipsicóticos.
Redução de neurotransmissores benéficos: O exercício físico aumenta os níveis de endorfinas, serotonina e dopamina, que ajudam a melhorar o humor e a reduzir sintomas depressivos. Sem atividade física, esses benefícios são perdidos.
Impacto no sono: O sedentarismo pode contribuir para insônia ou baixa qualidade do sono, exacerbando sintomas de mania ou depressão.
O estresse crônico prejudica o equilíbrio hormonal e afeta negativamente o humor e o metabolismo:
Ativação do eixo HPA: O estresse estimula o eixo hipotalâmico-hipofisário-adrenal (HPA), aumentando a liberação de cortisol. Níveis elevados de cortisol estão associados a episódios de mania, depressão e ganho de peso abdominal.
Inflamação e estresse oxidativo: O estresse eleva os níveis de inflamação sistêmica e estresse oxidativo, prejudicando o funcionamento cerebral e aumentando o risco de crises bipolares.
Desequilíbrio do sono: O estresse pode agravar distúrbios de sono, que são gatilhos críticos para oscilações de humor em pessoas com transtorno bipolar.
Alterações hormonais, como nos hormônios tireoidianos, insulina ou sexuais, também têm impacto significativo:
Tireoide: Pacientes com transtorno bipolar têm maior risco de disfunções da tireoide, como hipotireoidismo, que pode levar a sintomas de fadiga, ganho de peso e piora dos episódios depressivos.
Insulina: A resistência à insulina (causada por dieta inadequada e sedentarismo) pode desencadear obesidade e alterações de humor, criando um ciclo vicioso.
Hormônios sexuais: Alterações em estrogênio e testosterona podem contribuir para instabilidade de humor, com maior sensibilidade em mulheres em períodos de ciclo menstrual, gravidez ou menopausa.
A terapia de reposição hormonal busca restabelecer os níveis hormonais adequados por meio da administração de hormônios bioidênticos. Essa abordagem tem o potencial de melhorar a função metabólica, aumentar a energia, melhorar o humor, regular o sono e fortalecer o sistema imunológico.
Esses fatores interagem e podem criar um ciclo prejudicial:
A má alimentação e o sedentarismo agravam o metabolismo e elevam o risco de ganho de peso, o que, por sua vez, pode levar a mais estresse e desequilíbrios hormonais.
O estresse e os desequilíbrios hormonais amplificam os sintomas de transtorno bipolar, aumentando a gravidade e a frequência de episódios de mania ou depressão.
Pacientes com transtorno bipolar que sofrem alterações metabólicas frequentemente apresentam maior dificuldade em responder aos tratamentos convencionais, como medicamentos ou psicoterapia.
Estratégias metabólicas no Tratamento do Transtorno Bipolar
Dieta Cetogênica
Uma das terapias metabólicas mais eficazes é a dieta metabólica cetogênica. Essa abordagem nutricional busca equilibrar os nutrientes consumidos, promovendo a queima eficiente de gordura e a produção adequada de energia.
Um estudo analítico observacional de comentários em fóruns online encontrou que 85,5% dos comentários sobre dietas cetogênicas foram positivos em relação à estabilização do humor em indivíduos com transtorno bipolar.
Estabilização significativa do humor ou remissão dos sintomas foi relatada por 56,4% dos indivíduos em dieta cetogênica, em comparação com 14,9% em outras dietas, com uma razão de chances (odds ratio) de 7,4 (IC 95% 3,8–14,1, P < 0,0001).
Outros benefícios incluíram menos episódios de depressão (41,2%), maior clareza de pensamento e fala (28,2%), aumento de energia (25,9%) e perda de peso (25,9%) [1].
Ácidos Graxos Poli-insaturados Ômega-3 e Ômega-6 (PUFAs)
Uma revisão sistemática de terapias baseadas em nutrientes indicou que os ácidos graxos ômega-3 (n-3) apresentam evidências conflitantes, mas em sua maioria positivas, para o tratamento da depressão bipolar.
Ensaios clínicos randomizados preliminares sugerem que a suplementação de PUFAs n-3 pode ser benéfica para reduzir sintomas de mania e depressão [2].
Estudos humanos sugerem que baixas concentrações de PUFA n-3 em glóbulos vermelhos estão correlacionadas com maior gravidade clínica no transtorno bipolar sintomático.
Ensaios publicados de suplementação dietética de PUFA n-3 indicam eficácia no tratamento de mania ou depressão em 5 de 5 estudos abertos e um sinal para o tratamento da depressão em 1 meta-análise [3].
Qualidade Geral da Dieta
Um estudo com 734 participantes do Banco de Dados do Transtorno Bipolar da Mayo Clinic descobriu que indivíduos com transtorno bipolar tinham uma qualidade alimentar inferior à da população em geral.
A pontuação média no questionário REAP-S foi 27,6, indicando qualidade alimentar inferior. Qualidade alimentar mais baixa foi significativamente associada ao aumento do IMC, circunferência da cintura, distúrbios alimentares e depressão, especialmente em mulheres [4].
Um estudo transversal encontrou que níveis mais baixos de ácido linoleico (LA) no plasma estavam associados a pior saúde mental autorrelatada e pontuações de funcionamento na vida em indivíduos bipolares.
Níveis mais baixos de LA no plasma previram piores resultados no Questionário de Saúde do Paciente (PHQ-9), no Questionário de Funcionamento na Vida (LFQ) e no Short Form Health Survey (SF12-MH) [5].
Suplementos Nutricionais
A revisão das terapias baseadas em nutrientes também destacou que outros suplementos, como cromo, inositol, colina, magnésio, folato e triptofano, podem ser benéficos.
Dados preliminares sugerem que esses suplementos podem ajudar a aliviar sintomas de mania e depressão bipolar, embora sejam necessários tamanhos de amostra maiores e mais estudos [2].
A suplementação visa preencher lacunas da dieta, fornecendo não só LA, mas também vitaminas, minerais, antioxidantes e outros nutrientes específicos que podem estar em falta.
Suplementos podem ajudar a melhorar a saúde metabólica, fortalecer o sistema imunológico, aumentar a energia e promover a saúde dos órgãos vitais.
É importante destacar que cada pessoa é única, e é fundamental buscar orientação profissional adequada para personalizar as terapias metabólicas de acordo com suas necessidades individuais. Com a abordagem certa, você pode transformar sua saúde e desfrutar de uma vida vibrante e cheia de vitalidade.
Andreia Torres é uma especialista em terapias nutricionais metabólicas. Nutricionista com doutorado (UnB/Harvard) e experiência clínica de quase 30 anos. Há mais de 10 anos treina nutricionisstas e médicos no uso seguro e eficaz das terapias metabólicas para o tratamento da obesidade, câncer, transtornos do neurodesenvolvimento, câncer, epilepsia, depressão e transtorno bipolar. Atualmente disponibiliza vídeos de treinamento na plataforma t21.video e atende em seu consultório particular e online. Marque aqui sua consulta.