A epilepsia é uma condição comum que afeta o cérebro e causa convulsões frequentes. As convulsões são surtos de atividade elétrica no cérebro que afetam temporariamente o seu funcionamento. Pode começar em qualquer idade, mas geralmente começa na infância ou em pessoas com mais de 60 anos.
Pessoas com epilepsia tendem a ter mais problemas físicos (como fraturas e hematomas decorrentes de lesões relacionadas a convulsões), bem como taxas mais altas de condições psicológicas, incluindo ansiedade e depressão. Da mesma forma, o risco de morte prematura em pessoas com epilepsia é até três vezes maior do que na população em geral, com as maiores taxas de mortalidade prematura encontradas em países de baixa e média renda e em áreas rurais.
Grande parte das causas de morte relacionadas à epilepsia, especialmente em países de baixa e média renda, são potencialmente evitáveis, como quedas, afogamentos, queimaduras e convulsões prolongadas.
Algumas pesquisas sugerem que convulsões descontroladas podem levar a perdas na memória visual, redução da capacidade de atenção, resolução de problemas e percepção, enquanto outros estudos sugerem que a relação das convulsões com a função cognitiva é variável, porque as convulsões são sintomas de uma condição subjacente.
Tratamento da epilepsia
O tratamento pode ajudar a maioria das pessoas com epilepsia a ter menos convulsões ou parar completamente de ter convulsões. Podem ser utilizados:
medicamentos antiepilépticos;
cirurgia para remover uma pequena parte do cérebro que está causando as convulsões;
um procedimento para colocar um pequeno dispositivo elétrico dentro do corpo que pode ajudar a controlar convulsões;
uma dieta especial (dieta cetogênica).
Algumas pessoas precisam de tratamento para o resto da vida. Mas você pode parar se suas convulsões desaparecerem com o tempo, especialmente se conseguir identificar os gatilhos para a mesma:
Estresse
Falta de sono de qualidade
Alguns medicamentos
Drogas e álcool
Alterações hormonais durante período menstrual
Sensibilidades alimentares, como intolerância ao glúten e doença celíaca (Julian, Hadjivassiliou, & Zis, 2019)
Alergias alimentares (Silverberg, Joks, & Durkin, 2005)
Infecções como meningite, encefalite ou distúrbios autoimunes
Dieta cetogênica no tratamento da epilepsia
Quando os procedimentos acima não surtem efeito, são usadas as dietas cetogênicas para controle das crises. As dietas cetogênicas são ricas em gordura, pobres em carboidratos e moderadas em proteínas. Dependendo do tipo de dieta, contém 70 a 90% das calorias em forma de gordura. Revisão sistemática com meta-análise publicada pela Cochrane analisou 13 estudos com 932 participantes; sendo 711 crianças (4 meses a 18 anos) e 221 adultos (Martin-McGill et al., 2020).
Foi demonstrado que até 55% das crianças alcançaram a liberdade das crises com dieta cetogênica clássica (4:1) após três meses, enquanto até 85% das crianças alcançaram a redução das crises, possibilitando a redução do uso de medicações.
A dieta Atkins modificada foi menos eficaz, sendo que 15 a 25% das crianças ficaram livres de convulsões e 56 a 60% obtiveram redução das convulsões, dependendo do estudo.
Em adultos a dieta cetogênica é menos eficaz. Nenhum adulto ficou livre das convulsões apenas com a dieta. Contudo, houve redução de convulsões em um mês apenas naqueles seguindo a dieta Atkins modificada (42,5%).
Os efeitos adversos mais comumente relatados nos estudos foram vômitos, constipação e diarreia. Dois estudos relataram perda de peso. Mesmo assim, para pessoas com epilepsia resistente a medicamentos ou que não são candidatos à intervenção cirúrgica, a dieta cetogênica é a melhor opção, devendo ser acompanhada por neurologista e nutricionista.
Como a dieta cetogênica reduz as convulsões?
Alguns mecanismos foram propostos para explicar a redução de convulsões com a dieta cetogênica. Durante uma convulsão, redes de neurônios disparam quando não deveriam. Isso pode acontecer porque as células cerebrais são mais excitáveis e liberam muitos neurotransmissores excitatórios, como o glutamato. Células cerebrais vizinhas podem não ser capazes de suprimir a propagação da excitabilidade como normalmente fariam usando neurotransmissores inibitórios como o ácido gama-aminobutírico, ou GABA.
A dieta cetogênica reduz a quantidade de glutamato no cérebro e aumenta a síntese de GABA, tornando menos provável a ocorrência de uma convulsão. A dieta também pode reduzir a inflamação no cérebro, e a neuroinflamação é gatilho para convulsões.
Dietas cetogênicas também alteram o microbioma intestinal, os trilhões de microrganismos que habitam o trato digestivo. Esses estudos descobriram que a dieta cetogênica pode aumentar certas espécies de bactérias que promovem uma proporção aumentada de GABA para glutamato no cérebro (Olson et al., 2018).
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