Tratamentos convencionais e não convencionais para o controle das crises convulsivas

Epilepsia é um termo guarda-chuva. Existem vários tipos e podem levar a crises convulsivas, uma alteração temporária, abrupta, autolimitada, que gera alguns sinais e sintomas. As crises são geradas por disparos neuronais excessivos. Dependendo do tipo de epilepsia, o paciente pode apresentar:

  • confusão mental temporária e/ou perda de consciência

  • movimentos incontroláveis dos membros superiores e inferiores

  • alterações dos sentidos (em particular da visão, audição e paladar)

  • perturbações de humor ou de outras funções cognitivas

  • episódios de medo, ansiedade ou sensação de “déjà vu”.

Por que as convulsões acontecem?

São várias as causas das convulsões, como:

  • Alterações genéticas

  • Distúrbios hereditários, como esclerose tuberosa

  • Falta de oxigênio durante o parto

  • Febre alta (crise febril)

  • Traumatismos cranianos

  • Tumores cerebrais

  • Infeções como a meningite ou a encefalite

  • Acidente vascular cerebral (AVC) ou qualquer outro tipo de danos no cérebro

  • Níveis elevados de sódio ou açúcar no sangue (como no diabetes tipo 2)

  • Hipoglicemia (especialmente no diabetes tipo 1)

Se depois do momento agudo, o paciente continua tendo crises convulsivas, o médico considerará o diagnóstico de epilepsia.

Tratamento da epilepsia

Um neurologista avaliará o paciente e seus exames e, a depender da causa, do tipo de epilepsia (focal ou generalizada) e sua frequência fará a prescrição da medicação mais adequada. O controle das crises são fundamentais para a prevenção de perdas cognitivas, escolares e preservação da vida.

Um exemplo comum de medicação para o tratamento da epilepsia generalizada é o valproato de sódio. Uma contra-indicação da medicação é no caso de mulheres que desejam engravidar. Neste caso, outros medicamentos serão testados, como o fenobarbital.

Existem 3 tipos de epilepsia focais principais da infância: epilepsia occipital de início precoce, epilepsia rolândica (região temporal do cérebro), epilepsia occipital tardia. Muitas epilepsias da infância melhoram com o amadurecimento cerebral. Mas, a depender do tipo de crise e frequência serão sugeridas intervenções como cirurgias ou medicações, como lacosamida, fenobarbital, carbamazepina, dentre outras.

Alguns pacientes não apresentam bom controle das crises epilépticas, mesmo com a medicação. Outros, não são bons candidatos à cirurgia. Neste caso, são pensadas outras soluções, como a dieta cetogênica terapêutica, que tem como um dos mecanismos a redução da inflamação cerebral.

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Outra possível solução no tratamento da epilepsia de difícil controle é a prescrição de CBD pelo médico neurologista. Os estudos nesta área são novos, especialmente realizados com camundongos.

CBD e tratamento da epilepsia

CBD, ou canabidiol, é o segundo ingrediente ativo mais prevalente na cannabis medicinal. É derivado da planta do cânhamo, um primo da maconha. O CBD também pode ser fabricado em laboratório. Este componente da planta não causa “barato” por si só e não apresenta efeitos indicativos de qualquer potencial de abuso ou dependência.

Na epilepsia, o CBD (canabidiol) parece bloquear sinais transportados por uma molécula chamada lisofosfatidilinositol (LPI). Encontrado nos neurônios, acredita-se que o LPI amplifique os sinais nervosos como parte da função normal, mas que, em excesso, promoveria convulsões.

O CBD bloqueia a capacidade do LPI de amplificar os sinais nervosos em uma região do cérebro chamada hipocampo. O LPI também parece enfraquecer os sinais que combatem as convulsões, explicando ainda mais o valor do tratamento com a molécula.

Testes em camundongos mostraram que o LPI influencia os sinais nervosos ao se ligar a uma proteína chamada receptor 55 acoplado a G (GPR55) nas superfícies das células dos neurônios. Verificou-se que essa interação pré-sináptica LPI-GPR55 causa a liberação de íons de cálcio dentro da célula, o que estimula as células a liberar glutamato, o principal neurotransmissor excitatório (Rosenberg et al., 2023).

O CBD parece bloquer um “ciclo de feedback positivo” no qual as convulsões aumentam a sinalização LPI-GPR55, o que provavelmente incentiva mais convulsões, o que, por sua vez, aumenta os níveis de LPI e GPR55. O ciclo vicioso proposto fornece um processo que poderia explicar crises epilépticas repetidas. Mais estudos na área são necessários. Em caso de dúvidas, converse com seu neurologista.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/