O que é excitotoxidade glutamatérgica?

Glutamato é o principal neurotransmissor excitatório, ativa neurônios, ajuda a consolidar memórias e aprendizados. O glutamato também pode servir como fonte de energia para as células cerebrais, especialmente na falta de glicose. Só que o excesso de glutamato pode até matar neurônios. Por isso, este neurotransmissor é mantido em segurança dentro de vesículas.

Um neurônio saudável libera glutamato apenas quando precisa transmitir uma mensagem e imediatamente suga o mensageiro de volta para dentro. Um mecanismo de bombeamento inteligente garante que a quantidade de glutamato seja mantida em níveis ótimos. Quando um neurônio detecta a presença de glutamato em excesso na vizinhança – o espaço extracelular – aciona bombas especiais na sua membrana e suga o glutamato excessivo de volta para dentro da célula.

Se o cérebro sofre danos, glutamato demais pode escapulir. Isto acontece, por exemplo, no derrame, traumatismo craniano e alguns outros distúrbios neurológicos. Neste caso, o glutamato inunda o cérebro, gerando hiperexcitabilidade e redução no número de sinapses. O dano é frequentemente acompanhado de sintomas como fala arrastada e movimentos trêmulos, que podem ser de difícil recuperação.

O excesso de glutamato excita excessivamente a célula, fazendo com que ela abra demais os seus poros, deixando entrar grandes quantidades de substâncias que seriam normalmente limitadas dentro do neurônio. Uma dessas substâncias é o sódio, que leva ao inchaço celular porque a sua entrada é acompanhada pela entrada de água, necessária para diluir o excesso do eletrólito.

O inchaço gerado pelo evento comprime os vasos sanguíneos vizinhos, impedindo o fluxo sanguíneo normal e interrompendo o fornecimento de oxigênio e glicose, o que acaba levando à morte de neurônios. O edema celular, no entanto, é reversível; as células encolherão assim que o glutamato for removido dos fluidos cerebrais.

Mais perigoso do que o sódio é o cálcio, inofensivo em condições normais, mas não quando entra por poros excessivamente abertos. Uma sobrecarga de cálcio destrói as estruturas vitais do neurônio e eventualmente o mata.

Independentemente do que a matou, a célula morta derrama ainda mais glutamato, perpetuando o processo. É por isso, que após um derrame ou traumatismo craniano, a lesão pode crescer, causando danos secundários. Existem medicamentos bloqueadores de glutamato, drogas para dissolução de coágulos, antiagregantes plaquetários, antihiperensivos e antiinflamatórios.

No derrame, a principal causa da excitotoxicidade glutamatérgica é a redução da oxigenação (isquemia cerebral). Existem outras condições que geram excitotoxicidade glutamatérgica como a neuroinflamação e o estresse oxidativo de diferentes causas.

Causas da neuroinflamação

  • Infecções (como Sars-Cov-2)

  • Sedentarismo

  • Estresse crônico

  • Disbiose intestinal

  • Dieta inflamatória

  • Privação de sono

  • Obesidade visceral

  • Hiperhomocisteinemia

  • Falta de magnésio (deixando passar muito cálcio para dentro do neurônio)

A neuroinflamação contribui para redução da síntese de neurotransmissores como serotonina, dopamina e noradrenalina (aumentando o risco de ansiedade e depressão). Aumenta o estresse oxidativo, gera disfunção mitocondrial e é uma característica comum no traumatismo craniano e nas doenças de Huntington, Parkinson e Alzheimer. Transportadores de glutamato disfuncionais também podem ser verificados na epilepsia, esclerose lateral amiotrófica, esquizofrenia, autismo.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/