Tolerância da dieta cetogênica com whey e TCM

A terapia metabólica cetogênica é um termo cunhado pela nutricionista Beth Zupac-Kania em 2016 para descrever a variedade de terapias dietéticas que restringem a ingestão de carboidratos e liberam a ingestão de gordura na dieta, com o objetivo de estimular a cetose nutricional. A cetose nutricional ocorre quando o corpo metaboliza a gordura na ausência de carboidratos adequados para a produção de energia via glicólise.

Problemas comuns entre todos os pacientes que recebem terapia metabólica cetogênica incluem motilidade gástrica prejudicada e constipação devido à baixa ingestão de fibras dietéticas. A adesão nem sempre é ideal mas fórmulas facilitam o processo, especialmente quando são adicionadas de triglicerídeos de cadeia média (TCM), que estimulam a produção de corpos cetônicos pelo fígado. Os TCM podem ser incorporados em dietas cetogênicas em quantidades variadas, representando até 60% da energia total. Contudo, uma alta ingestão de MCTs pode causar náuseas, vômitos e diarreia.

Uma fórmula cetogênica foi projetada para tratar essas queixas gastrointestinais comuns, bem como aumentar a cetose usando 100% de proteína de soro de leite (whey protein) e TCM para fornecer 25% do total de calorias. Um estudo retrospectivo avaliou a eficácia e tolerância da fórmula no tratamento de crianças com epilepsia refratária.

Vinte e seis pacientes pediátricos com epilepsia foram divididos em dois grupos. No grupo 1 (G1), os pacientes mudaram de uma fórmula cetogênica já utilizada (KetoCal ou KetoVOLVE) para a fórmula contendo whey protein e TCM (KetoVie). O grupo 2 (G2) foi constituido por pacientes novos que já iniciaram a fórmula nova.

A nova fórmula (KetoVie) foi bem tolerada pelos dois grupos, nenhum paciente em nenhum dos grupos descontinuou a terapia ou necessitou de mudança na fórmula. A ausência de convulsões para ambos os grupos 3 meses após o tratamento foi de 20%. O efeito adverso mais prevalente foi a prisão de ventre.

A terapia metabólica cetogênica (TMC) demonstrou eficácia na redução de convulsões. A proporção da dieta, calculada como gramas de gordura para gramas de proteína mais carboidratos, variou de 2,5:1 a 4,25:1 para todos os pacientes durante o período de tratamento de 3 meses. Os ajustes na proporção foram feitos usando um ou mais modulares, a critério da equipe cetogênica, com base nas necessidades individuais de cada paciente. No entanto, os modulares não ultrapassaram 25% da ingestão calórica total (Wheeler et al., 2021).

Durante o período de tratamento, acidose ocorreu em 3 dos 26 pacientes. Portanto, como toda a dieta cetogênica infantil, há necessidade de monitoramento e acompanhamento neurológico e nutricional. Aprenda mais sobre o tema em https://t21.video (treinamento para médicos e nutricionistas).

Acabar com as convulsões é a meta para pacientes epilépticos. As convulsões aumentam o risco de acidentes, de ansiedade, depressão. Além disso, convulsões prolongadas e recorrentes contribuem para a lesão de células nervosas, declínio cognitivo e redução da qualidade de vida.

Estudos tem mostrado que a associação de cetonas exógenas com triglicerídeos de cadeia média são as melhores opções para a redução destas crises. Aprenda mais sobre dieta cetogênica terapêutica na plataforma https://t21.video (curso para médicos e nutris iniciado, com uma aula nova por semana).

Tipos de TCM

Existem quatro tipos diferentes de TCMs:

  • Ácido capróico (C6): é o mais eficiente na absorção e absorção, mas tem um cheiro e sabor bastante ruins, quando isolado. Presente naturalmente no óleo de palma e laticínios integrais.

  • Ácido caprílico (C8) ou ácido octanóico: ajuda a manter o intestino saudável. Rapidamente absorvido. Aumenta corpos cetônicos na corrente sanguínea 3 vezes mais rápido que C10 e 6 vezes mais rápido que C12. Cheiro e sabor melhores do que C6. Presente naturalmente em marcas de TCM e no óleo de coco.

  • Ácido cáprico (C10): ajuda a manter o intestino saudável. Rapidamente absorvido, contudo 3 vezes mais lentamente que C8. Mas, a mistura nos produtos é interessante para manter os níveis de corpos cetônicos mais constantes no plasma. Presente naturalmente em marcas de TCM e no óleo de coco.

  • Ácido láurico (C12): ajuda a manter a microbiota saudável. Tem ação antifúngica. Leva mais tempo para ser absorvido e pode elevar mais os níveis de colesterol plasmáticos do que C8 e C10. Disponível naturalmente no óleo de coco e nos laticínios integrais.

Destes, C8 e C10 são os mais associados à perda de peso e encontrados em marcas como:

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/