Diabetes, epilepsia e dieta cetogênica

A epilepsia, uma condição neurológica comum, está associada a uma maior prevalência de diabetes mellitus tipo 2 (DM2). Ou seja, quem tem epilepsia corre maior risco de desenvolver diabetes. A epilepsia também está associada à obesidade. E claro, a obesidade está associada ao DM2. Por que?

Causas da obesidade e diabetes em pacientes epilépticos

Pacientes com epilepsia são como qualquer outra pessoa e podem engordar por vários motivos. Mas existem também causas específicas relacionadas à doença.

O tratamento com valproato (sódico ou ácido) está associado ao aumento de peso e hiperinsulinemia, enquanto o topiramato causa perda de peso. Pessoas com epilepsia são menos propensas a se exercitar, o que aumenta a tendência à ganho de peso e obesidade.

Também observa-se que a disfunção mitocondrial, alteração no metabolismo glicolítico, resistência insulínica, redução da eficiência energética e a deficiência de adiponectina são comuns tanto na epilepsia quanto na obesidade e DM2.

A adiponectina é liberado pelo tecido adiposo e ajuda a controlar a glicemia, a inflamação e a queima de gordura. Pacientes com menos adiponectina também sofrem mais de aterosclerose, doença hepática gordurosa não alcoólica (esteatose) e síndrome metabólica. Pacientes obesos possuem menos adiponectina. Praticar atividade física ajuda a revcerter a situação pois estimula a produção e liberação de adiponectina.

Não existe um medicamento que trate diabetes, obesidade e epilepsia simultaneamente

Se você está procurando uma pílula mágica que ajude a controlar a epilepsia, diabetes e obesidade ao mesmo tempo desista. Não existe. Mas existe uma dieta que controla tudo isso: a cetogênica terapêutica. Muitos estudos mostram a eficácia desta dieta no tratamento de todas estas condições.

A dieta cetogênica difere radicalmente do padrão alimentar da maioria das pessoas do ocidente. É normal que as pessoas consumam entre 45 e 70% das calorias na forma de carboidratos. Contudo, para controlar estas condições o corpo precisa de corpos cetônicos. Só que a produção dos mesmos só é feita pelo fígado quando falta glicose. Assim, a dieta cetogênica caracteriza-se pela restrição de carboidratos.

O QUE É A DIETA CETOGÊNICA?

A Dieta Cetogênica foi originalmente desenvolvida na década de 1920 para prevenir convulsões em crianças epilépticas. Como mais de 50% das crianças não atinge bom controle das crises com a medicação, a dieta é utilizada, mostrando-se eficaz para reduzir as convulsões nestes pacientes. Sem controle os pacientes têm a vida encurtada, machucam-se mais, desenvolvem comprometimentos neuropsicológicos e/ou psiquiátricos, além de incapacidade social.

Há evidências de que as convulsões causam lesões cerebrais, incluindo morte neuronal e disfunção fisiológica. Corpos cetônicos prevenem as convulsões por diversos mecanismos:

  • impedem os neurônios de dispararem de forma descontrolada;

  • aumentam a produção de energia no cérebro, tornando os neurônios mais estáveis;

  • impedem a abertura de certos canais iônicos nas células;

  • modulam a microbiota intestinal e o nervo vago.

Além disso, como a dieta cetogênica possui entre 70 e 90% de gordura, a entrega de ácidos graxos para o cérebro é maior. Certos ácidos graxos (como ômega-3) possuem atividade antiinflamatória cerebral.

Outros benefícios da dieta cetogênica

Com os níveis de açúcar no sangue mais estáveis, o diabetes e seus riscos são controlados, a fome é reduzida, facilitando o emagrecimento, o foco melhora, assim como a resistência física e mental e o humor.

A redução de açúcares e carboidratos simples ajuda a reduzir a inflamação e controlar dores, sendo também indicada para pacientes com doenças autoimunes. Fora isso, o excesso de carboidratos gera maior produção de substâncias e enzimas de glicação avançada. Produtos finais de glicação avançada (AGEs) são proteínas ou lipídios que se tornam glicados (unidos à glicose) após exposição a açúcares. Os AGEs são prevalentes na vasculatura diabética e contribuem para o desenvolvimento da aterosclerose (Goldin et al., 2006). Aprenda mais sobre glicação neste vídeo.

A presença e o acúmulo de AGEs em muitos tipos diferentes de células afetam a estrutura e a função extracelular e intracelular. Os AGEs contribuem ainda para uma variedade de complicações microvasculares e macrovasculares, pioram a imunidade e aceleram o envelhecimento.

Se você é profissional de saúde e não foi treinado em dieta cetogênica terapêutica acesse o site https://t21.video. Estudos mostram a aplicabilidade da mesma em transtornos mentais, neurológicos e do neurodesenvolvimento.

Acabar com as convulsões é a meta para pacientes epilépticos. As convulsões aumentam o risco de acidentes, de ansiedade, depressão. Além disso, convulsões prolongadas e recorrentes contribuem para a lesão de células nervosas, declínio cognitivo e redução da qualidade de vida.

Estudos tem mostrado que a associação de cetonas exógenas com triglicerídeos de cadeia média são as melhores opções para a redução destas crises (Brunner et al., 2021; D'Agostino et al., 2013; Kovács et al., 2017; Poff, Rho, & DÁgostino, 2019).

Aprenda mais sobre dieta cetogênica terapêutica na plataforma https://t21.video (curso para médicos e nutris iniciado, com uma aula nova por semana).

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/