Estresse oxidativo e neurodegeneração

Espécies reativas de oxigênio (EROs) são constantemente produzidas como subprodutos do metabolismo normal do oxigênio, na cadeia respiratória mitocondrial. Entre os EROs mais estudados estão o ânion superóxido (O2−), o radical hidroxila (OH−) e o peróxido de hidrogênio (H2O2).

Em baixas concentrações, as espécies reativas de oxigênio servem como um importante segundo mensageiro na sinalização celular. No entanto, em concentrações mais altas e exposição prolongada, espécies reativas de oxigênio podem danificar macromoléculas celulares, como DNA, proteínas e lipídios, o que leva à morte celular necrótica e apoptótica. Alguns estressores aumentam ainda mais a produção de EROs, como radiação ionizante, luz ultravioleta e produtos químicos oxidantes.

Estresse oxidativo e o cérebro

O estresse oxidativo é uma condição de desequilíbrio entre a formação de espécies reativas de oxigênio e a capacidade antioxidante celular devido ao aumento da geração de EROs e/ou disfunção do sistema antioxidante. Alterações bioquímicas nesses componentes macromoleculares podem levar a diversas condições patológicas e doenças humanas, principalmente transtornos neurocognitivos (demências).

Transtornos neurocognitivos caracterizam-se morfologicamente pela perda celular progressiva no cérebro. Células neuronais são vulneráveis a agregados proteicos do citoesqueleto. A deposição de proteínas anormais e a interrupção da homeostase dos íons metálicos estão altamente associadas ao estresse oxidativo (Chen, Guo, & Kong, 2012).

A neurodegeneração após o estresse oxidativo limita a recuperação da resposta tecidual e pode ser causada por glicólise prejudicada. Se realmente houver um defeito no metabolismo glicolítico cerebral (visualizado no PET SCAN), recomenda-se dieta cetogênica. O aumento de corpos cetônicos favorece o metabolismo de células cerebrais.

Corpos cetônicos integram-se ao ciclo do ácido cítrico para produção de energia. No cérebro, são fonte de carbono para o glutamato (anaplerose) e, portanto, ajudam a equilibrar a homeostase glutamato/glutamina por meio da estabilização do metabolismo energético no astrócitos após a recuperação de um evento hipóxico/isquêmico (LaManna et al., 2009).

Existem várias formas de aumentar os corpos cetônicos no corpo. Dieta hipocalórica de baixo índice glicêmico, jejum, jejum intermitente (time restricted eating), dieta cetogênica, uso de TCM (especialmente C8) ou cetonas exógenas são algumas das estratégias utilizadas para facilitar a cetose. A estratégia adotada vai depender da preferência do paciente, assim como da urgência para a entrada em cetose (por exemplo, quando existem convulsões resistentes ao tratamento medicamentoso a urgência é maior).

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/