O principal sintoma de qualquer tipo de depressão é perda de interesse e prazer pelas coisas que anteriormente você gostava. Além disso, frequentemente vem com 5 ou mais destes outros sintomas, há pelo menos 2 semanas:
Alteração de sono
Mudanças no apetite
Dificuldade de raciocínio
Redução na capacidade de foco
Culpa
Sentimento de inferioridade (vários pacientes dizem que são carentes)
Falta de esperança ou tristeza
Lentidão ou agitação
Cansaço/fadiga
Vontade de se ferir ou ideação suicida
Quanto mais sintomas e quanto maior a intensidade dos sintomas, maior é a intensidade da depressão. Na depressão atípica o humor melhora momentaneamente durante o dia, quando a pessoa recebe uma notícia boa. Mas geralmente tem alta sensibilidade à rejeição, aumento de apetite, cansaço ou hipersonia, sentir pernas ou braços pesados (“paralisia em chumbo”).
Tratamento da depressão atípica
A depressão atípica afeta 18 a 36% de todas as pessoas com depressão. Não melhora com antidepressivo serotoninérgico (sertralina, fluoxetina, citalopram, paroxetina, fluvoxamina, escitalopram).
O antidepressivo que costuma funcionar para depressão atípica grave é um inibidor de monoaminoxidase (IMAO) chamado Parnate (sulfato de tranilcipromina). Com isso, aumenta as monoaminas dopamina, norepinefrina e epinefrina. Porém, é usado em último caso, pois tem muitos efeitos colaterais, como alteração de pressão, tontura, palpitação cardíaca, fraqueza, secura na boca e sonolência têm sido relatados. Quadros leves e moderados são tratados com outras estratégias.
Lembre que em qualquer tipo de depressão os antidepressivos só funcionam em 50% dos casos e em algum momento terão que ser desmamados. Ou seja, tomando ou não medicação, o paciente precisa aumentar níveis de energia. Falta de energia e desânimo, dificuldade para levantar, dor, peso e fraqueza nas pernas, raciocínio lento são comuns na depressão. Muitos pacientes deprimidos, apesar de saberem que a atividade física faz bem, não conseguem fazer. É como um burnout.
Atenção: burnout é diferente de depressão. Depressão é falta de interesse e prazer. A pessoa pode estar esgotada mas ainda ter interesse e prazer. No caso da depressão, há cansaço + falta de interesse em prazer.
Alguns pacientes precisam começar com fisioterapia ao invés de atividade física, para ir fortalecendo musculatura gradualmente. É uma terapia. O paciente não vai esperar a vontade de se exercitar chegar. Está indo para o tratamento. Pacientes que já conseguem ir sozinhos para a academia podem fazer outras atividades como yoga, pilates, musculação, dança, natação etc.
O exercício regular pode ajudar a aliviar a depressão e a ansiedade por liberara endorfinas associadas ao bem-estar. Endorfinas são substâncias químicas cerebrais naturais semelhantes aos canabinóides da planta Cannabis. Os canabinóides produzidos pelo corpo ligam-se a receptores no cérebro, capazes de regular a neurotransmissão, a liberação de hormônios, reduzir a neuroinflamação, a dor e sintomas da depressão.
O exercício também ajuda a tirar a cabeça das preocupações e aumentar as interações sociais. Isto é muito importante para fugir do ciclo de pensamentos negativos que alimentam a depressão e a ansiedade. Melhorando o metabolismo geral e a composição corporal o paciente também sente-se mais confiante.
Todo tipo de atividade física ajuda na depressão. Mas não precisa ser nada intenso. Pelo contrário, estudo de 2023 mostrou que os pacientes que tiveram pior resultado faziam atividade física exagerada (Singh et al., 2023). Sobrecarga física e mental reduzem demais os níveis de energia, que o depressivo já não tem. Este tratamento físico deve ser sempre associado à psicoterapia.
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