Suplementação de vitaminas e minerais para redução da fadiga

As vitaminas e os minerais são essenciais para diversas funções fisiológicas do nosso corpo e suas principais fontes são os alimentos. Muitos deles atuam como co-fatores, ou seja, ajudam enzimas a funcionarem corretamente. Por isso, são indispensáveis.

Além disso, juntamente com as nossas enzimas, as vitaminas são capazes de:

  • Reparar tecidos;

  • Fortalecer o sistema imunológico;

  • Colaborar com a saúde de mucosas e pele;

  • Ajudar no tratamento e prevenção de doenças;

  • Potencializar o metabolismo energético;

  • Favorecer algumas reações metabólicas;

  • Desempenhar ação antioxidante e desintoxicante.

O cérebro consome aproximadamente 20% da energia corporal em repouso. Para sua produção energética depende de nutrientes e oxigênio vindos da dieta e da respiração (Tardy et al., 2020). A maior parte da energia é produzida dentro da mitocôndria que, neste processo, utiliza além de cadeias de carbonos obtidas de macronutrientes (ácidos graxos, glicose, aminoácidos), vitaminas e minerais.

Vitaminas do Complexo B

Essenciais como cofactores em fases-chave do metabolismo energético (piruvato → acetil‑CoA, NAD/NADP, síntese de neurotransmissores):

  • B1 (Tiamina): necessária para metabolismo de carboidratos e síntese de energia; deficiências causam fraqueza e sintomas neurológicos.

  • B2 (Riboflavina): participa da cadeia respiratória; sua falta reduz produção de ATP.

  • B3 (Niacina): precursora de NAD/NADP para reações redox; déficit causa fadiga, pelagra e alteração cognitiva.

  • B5 (Ácido pantotênico): insumo para acetil‑CoA; envolvido na acetilação de proteínas e desenvolvimento neuronal .

  • B6 (Piridoxina): essencial à síntese de neurotransmissores (dopamina, GABA) e metabolismo proteico; carência traz fadiga e sintomas emocionais .

  • B8 (Biotina), B9 (Folato) e B12 (Cobalamina): fundamentais na síntese de DNA, mielinização e metabolismo de neurotransmissores. A deficiência causa anemia, fadiga e declínio cognitivo eventualmente.

Evidência clínica: vários ensaios em pessoas com ingestão inadequada mostram que suplementação com grupo B melhora tanto a fadiga quanto a cognição .

Vitamina C

  • Atua no SNC (diferenciação neuronal, mielinização), como antioxidante e na modulação autonômica .

  • Evidências (ex.: administração IV com 10 g) associam-se à redução da fadiga .

Minerais

Ferro

  • Essencial para transporte de oxigênio (hemoglobina), metabolismo energético e mielinização .

  • Suplementação em deficientes ou anêmicos melhora fadiga e cognição, especialmente em crianças .

Magnésio

  • Cofator em +300 reações enzimáticas; vital na síntese de ATP, neurotransmissão e modulação neurológica.

  • Baixos níveis associados a fadiga e redução cognitiva; alguns ensaios positivos com suplementação .

Zinco

  • Cofator enzimático, importante para neurotransmissão e neuroproteção .

  • Suplementação reduziu fadiga em pacientes oncológicos; níveis séricos correlacionam-se com performance cognitiva .

Suplementação e redução da fadiga

Enquanto o cansaço é algo normal e temporário, que todos sentimos após um dia de trabalho ou atividade física, a fadiga é uma sensação persistente e anormal de exaustão, que não melhora totalmente com o repouso.

A fadiga possui um componente subjetivo (tédio, desmotivação, estresse mental etc) mas também um componente físico (anemia e outras deficiências nutricionais, hipotireoidismo, depressão, COVID longa, etc). Uma análise mostrou que de 60 estudos revisados, 50 indicaram redução significativa da fadiga com suplementação (ex.: CoQ10, L-carnitina, zinc, vitaminas C e B) . A maioria dos dados positivos vem de populações com deficiência ou ingestão marginal; em indivíduos já bem nutridos, resultados são menos conclusivos.

As vitaminas também são importantes no ciclo do 1 carbono, fundamental, dentre outras coisas, para a síntese de neurotransmissores envolvidos em processos como atenção, memória, aprendizado,

É necessário suplementar na forma ativa?

Vitaminas ativas são aquelas que o corpo já consegue absorver e utilizar sem que precisem ser transformadas. Ou seja, já estão na sua forma mais eficiente. Quando consumimos a vitaminas na forma tradicional, em alimentos ou suplementos comuns, elas precisa ser processadas pelo organismo para então serem utilizadas. Essa transformação depende de outros cofatores ou enzimas, o que pode comprometer a sua utilização, caso a pessoa não os tenha disponíveis para o processo. Isso pode ocorrer por alguma deficiência na alimentação, alguma condição patológica ou até mesmo por alteração genética.

Um exemplo é a vitamina B9, também conhecida como ácido fólico. Entre 36% e 40% das pessoas têm uma alteração genética que gera deficiência na enzima que transforma o ácido fólico em metilfolato, forma ativa da Vitamina B9. Com menos metilfolato disponível, várias reações metabólicas importantes ficam limitadas ou comprometidas.

Quais são os benefícios da vitamina ativa?

Por não precisar ser transformada para ser aproveitada pelo organismo, a vitamina ativa tem maior chance de suprir as necessidades do corpo, facilitando o bom funcionamento dos órgãos e sistemas essenciais para a vida. Isso se aplica às vitaminas do complexo B, à vitamina C, à vitamina D e a todas as demais. 

Apesar de mais eficiente, a vitamina ativa está presente apenas em alguns suplementos alimentares. Na maioria das pessoas saudáveis, as formas inativas (convencionais) são suficientes (e mais baratas). Ou seja, não é necessário fazer toda a suplementação vitamínica na forma ativa. Contudo, em alguns casos isto pode ser vantajoso, dependendo da condição de saúde da pessoa, absorção intestinal, genética e eficácia metabólica.

Quando a forma ativa é útil ou necessária:

  1. Problemas genéticos/metabólicos
    Algumas pessoas têm mutações em genes que reduzem a capacidade de converter a vitamina para sua forma ativa.
    Exemplo:

    • Mutações no gene MTHFR dificultam a conversão do ácido fólico (B9) em 5-MTHF (forma ativa).

    • Nessas pessoas, é melhor usar diretamente metilfolato ou o ácido folínico.

  2. Doenças hepáticas ou intestinais
    O fígado e o intestino são responsáveis pela ativação de muitas vitaminas.
    Problemas nesses órgãos podem impedir a conversão correta.

  3. Idosos ou pessoas com má absorção
    A capacidade de converter vitaminas pode ser menor com a idade ou em condições como gastrite atrófica, doença celíaca, bariátrica etc.

  4. Suplementação terapêutica de alta eficácia
    Às vezes, formas ativas são usadas para garantir efeito mais rápido e direto.
    Exemplo: Metilcobalamina (B12 ativa) em casos de neuropatia ou anemia perniciosa.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/