O termo estrogênio refere-se a uma categoria de hormônio sexual responsável pelo desenvolvimento e regulação do sistema reprodutor feminino. Existem três estrogênios endógenos principais que possuem atividade hormonal estrogênica: estrona (E1), estradiol (E2), estriol (E3) e estetrol (E4). Estes hormônios começam a ser produzidos por volta dos 12 anos e tem seu pico por volta dos 35, com queda acentuada após esta fase.
Tipos de estrogênio
Estradiol (E2): principal, mais típico, potente e famoso hormônio feminino. Tem produção quase que exclusiva ovariana. Existem 3 tipos de receptores para 17β-estradiol. Estes receptores estão, por exemplo, no endotélio (camada de revestimento dos vasos sanguíneos) e contribui para produção de óxido nítrico, vasodilatação e controle da pressão arterial. Também ajuda a diminuir a inflamação vascular e a aterogênese. A queda de estradiol também afeta a parte estética, levando a maior perda de colágeno, rececamento, flacidez, rugas. Na verdade estradiol possui mais de 400 funções entre elas as anabólicas e de reparo.
Estrona (E3): maior parte vem da conversão periférica de androstenediona. Potência da estrona é aproximadamente 1/12 em relação ao estradiol. Produzido nas glândulas adrenais pode ser convertido em estradiol quando o corpo precisa de um estrogênio mais forte. Predomina na menopausa pois a produção de estradiol a partir do colesterol cai muito.
Estriol (E1): produto oxidativo de estradiol e estrona. Eliminado pelo fígado. Pode ser reposto para aliviar os sintomas vaginais relacionados com a falta do hormônio feminino estriol. Por ter potência de 1/80 em relação ao estradiol, a reposição parece mais segura que a de estradiol.
Estetrol (E4): produzido apenas durante a gravidez. Pode ser associado a progestogênios nos contraceptivos hormonais, tentando aumentar a segurança da medicação. Também pode ser usado como substituto da reposição hormonal com estradiol, pois como é menos potente talvez diminuia o risco da medicação. Porém, mais estudos são necessários nesta área.
Uma vez dentro da célula, estes hormônios ligam-se e ativam os receptores de estrogênio (ERs) que, por sua vez, modulam a expressão de muitos genes envolvidos na saúde óssea, na saúde cardiovascular, muscular e do sistema nervoso central. O estradiol é um protetor neurocognitivo, mantém memória, tem efeito antidepressivo, estimula a síntese de serotonina (efeito ansiolítico).
Existem receptores de estrogênio por todo o corpo. Os receptores de estrogênio alfa estão presentes no tecido adiposo, músculo esquelético, sistema cardiovascular e células imunes. Conforme a mulher envelhece e produz menos estradiol, o risco cardíaco aumenta. A queda de estradiol leva a menor elasticidade nas artérias, aumento na deposição de placas de ateroma, redução do fluxo sanguíneo, aumento do LDL-c, homocisteína e lipoproteína A, redução de HDL, aumento da agregação plaquetária.
Os receptores beta estão presentes em ovários, pulmão, bexiga, células hematopoiéticas e trato gastrointestinal. Sem a ligação de estradiol nestes tecidos o risco de câncer aumenta, incluindo também o câncer de mama (Rocha, & Kucharski, 2021). As mulheres que não fazem a reposição na perimenopausa podem ter mais problemas genito-urinários, maior risco de traumas e infecções vaginais, maior risco de câncer de colorretal.