O gosto por doces depende de nossa genética, de nossas experiências, do número de papilas gustativas para doces, da fase do ciclo menstrual da mulher.
Pessoas com mais papilas fungiformes tendem a gostar mais de doces e isto tem relação com o haplótipo TAS2R38. Um haplótipo é a combinação de genótipos, um conjunto de polimorfismos (variações) na mesma região do DNA). Variações do TAS2R38 (rs713598, rs1726866 e rs10246939), do TAS1R2 (rs9701796) e TAS1R3 (rs35744813) influenciam o consumo de açúcar.
Uma pessoa mais sensível ao açúcar vai se contentar com uma quantidade menor de doce do que uma pessoa com menor sensibilidade. Diferenças individuais no consumo de açúcar também são influenciadas pelas variações no gene DRD2 (receptor de dopamina). A dopamina é um neurotransmissor envolvido nos comportamentos de busca pelo prazer e por recompensas naturais. Variações desfavoráveis em DRD2 podem ter mais predisposição ao consumo de açúcar. Estas variações podem estar presentes tanto em homens, quanto em mulheres. Se quiser aprender a interpretar exames nutrigenéticos clique aqui.
Outra questão que influencia o gosto por açúcar é o número de papilas fungiformes na língua. Em geral, mulheres possuem maior densidade destas papilas e, este é um dos motivos que fazem com que gostem mais de doces do que homens (Asarian, & Geary, 2012; Fischer et al., 2013).
CICLO MENSTRUAL E DESEJO POR DOCES
O prazer em comer carboidratos (tanto doces quanto massas) aumenta na fase lútea do ciclo menstrual (Stanic et al., 2021). Isto é normal. Mas podemos evitar a compulsão com uma dieta mais adequada. Por exemplo, a composição de lipídios da dieta ao final da fase folicular também influencia na compulsão por doces. Quando a mulher consome gorduras boas (vindas de peixes, castanhas, sementes, azeite) a composição de endocanabinóides que produzirá será diferente de mulheres que estão consumindo alimentos ultraprocessados. E isto também tem correlação com o desejo de carboidratos e doces na fase lútea do ciclo menstrual (Krishnan et al., 2018).
Mulheres que adotam uma dieta de características mais antiinflamatórias possuem menos desejos por doces durante a TPM. Muitas mulheres dizem que não tem desejo por doces, apenas por chocolate. Mas um estudo mostrou que a vontade específica por chocolate é um fator cultural aprendido. Mulheres que não vivem em países com tanta disponibilidade e propaganda de chocolates não pensam em chocolate e buscam outros tipos de alimentos durante a TPM (Hormes, & NIemiec, 2017). Chocolate não é é proibido, nem durante, nem fora da TPM, mas lembre que alimentos doces e cremosos influenciam na percepção gustativa e são de fácil consumo, sendo facilmente consumidos em maior quantidade.
Comer compulsivamente gera mais insatisfação corporal
Um estudo mostrou que mulheres que possuem mais compulsão no período pré-menstrual tendem a sentir mais culpa, sentir mais insatisfação corporal, fazer mais dietas restritivas e punitivas (Hormes, Timko, 2011). O comer transtornado é o meio do caminho entre o comer normal (que gera saúde física, emocional, social) e o transtorno alimentar (como anorexia, bulimia). Restrições constantes de calorias e de alguns nutrientes como carboidratos podem gerar compulsões alimentares, com culpa, remorso e depois a necessidade de controle extremo da alimentação.
Pessoas que comem normalmente são flexíveis. O comer varia com a fome, com o contexto, com a renda, com o clima, com a vontade etc. O comer transtornado é mais inflexível e gera sofrimento. Aprender a comer sem culpa, em qualquer fase e de forma não exagerada é importante. Aprenda como fazer isso no curso Alimentação intuitiva/consciente.