Tecido adiposo branco, macrófagos e inflamação

O tecido adiposo branco armazena ácidos graxos para fornecer energia a outros tecidos. Libera esta energia para tecidos como o músculo, durante o jejum ou em períodos de alta demanda energética. Também tem papel relevante na regulação do apetite, resistência à insulina, secreção de citocinas, proteção mecânica. Esse tecido adiposo é composto principalmente por adipócitos, células especializadas em acumular lipídios. Mas o tecido adiposo não é apenas um tecido de estoque. Possui também células do estroma, incluindo pré-adipócitos, células-tronco, células endoteliais e células imunes, como macrófagos, linfócitos e neutrófilos. Macrófagos e linfócitos T têm gerado interesse significativo por sua participação no processo inflamatório crônico de baixo grau presente na obesidade.

Os macrófagos podem ser ativados classicamente (M1) ou alternativamente (M2). A polarização para o perfil M1 ocorre após a sinalização pró-inflamatória do fator de necrose tumoral α (TNFα) e do interferon γ (IFNγ) ou do receptor toll-like 4 (TLR4). Em consequência, os macrófagos M1 expressam TNFα, interleucina (IL) 1α, IL1β, IL6, proteína quimiotática de monócitos 1 (MCP1, também conhecida como CCL2).

Em pessoas magras os macrófagos M2 são distribuídos uniformemente por todo o tecido adiposo, que também contém células T CD4+, células iNKT e pré-adipócitos. Os eosinófilos secretam IL-4 e IL-13 que atuam nos adipócitos e contribuem para o estado anti-inflamatório e sensível à insulina. Adipocinas como adiponectina e IL-10 estão aumentadas, enquanto o conteúdo de leptina está diminuído. Em condições fisiológicas, a sensibilidade à insulina é mantida pela liberação de citocinas anti-inflamatórias como TGFβ e IL10 pelos macrófagos residentes ou M2, favorecendo a captação de glicose mediada por insulina.

O tecido adiposo expressa em sua membrana proteína quimiotática de monócitos (MCP-1). Esta proteína tem como função justamente atrair monócitos que se diferenciam em macrófagos e liberam citocinas inflamatórias. No tecido adiposo de pessoas obesas os macrófagos M1 formam estruturas semelhantes a coroas ao redor do tecido adiposo. Os macrófagos M1 aumentam seu número tanto por infiltração quanto por proliferação local. A hipertrofia dos adipócitos causa a ruptura dos adipócitos e libera ácidos graxos na corrente sanguínea. Os macrófagos M1 secretam citocinas pró-inflamatórias. O conteúdo de outras células imunes também muda com o conteúdo de eosinófilos e células T reguladoras (Treg), diminuindo e células dendríticas, número de células T CD4+ e CD8+ aumentando. O número de pré-adipócitos aumenta. A produção de adipocinas pró-inflamatórias como TNF-α, IL-6, IL-1β, MCP-1 e MIF aumenta.

Esse tecido adiposo inflamado começa a criar um ambiente obesogênico. Os PPARs respondem controlando a secreção de leptina quando nos alimentamos. Quando se ligam aos receptores leptina aumenta e a saciedade aumenta. Contudo, o TNFalfa silencia a ativação dos PPARs e o indivíduos sente menos saciedade. Além disso, na inflamação há resistência à insulina e leptina, gerando mais problemas metabólicos.

Atividade física, jejum, dieta antiinflamatória e controle do estresse são fundamentais para o controle deste processo todo e evitação deste ambiente obesogênico. Precisa de ajuda? Marque aqui sua consulta online.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/