Estratégias para driblar a senescência

A senescência celular é um estado de parada permanente da proliferação celular induzida por danos persistentes no DNA e outros sinais induzidos por estresse. Cigarro, consumo excessivo de álcool, contato com metais pesados, hiperglicemia, perda de NAD+, exposição exagerada ao sol, radiação são alguns dos gatilhos conhecidos para danos ao DNA. Dentre as múltiplas alterações observadas durante o processo de senescência está a liberação de moléculas biologicamente ativas conhecidas coletivamente como fenótipo secretor associado à senescência (SASP).

Este fenótipo SASP pode gerar maior risco de doenças metabólicas pela secreção de maior quantidade de radicais livres, substâncias inflamatórias, quimiocinas, fatores de crescimento e fatores de remodelação da matriz que alteram o ambiente tecidual local e contribuem para a inflamação crônica, sarcopenia, aterosclerose, resistência insulínica, disfunção mitocondrial, esteatose e câncer (Wiley & Campisi, 2021).

Vários estudos relataram que o mecanismo intrínseco da produção do fator SASP é predominantemente mediado pela ativação da via cGAS-STING (estimulador de sintase de GMP-AMP cíclico de genes de interferon) por fragmentos de DNA acumulados de forma aberrante do núcleo de células senescentes.

A selinidade é o envelhecimento associado ao desenvolvimento de doenças, com potencialização do fenótipo secretor associado à senescência.

Recentemente, a estratégia de eliminação de células senescentes (senólise) tem atraído cada vez mais atenção. Dentre as estratégias antienvelhecimento estão o jejum, o uso de chás e ervas. Chá preto, por exemplo, contém teaflavinas, apigenina, quercetina e fisetina que atuam em diferentes mecanismos celulares reduzindo a quantidade de células senescentes.

Adaptado de Scmitt, 2017

Senoterapêutica

  • Senolíticos: agentes farmacológicos que podem seletivamente eliminar células senescentes, mas não células saudáveis. Células senescentes em geral expressam em alta quantidade fatores anti-apoptóticos, que previnem a morte celular. O problema é que estas células envelhecidas que não morrem podem gerar doenças como câncer. Os senolíticos então tentam inibir a produção destas proteínas anti-apoptóticas. Entre os suplementos senolíticos estudados estão quercetina e fisetina. Existem também drogas senolíticas como dasatinib.

  • Senomórficos: limitam os efeitos deletérios das células senescentes. Reduzem fatores inflamatórios secretados reduzindo os componentes SASP. Uma forma é a inibição do fator de transcrição mTOR. Um medicamento utilizado con este fim é a metformina. Apigenina e kaempferol parecem ter efeitos similares. Apigenina é suplementada e também pode ser encontrada na salsa, camomila, aipo, espinafres, alcachofras e oréganos. As plantas mais ricas em kaempferol são vegetais de folhas verdes escuras, incluindo espinafre e couve e ervas como endro, cebolinha e estragão.

  • Vigilância imunológica: fortalecimento e estímulo do sistema imune para que este possa lidar melhor com células envelhecidas. Veja neste outro texto nutrientes importantes para a imunidade.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/