O comprometimento cognitivo leve (CCL) nem sempre leva à transtornos neurocognitivos graves (demências). Alguns fatores aumentam as chances de reversão do CCL: continuar aprendendo (estudos mostram que leitura de livros e jornais é fator protetor), participar de atividades significativas na comunidade, continuar dirigindo ou usando mapas, não ter mutação APOE4, voltar ao peso saudável, praticar atividade física, deixar de fumar, reduzir resistência insulínica, pressão arterial e oxidação de colesterol, com dieta antiinflamatória, suplementação e jejum.
Biomarcadores a avaliar
Biomarcadores são moléculas encontradas no sangue ou outros fluidos corporais (como urina ou fluido cerebroespina) ou tecidos (como o cérebro). Indicam se um sinal ou processo é normal ou anormal. Podem ser utilizados para facilitar diagnóstico ou para avaliar quão bem o corpo responde a um tratamento.
Exemplos de biomarcadores de risco para CCL e transtornos neurocognitivos no plasma: glicose aumentada, colesterol aumentado, homocisteína aumentada, presença de altas quantidades de plasmáticos
Exemplos de biomarcadores de risco para CCL e transtornos neurocognitivos no líquido cefalorraquidiano: proteínas amilóides (Aβ1-42 e Aβ1-40), proteínas Tau (Total Tau e fosfo-Tau). Se um paciente tem doença de Alzheimer, essas proteínas estarão presentes em níveis anormalmente baixos (proporção Aβ1-42 e Aβ1-42/Aβ1-40) e altos (Tau total e fosfo-Tau). Os níveis de Aβ1-42 e a relação Aβ1-42/Aβ1-40 estarão baixos muito antes de os sintomas da doença começarem a aparecer.
Exames de imagem: dentre os principais biomarcadores disponíveis atualmente estão a ressonância magnética (RM) como volumetria, tomografia computadorizada com emissão de pósitrons.
Tratamento do declínio cognitivo e Alzheimer leve
O tratamento deve ser individualizado para cada paciente. Muitos fatores afetam a memória como depressão, distúrbios metabólicos ou hormonais (como hipotireoidismo), hipovitaminoses, intoxicação por metais pesados, apneia do sono, sedentarismo, inatividade física, dislipoidemias, obesidade, pressão arterial aumentada, resistência insulínica e diabetes.
Os hábitos de vida que promovem a conservação das capacidades cognitivas atuam tanto na redução dos riscos mencionados acima quanto na capacidade do cérebro de produzir novas conexões nervosas e/ou reparar setores danificados. A neurogênese; pode ser estimulado através da dieta, hábitos de vida, treino cognitivo e suplementação.
Acredita-se que a dieta MIND (Mediterranean-DASH Intervention for Neurodegenerative Delay) ajude a reduzir o risco de Alzheimer em 54%. Essa dieta prioriza alimentos de alta qualidade nutricional, como vegetais de folhas verdes, grãos integrais, nozes, frutas vermelhas, legumes, peixes e aves. Além disso, de acordo com essa dieta, recomenda-se consumir o mínimo possível de carne vermelha, manteiga, margarina, queijo, sobremesas ou quaisquer outros alimentos processados.
Reversão de sintomas
Como as células cerebrais têm uma grande necessidade de energia, elas são particularmente sensíveis à resistência à insulina. Assim, abordagens como o jejum intermitente ou a dieta cetogênica permitem melhorar o seu funcionamento quer reduzindo a resistência à insulina, se for o caso, mas também dando acesso a outra fonte de energia: os corpos cetónicos. Este é um aspecto muito importante dos protocolos de reversão de sintomas. A flexibilidade metabólica é considerada um aspecto muito importante tanto para a prevenção quanto para o tratamento.
A resistência ao hormônio insulina é muito comum. Por isso, o Alzheimer é frequentemente chamado de Diabetes tipo 3. Muitas vezes observa-se no exame PET-SCAN um hipometabolismo glicolítico cerebral, mesmo quando os níveis de glicose plasmática estão dentro da faixa de referência.
A resistência insulínica compromete a formação de sinapses e a plasticidade neuronal (Takeishi et al., 2021). Por isso, para reverter o declínio cognitivo e prevenir transtornos neurocognitivos, como Alzheimer, controle sua glicemia. Trate a resistência insulínica caso ela tenha sido diagnosticada. Faça ciclos de dieta cetogênica se você apresenta declínio cognitivo ou se tem casos na família.
