Nem toda substância faz bem às nossas células. Por isso, vários tecidos possuem mecanismos de proteção. Por exemplo, entre a corrente sanguínea e o cérebro existe a barreira hematoencefálica. Existem também vários transportadores que facilitam a remoção de substâncias das células. São os transportadores de efluxo, como a glicoproteína-P (P-gp). Este transportador está em vários tecidos, como o intestino, os rins, as células do fígado, a barreira placentária e a própria barreira hematoencefálica.
Só que existem moléculas que inibem a quantidade de gllicoproteína-P. Com isso, moléculas que não deviam chegar ao bebê, por exemplo, atravessam a placenta e moléculas que não deveriam chegar ao cérebro acabam cruzando a barreira hematoencefálica.
Drogas que inibem a expressão da glicoproteína-P: fluoxetina, paroxetina, lovastatina, simvastatina, atorvastaina, canabinóides, opiáceos, dentre tantas outras (veja tabela abaixo). Então, mulheres fazendo uso desses medicamentos permitem com que xenobióticos cheguem ao bebê e aumentam o risco de transtornos do neurodesenvolvimento.
Neurodesenvolvimento também é afetado pela inflamação
Os mediadores inflamatórios afetam o cérebro durante o desenvolvimento. Distúrbios do neurodesenvolvimento, como distúrbios do espectro do autismo, comprometimento cognitivo, paralisia cerebral, epilepsia e esquizofrenia, têm sido associados à inflamação durante a gestação e no início da vida (Jiang et al., 2018).
Uma microbiota disbiótica, infecções, estresse, má nutrição, maus tratos contribuem para os transtornos do neurodesenvolvimento pois geram desequilíbrios na produção de citocinas inflamatórias. O quadro neuroinflamatório está associado a maior risco posterior de doenças mentais. Esforços devem ser feitos por ginecologistas, obstetras e pediatras para identificação de mulheres e crianças em risco, para que intervenções precoces sejam postas em prática afim de prevenir consequências indesejadas futuras para a família e para a sociedade.