Oxalatos são moléculas naturais encontradas em plantas, ajudando-as a eliminar o excesso de cálcio. Muitos alimentos (como morangos e feijões) são ricos em oxalatos, que viajam pelo trato digestivo, ligam-se ao cálcio, magnésio, potássio e outros minerais no intestino e saem do corpo através das fezes ou da urina. Assim, o excesso de oxalato pode agravar algumas deficiências comuns, como a de magnésio, fazendo a pessoa sentir-se mais sem energia.
Em um corpo saudável, Oxalobacter formigenes e Lactobacillus ajudam a degradar o oxalato. Mas se você tem uma flora intestinal comprometida devido a uma dieta pobre em nutrientes, deficiências nutricionais, uso de antibióticos, mutações genéticas, problemas hepáticos ou renais ou estresse crônico, seu corpo terá dificuldade em eliminar os oxalatos adequadamente. Um intestino com uma microbiota ruim também é mais permeável, permitindo a passagem de excesso de oxalato para a corrente sanguínea, o que aumenta o risco de certos problemas de saúde como intolerância a oxalato e formação de pedras nos rins. Portanto, isso é mais é muito mais comum em pessoas com disbiose intestinal e candidíase.
Quando ingeridos em grandes quantidades ou quando o corpo não consegue eliminá-los adequadamente, os oxalatos podem formar cristais, que podem se acumular em órgãos e tecidos, causando dor e outros sintomas. A seguir, explico como os oxalatos podem causar dor:
Formação de cálculos renais (pedras nos rins):
Os oxalatos podem se combinar com cálcio para formar cristais de oxalato de cálcio, que são a causa mais comum de pedras nos rins. Esses cristais podem irritar os rins e o trato urinário, causando dor intensa, conhecida como cólica renal, que ocorre quando uma pedra se move ou bloqueia o fluxo de urina.Cristais nas articulações:
Os cristais de oxalato podem também se acumular nas articulações, uma condição conhecida como oxalose articular. Isso pode causar dor e inflamação nas articulações, similar ao que acontece na gota (que é causada por cristais de ácido úrico).Irritação no trato gastrointestinal:
Os oxalatos podem irritar o revestimento do trato gastrointestinal se consumidos em grandes quantidades, levando a desconforto abdominal, dor e até náuseas. Essa irritação é mais comum em pessoas com distúrbios digestivos ou que têm dificuldade em processar oxalatos.Oxalose sistêmica:
Em casos mais graves, onde há uma acumulação excessiva de oxalatos no corpo, pode ocorrer uma condição chamada oxalose sistêmica, que afeta órgãos como rins, fígado e ossos. Isso pode causar uma variedade de sintomas, incluindo dor generalizada e danos aos órgãos.
Pessoas com predisposição a pedras nos rins ou distúrbios no metabolismo do oxalato, como a hiperoxalúria primária (uma condição genética que causa a produção excessiva de oxalato), são mais suscetíveis a essas complicações e podem sentir dores mais frequentes e intensas associadas à formação de cristais de oxalato.
Outros sintomas do excesso de oxalatos
O excesso de oxalatos e a incapacidade do seu corpo de lidar com isso podem resultar em má absorção de minerais, inflamação, comprometimento do sistema imunológico, estresse oxidativo, má função mitocondrial, danos celulares e teciduais e liberação de histamina. Isso pode resultar em uma série de sintomas e problemas de saúde, como:
Dor crônica
Dor articular ou muscular
Fibromialgia
Cistite intersticial
Dor na vulva
Artropatia
Pedras nos rins
Dor urinária e irritação da bexiga/uretra
Dores de cabeça e enxaquecas
Coceira na pele, erupções cutâneas e problemas de pele
Alergias
Problemas digestivos
Insônia
Perda óssea e enfraquecimento dos dentes
Tratamento
Pessoas com intolerância a oxalatos precisam tratar o intestino, adotando uma dieta caseira, fresca, livre de alimentos ultraprocessados e álcool. Medicamentos não devem ser utilizados sem orientação médica. Probióticos e prebióticos podem ser utilizados para melhorar a composição da microbiota intestinal.
Durante o tratamento pode ser necessária a eliminação de alimentos ricos em oxalatos, até que os sintomas sejam solucionados. Mas lembre, seu corpo também produz oxalatos, especialmente se você estiver com deficiências de vitaminas como B1 e B6. Por isso, marque uma consulta para melhor orientação quanto ao seu caso. As deficiências de vitamina B1 e B6 podem aumentar a produção de oxalato, tornando muito importante reduzir o risco de deficiências de vitamina B.
Alimentos ricos em oxalato incluem
Bagas, como mirtilos e morangos
Kiwis, figos, uvas roxas
Batatas, ruibarbo, quiabo
Espinafre, acelga, salsão
Alho-poró, azeitonas,
Banana da terra
Amendoim, castanha de caju, amêndoas
Germe do trigo, quinoa, farelos
Trigo mourisco
Cacau, chocolate e chá
Soja, feijão, lentilha, ervilha, grão de bico
Preparo dos alimentos para redução dos oxalatos
Ninguém consome feijão cru pois o excesso de oxalato gera reações tóxicas como dor, sensação de queimação, irritação nos olhos e na pele, irritação do estômago e outras mucosas, dor abdominal, gases, convulsões. Por isso, o feijão é deixado de molho, a água é trocada e o alimento é depois cozido. A fervura reduz acentuadamente o teor de oxalato solúvel em 30-87% e é mais eficaz do que cozinhar no vapor ( redução de 5-53%). Pessoas com muita intolerância devem ainda descartar o caldo de cozimento (Chai, & Liebman, 2005). É importante também evitar panelas contendo cobre e alumínio pois o oxalato atrai estes metais, que podem também ser tóxicos em excesso.
Lembrando que a dieta de restrição de oxalatos é restrita em muitos alimentos ricos em vitaminas, minerais e fitoquímicos. Para não desenvolver carências nutricionais alguns suplementos devem ser utilizados. Precisa de ajuda? Marque aqui sua consulta de nutrição online.