A velhice tem seus desafios. A pele fica mais flácida, a forma do corpo e a distribuição de gordura mudam, o tônus muscular diminui, a imunidade pode ficar comprometida, o risco de câncer aumenta, as articulações rangem, a memória falha e até mesmo o microbioma pode gerar problemas. Um dos pânicos de muita gente é a doença de Alzheimer.
O Alzheimer é uma doença cerebral progressiva associada a problemas cognitivos, de memória e comportamento. A doença está ligada a placas e emaranhados no cérebro - aglomerados de proteínas que parecem causar estragos no funcionamento do sistema nervoso.
Vários genes parecem estar envolvidos na doença de Alzheimer. O mais conhecido é o APOE. Uma versão deste gene, APOEε4, está associada a um risco significativamente aumentado de Alzheimer. No entanto, os fatores do estilo de vida influenciam o risco de desenvolver a doença, independentemente de sua predisposição genética. A atividade - tanto mental quanto física - reduz o risco de demência na velhice. O exercício físico é bom para o corpo e para o cérebro. Mas o exercício mental também é importante. Ler, escrever, brincar, aprender uma nova língua, fazer música ... Todas essas atividades parecem protegê-lo contra o Alzheimer. Em um dos meus canais estamos fazendo exercícios de treino cognitivo. Faça também:
A dieta também é importante. Pessoas que seguem uma dieta livre de alimentos ultraprocessados, simples, com muitos vegetais, parecem ter uma menor predisposição à problemas cognitivos. Por outro lado, pessoas com alto consumo de gordura saturada e carboidratos refinados, possuem maior o risco de desenvolver a doença de Alzheimer. Um dos motivos é que uma dieta mais rica em fibras de frutas, verduras, castanhas e cereais integrais alimentam as bactérias boas do intestino, reduzindo a inflamação local e sistêmica.
Intestino desequilibrado → cérebro desequilibrado
O envelhecimento costuma levar à disbiose do microbioma (uma composição de desequilíbrio de espécies bacterianas), e o microbioma alterado pode afetar o cérebro de várias maneiras. As bactérias que ficam em nossos intestinos podem liberar citocinas pró-inflamatórias, ou ácidos graxos de cadeia curta, ou mesmo neurotransmissores reais. Pessoas com uma microbiota alterada também possuem mais desequilíbrios metabólicos e hormonais.
Desequlíbrios hormonais e Alzheimer
O sistema renina-angiotensina regula a pressão arterial e o equilíbrio eletrolítico. Em um ponto na via complexa deste sistema, o hormônio angiotensina I é convertido em angiotensina II, que é um vasoconstritor poderoso - ele estreita os vasos sanguíneos. Um dos resultados é o aumento da pressão arterial (Hernandez et al., 2021).
Mas, à medida que envelhecemos, esse sistema vacila. Há sugestões de que, com o passar dos anos, nos tornamos mais sensíveis à angiotensina II e, em um ciclo vicioso de feedback, a angiotensina II contribui para a falha da função mitocondrial e para o estresse oxidativo, o que aumenta o risco de danos no cérebro.
Já a angiotensina (1-7) possui efeitos opostos, protetores. É vasodilatadora, antitrombótica, antiinflamatória, anti-proliferativa. Dado que a doença de Alzheimer costuma ser acompanhada por disfunções vasculares, a angiotensina (1-7) pode nos fornecer uma ótima maneira de abordar os problemas relacionados à idade no sistema renina-angiotensina, bem como algumas alterações específicas relacionadas ao Alzheimer.
A boa notícia é que nosso microbioma intestinal contém as maiores concentrações de mRNA no tecido para ACE2 - a enzima responsável pela produção de Ang (1–7) endogenamente. Estudos mostram que o uso de probióticos geneticamente modificados foi eficaz para aumentar Ang (1-7). O uso desses probióticos geneticamente modificados ainda está em seus estágios iniciais na pesquisa. mas já mostram resultados promissores na prevenção da doença de Alzheimer (Smith et al., 2021).