A histamina é uma molécula sintetizada e armazenada em altas concentrações em grânulos de secreção, principalmente em basófilos e mastócitos, e também em células enterocromafins gástricas, linfonodos e timo
O QUE É HISTAMINA?
A histamina (2-[4-imidazolil]etilamina) é uma amina bioativa que é sintetizada pela descarboxilação de seu aminoácido precursor, histidina, em uma reação enzimática descrita pela primeira vez por Windaus e Vogt em 1907 envolvendo a enzima L-histidina descarboxilase.
Funcionalmente, esta amina está envolvida em vários mecanismos imunológicos e fisiológicos, estimulando a secreção de ácido gástrico, inflamação, contração de células musculares lisas, vasodilatação e produção de citocinas. Além disso, a histamina funciona como um neurotransmissor, sendo sintetizada por neurônios localizados na região posterior do hipotálamo cujos axônios se estendem pelo cérebro. Existe também histamina nos alimentos, mas algumas pessoas possuem uma capacidade prejudicada de metabolizar a histamina ingerida, desenvolvendo sintomas de intolerância histamínica.
Causas da intolerância à histamina
A principal barreira contra a histamina no intestino é a enzima DAO. Pacientes com polimorfismos do gene da DAO (como rs10156191, rs1049742, rs2268999 e rs1049793) apresentam mais sintomas de intolerância histamínica. Algumas pessoas também possuem intolerâncias temporárias à histamina ao consumirem aminas biogênicas e álcool, assim como alimentos ou suplementos que inibem a DAO.
A disbiose intestinal com supercrescimento bacteriano também piora o problema já que certas bactérias fermentam alimentos produzindo quantidades elevadas de histamina. Entre as bactérias produtoras de histamina estão Morganella morganii (a maior formadora), H. alvei, Klebsiella spp., Citrobacter freundii, Enterobacter spp. e Serratia spp. Por isso melhorar a qualidade e a diversidade da microbiota é fundamental. Afinal, o intestino saudável é uma das mais importantes chaves para a saúde. Algumas cepas de Bifidobacterium infnatis e bifidobacterium longum tem um efeito anti-histamínico e podem ser adicionados à suplementação.
Mais sinais e sintomas de intolerância à histamina
Coceira na pele, olhos, orelhas e nariz
Eczema ou outros tipos de dermatite
Olhos vermelhos
Urticária
Edema facial ou de outro tecido
Aperto na garganta
Dificuldade em regular a temperatura corporal
Queda na pressão arterial ao se levantar rapidamente
Vertigem ou tontura
Pressão sanguínea baixa
Frequência cardíaca rápida
Palpitações cardíacas
Dificuldade em adormecer
Confusão mental
Irritabilidade
Ataques de ansiedade ou pânico
Alergias sazonais
Nariz frequentemente escorrendo ou congestão nasal
Dores de cabeça e enxaquecas
Refluxo ácido ou outros problemas digestivos (como náuseas e vômitos)
Ciclo menstrual anormal ou tensão pré-menstrual intensa
Perda de consciência (raro)
DIAGNÓSTICO DA INTOLERÂNCIA À HISTAMINA
Além dos sintomas acima (a pessoa deve ter pelo menos três), devem ser descartadas outras alergias alimentares (fazer exame prick test), mastocitose sistêmica e doenças gastrointestinais. O paciente deve seguir uma dieta livre em histaminas por 2 meses, anotando o que consome e sintomas. Após este período deve reintroduzir os alimentos ricos em histamina observando o que acontece. Se os sintomas voltarem a pessoa realmente apresenta intolerância à histamina. Podem também ser feitos testes genéticos para identificação dos polimorfismos da DAO.
CRISE? EVITE ALIMENTOS RICOS EM HISTAMINA!
Restringir o consumo de alimentos e bebidas ricas em histamina como álcool, laticínios (especialmente queijos envelhecidos), alimentos enlatados, em conserva, produtos defumados (salsicha, presunto, bacon ou salame), leguminosas (como grão de bico, soja, e lentilhas), vinagre, alimentos fermentados (kombucha, chucrute), salgadinhos, doces com conservantes, chocolate e cacau, chá verde, a maioria dos cítricos, peixes em conserva (como cavala e atum), amendoim, espinafre, tomate, kiwi, banana, berinjela, morangos, cerejas, pimenta em pó, canela e cravo.
Também é importante lembrar que, nos alimentos, a histamina nunca está sozinha. É muitas vezes acompanhada por quantidades significativas de outras aminas biogênicas. Isso torna os sintomas e o diagnóstico de intolerância à histamina complicados e às vezes bastante imprevisíveis. Caderina, putrescina, tiramina e cadaverina desencadeiam efeitos similares ao do excesso de histamina. Putrescina e a cadaverina, formadas a partir da decomposição de aminoácidos (como os presentes nas carnes) interferem na atividade da MAO piorando a situação de intolerância e os sintomas inflamatórios.