Somos quase 8 bilhões de pessoas no planeta, sendo que o número de idosos é de aproximadamente 2 bilhões, a maioria vivendo em países em desenvolvimento. A velocidade do envelhecimento e a suscetibilidade para morrer jovem dependem de fatores genéticos e são definidas pelo DNA. Fatores ambientais, biológicos e o estilo de vida também influenciam na idade biológica ou fenotípica. A idade cronológica é aquela que mensuramos por anos de vida a partir do nascimento. A senescência é o aumento da idade cronológica das células, independentemente da sua idade biológica. Ou seja, você pode ter 30 anos mas suas células podem se comportar como se tivessem 40 ou 50, caso você não adote um estilo de vida saudável.
O processo de envelhecimento afeta o cérebro, que depende de um fornecimento eficiente de oxigênio, nutrientes e energia. E o cérebro é complexo. Para mantê-lo saudável o resto do corpo precisa estar saudável também. Se o seu coração não bombeia com eficiência, vai faltar sangue oxigenado lá em cima (é o que chamamos de isquemia, o que pode levar a derrames e morte celular). Faça atividade física para proteger-se da redução da função cognitiva!
Se o colesterol está alto os vasos podem ficar obstruídos. Coma melhor! Se a pressão está alta o sangue pode chegar no cérebro rápido demais rompendo vasos. Uma dieta rica em fibras ajuda a controlar os níveis de colesterol. Para controlar a pressão arterial consuma mais alimentos ricos em potássio (frutas e verduras) e reduza o consumo de sal e alimentos industrializados e do tipo fast food.
Outra forma de cuidar do cérebro é mantendo o intestino saudável
Há mais de 2.000 anos o médico grego Hipócrates (considerado o pai da medicina moderna) já reconhecia a importância do intestino para a preservação da saúde. Dentro do intestino temos trilhões de bactérias que alimentam-se das fibras dos alimentos de origem vegetal (frutas, verduras, castanhas, nozes, sementes, leguminosas) e produzem substâncias que regulam o eixo intestino-cérebro. Por isso Hipócrates também dizia: “Faça do seu alimento seu remédio e do seu remédio seu alimento”. Nada mais atual.
Os micróbios habitam a terra há centenas de milhões de anos a mais do que os humanos, e nunca houve um momento em que nosso corpo não tivesse recebido sinais de micróbios. A microbiota humana é o termo coletivo para os trilhões de microrganismos que vivem dentro e sobre nós, sendo um determinante crítico da saúde e doença humana e um regulador chave de nossa fisiologia. Este rico ecossistema não é estático, mas em constante estado de fluxo ao longo da vida. A microbiota do bebê é diferente da microbiota do adulto e do idoso.
Logo após o nascimento, a microbiota é tipicamente caracterizada por abundâncias relativamente altas de Enterobacteriaceae, Bifidobacteriaceae e Clostridiaceae, mas baixos níveis de Lachnospiraceae e Ruminococcaceae. À medida que o bebê amadurece, anaeróbios estritos aumentam, assim como a diversidade geral até chegar ao nível dos adultos por volta de 1-3 anos de idade, coincidindo com o desmame e uma mudança para a ingestão de alimentos sólidos.
Benefícios da suplementação de probióticos em idosos
Um intestino saudável é muito importante para a saúde de todo o corpo e do cérebro. Contudo, com o envelhecimento a colonização probiótica vai se reduzindo em diversidade e quantidade. Restaurar a integridade intestinal é muito importante pois previne a entrada de substâncias alergênicas, toxinas e patógenos na corrente sanguínea. Uma barreira intestinal comprometida aumenta o risco de doenças autoimunes, inflamação crônica, obesidade, depressão, questões neurológicas e neurodegenerativas.
Estudo aleatorizado publicado em 2022 mostrou que a suplementação da mistura probiótica (Lactobacillus paracasei HII01, Bifidobacterium breve e Bifidobacterium longum) reduz a hiperpermeabilidade intestinal, melhora o perfil lipídico, diminui o índice de obesidade (Chaiyasut et al. 2022). Aprenda mais sobre o intestino e a suplementação de probióticos no curso online de modulação da microbiota intestinal.
Microbiota e plasticidade neuronal
A plasticidade sináptica do sistema nervoso central (SNC) refere-se especificamente aos processos moleculares e fisiológicos celulares subjacentes aos fenótipos comportamentais cognitivos e emocionais, como aprendizagem e memória.
O BDNF é uma importante proteína relacionada à plasticidade cerebral. Foi demonstrado que está envolvido na sinaptogênese e na neurogênese, além de desempenhar um papel importante na prevenção da ansiedade e depressão em humanos. O interessante e que microbiota intestinal mmodula diretamente a expressão hipotalâmica e do tronco cerebral de BDNF.
Estudos têm mostrado que a administração de pré ou probióticos pode alterar os componentes da neuroplasticidade. Por exemplo, pacientes com colite podem apresentar disfunção de memória, que pode ser evitada pela administração diária de probióticos (mistura composta por L. rhamnosus e L. helveticus). Essas mudanças coincidem com as mudanças na modulação do BDNF no hipocampo.
Um estudo utilizou uma mistura probiótica compreendendo oito cepas bacterianas gram-positivas diferentes, VSL# 3. O probiótico contém Streptococcus thermophilus DSM24731, B. breve DSM24732, B. longum DSM24736, B. infantis DSM24737, L. acidophilus DSM24735, L. plantarum DSM24730, L. paracasei DSM24733, L. delbrueckii subespécies de Bulgaricus DSM24734. O uso reduziu inflamação, dor e modulou a expressão de genes no córtex associada ao declínio relacionado à idade.