Modulação Hormonal Feminina: o corpo precisa estar preparado para receber hormônios

Muitas mulheres precisam de terapia hormonal, mas poucas estão realmente preparadas para recebê-la. Sem um terreno biológico equilibrado, o hormônio pode ser metabolizado por vias tóxicas, tornando-se um verdadeiro veneno. Modular hormônios vai muito além de prescrevê-los — exige ajustes profundos no estilo de vida, alimentação, eixo intestinal, atividade física e manejo do estresse.

A disbiose, a SIBO e a hiperpermeabilidade intestinal estão diretamente ligadas à predominância estrogênica, via estroboloma. Essa condição pode gerar uma sobrecarga glutamatérgica no sistema nervoso central — um “leaky brain” —, associando-se à base fisiopatológica de sintomas neuropsiquiátricos.

O olhar reducionista que ignora essa complexidade leva frequentemente à prescrição de antidepressivos como a desvenlafaxina, agravando o quadro intestinal pelo seu efeito anticolinérgico. A compreensão da neurofisiologia feminina é indispensável para que a terapia de reposição hormonal (TRH) gere benefício e não dano.

A preparação metabólica é a chave para o sucesso da modulação hormonal. No climatério, geralmente a partir dos 40 anos, os primeiros sinais surgem — como a insônia —, frequentemente desvalorizados. Somam-se o estresse crônico, a dieta inadequada, o sedentarismo e a exposição a toxinas. Ao longo de décadas, o desequilíbrio hormonal se instala: declínio de estrogênio, cortisol, DHEA e hormônios tireoidianos, contribuindo para alterações cognitivas, fadiga e sintomas depressivos.

Muitas dessas mulheres apresentam ainda resistência insulínica, inflamação subclínica (PCR elevada) e sobrecarga hepática (GGT aumentada). Casos de intoxicação por alumínio são cada vez mais comuns — seja por cápsulas de café, antiácidos como Eno ou utensílios de alumínio —, agravando o estresse oxidativo e a neurotoxicidade.

Menopausa e pele: o reflexo visível do declínio hormonal

Com a queda dos estrogênios, a pele torna-se mais fina, seca e menos elástica. Há redução de colágeno, fibras elásticas e ácido hialurônico, produzidos pelos fibroblastos. O resultado: rugas, flacidez, manchas, rosácea, prurido e perda de viço. As mucosas também sofrem — secura oral, ardor, atrofia e dor genital são frequentes.

Cuidados e estratégias de rejuvenescimento

A hidratação é o primeiro passo, tanto interna quanto tópica. Após o banho, o uso de cremes corporais ricos em ativos regeneradores é essencial. A rotina de cuidados deve incluir:

  1. Fotoproteção diária, mesmo em ambientes internos.

  2. Produtos reparadores com retinol, vitamina C e ácido hialurônico.

  3. Antioxidantes — na dieta e em cosméticos — que neutralizam radicais livres.

Procedimentos médicos complementares incluem peelings, preenchimentos, laser, radiofrequência, toxina botulínica, bioestimulação com plasma e, em casos específicos, TRH devidamente individualizada.

Perda de colágeno e flacidez

Nos primeiros cinco anos pós-menopausa, há uma perda de cerca de 30% do colágeno cutâneo, seguida de um declínio contínuo de 2% ao ano. Isso compromete a firmeza e o tônus da pele. A degradação do ácido hialurônico agrava a desidratação e a aspereza cutânea.

Além da pele, ocorre redistribuição da gordura corporal — perda de tecido de suporte no rosto e acúmulo em abdómen, coxas e nádegas —, resultado da queda de estrogênio e predomínio relativo de androgênios. Essa desregulação hormonal também pode causar acne tardia, aumento da oleosidade e pelos faciais.

Abordagem integrativa e nutricional

O rejuvenescimento verdadeiro começa com a modulação metabólica e intestinal. O intestino é o epicentro da detoxificação e da metabolização hormonal. Cuidar do eixo intestino-fígado-cérebro é pré-requisito para qualquer intervenção estética ou hormonal.

Medidas fundamentais:

  • Exercício físico regular.

  • Sono restaurador e respeitando a cronobiologia.

  • Alimentação rica em vegetais, proteínas magras e gorduras boas.

  • Evitar álcool, ultraprocessados e excesso de açúcar.

  • Preferir alimentos funcionais ricos em triptofano, magnésio, zinco e vitaminas do complexo B, que sustentam o metabolismo dopaminérgico e serotoninérgico.

Cuidados tópicos e ativos funcionais:

  • Higienização suave, de pH fisiológico.

  • Uso de retinoides, antioxidantes (vitamina C e E) e fitoestrogênios como o resveratrol.

  • Aplicação diária de protetor solar com FPS alto.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/