Dopamina e vício

Videogames, comida, drogas, álcool, mídias sociais, compras, pornografia são estímulos que podem gerar a liberação de dopamina pelo cérebro, aumentando a sensação de prazer. O cérebro reequilibra-se rapidamente. Mas se continuamos a bombardear o cérebro com mais e mais coisas prazerosas, o órgão vai ficando tolerante. Assim, precisará de mais e mais compras, comida, estímulos ou drogas para sentir o mesmo grau de prazer. E é aí que o problema começa.

O YouTube inofensivo faz agora com que a criança chore, grite ou se jogue no chão quando fica sem o tablet por 5 minutos. É a famosa crise de abstinência. Lembre: tudo que gera liberação de dopamina pode conduzir, em excesso, a problemas nos relacionamentos, na saúde física e mental.

Como fazer o cérebro voltar ao normal?

A abstinência de cerca de pelo menos 4 semanas é necessária para restaurar a capacidade do cérebro em sentir prazer sem recompensas mais potentes como a maconha. Neste período, dores podem piorar, a ansiedade e irritabilidade podem aumentar, especialmente nas primeiras duas semanas.

Neste período não tente fugir das emoções dolorosas, observe-as, converse com elas, concentre-se no momento presente. Marque uma consulta de psicologia. Com o tempo, muita amorosidade e paciência verá que consegue estar consigo mesmo sem celular, livro, doces, drogas ou outra coisa para te distrair.

Recompensas e liberação de dopamina

Tirar o que te atrapalha de perto é fundamental., seja álcool, doces, videogame ou o celular. Lembre: não é um problema só seu. No atual ecossistema rico em dopamina, todos nós nos acostumamos com a gratificação imediata. Compramos algo pela internet e no dia seguinte a encomenda chega. Queremos uma informação e com um clique de internet nossa tela é inundada de dados. Estamos perdendo a habilidade de descobrir coisas, ficando frustrados rapidamente, morrendo de medo do tédio.

Quando escolhemos recompensas imediatas, partes do cérebro que processam emoção e recompensa se ascendem. Enquanto isso, o córtex pré-frontal – a parte do cérebro envolvida em planejamento e pensamento abstrato – vai se atrofiando.

ÁLCOOL E O SISTEMA DOPAMINÉRGICO

O álcool é uma das substâncias psicoativas mais utilizadas no mundo. Alterações induzidas pelo álcool nas funções cerebrais podem levar a um funcionamento cognitivo desordenado, emoções interrompidas e mudanças comportamentais.

O etanol é uma substância neurotrópica lipossolúvel que penetra na barreira hematoencefálica e inibe as funções do sistema nervoso central (SNC). A dependência do álcool é o resultado de uma complexa interação de fatores biológicos, psicológicos e socioambientais. Uma ampla gama de neurotransmissores são alterados pelo consumo de álcool, incluindo dopamina, 5-HT, ácido γ-aminobutírico, glutamato, transmissor opióide endógeno, acetilcolina e norepinefrina.

Estudos confirmaram uma relação dose-resposta entre a ingestão de álcool e a liberação de dopamina no cérebro. Porém, com a habituação, doses mais altas de álcool são necessárias para a liberação de dopamina. O álcool também pode afetar o funcionamento dos receptores de dopamina, principalmente os receptores D2 e ​​D1. Em comparação com controles, indivíduos com dependência de álcool Tipo I tiveram uma redução de 20% da afinidade do receptor D2/D3 no núcleo accumbens e uma redução de 41% na amígdala. Estas alterações contribuem para o maior consumo e maior risco de dependência.

DIETA CETOGÊNICA PARA TRATAMENTO DE VÍCIO POR ÁLCOOL

Estudo publicado por Wiers e colaboradores (2021) mostrou que a dieta cetogênica diminui os efeitos adversos gerados pela abstinência de álcool, facilitando o tratamento. Também ajuda a diminuir o desejo por álcool e ajuda no processo de destoxificação do etanol. Um dos motivos é que existe uma semelhança entre o acetato produzido no metabolismo do álcool e usado pelo cérebro como fonte de energia e os corpos cetônicos produzidos na dieta com baixo teor de carboidrato e alto teor de gordura. O cérebro inflamado pelo álcool torna-se menos eficiente no uso da glicose e aumenta o desejo pelo álcool e sintomas de abstinência, gerando um ciclo vicioso.

Para facilitar a entrada na cetose você pode usar os triglicerídeos de cadeia média (3 a 8 colheres de sopa/dia) dependendo do seu peso e gasto calórico. Cuidado com a desidratação e perda de eletrólitos, que gera a gripe cetogênica, mal estar, queda de pressão, etc.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/