Muitos casos de autismo, principalmente aqueles com nível 1 de suporte, acabam demorando muito tempo para serem diagnosticados. Felizmente, com mais informações nas redes sociais, pessoas que sempre se acharam ou foram consideradas “estranhas” agora estão recebendo um diagnóstico. O mesmo é muito importante para o autoconhecimento, autoaceitação e para que o suporte necessário seja proporcionado.
São alguns sinais de Transtorno do Espectro Autista (TEA) em adultos:
Sons pequenos, que não incomodam outras pessoas, são percebidos e geram desconforto. Podem ter outras sensibilidades como a luz, toque, texturas, cheiros, gostos diferentes.
Hiperfoco (em uma atividade, local de uma imagem ou figura).
Dificuldade em fazer várias coisas ao mesmo tempo ou de se revezar entre atividades.
Categorizar coisas, informações, objetos.
Dificuldade de interpretação de metáforas, ironias, figuras de linguagem ou mesmo expressões corporais e faciais de outras pessoas.
Baixa demonstração de afeto ou dificuldade em receber demonstrações de afeto ou de falar sobre sentimentos.
Rigidez mental. Podem apresentar irritabilidade ou resistência quando precisam fazer coisas fora da rotina ou do planejado.
Ter essas características não indica necessariamente que um adulto seja autista. Contudo, quanto maior o desconforto e impacto no dia a dia, maior a necessidade de uma avaliação especializada. Para autistas leves, a terapia cognitivo comportamental para treinamento de habilidades sociais, a terapia ocupacional e a fonoaudiologia para aprendizado da impostação de voz podem ajudar.
Para o adulto com autismo moderado e severo serão necessárias outras intervenções (comportamentais, educacionais etc). Pode ser necessário o acompanhamento nas tarefas de rotina, moradia assistida, uso de medicações para tratamento das comorbidades existentes como hiperatividade, ansiedade, depressão, transtornos do sono, comportamento agressivo ou autoflagelatório.
Em anos recentes, os pacientes e pais de indivíduos TEA vêm mostrado interesse no uso de canabinóides para o tratamento do autismo. O dois canabinóides mais prevalentes na planta Cannabis sativa são o THC (com efeitos psicoativos) e o CBD (sem potencial eufórico). No Brasil, o canabidiol (CBD) é prescrito por médicos para o tratamento da epilepsia refratária, tanto em pessoas sem autismo, como com autismo. Também pode ser prescrito por dentistas para tratamento de distúrbios temporomandibulares.
Em muitos outros países o CBD é um suplemento de venda livre e com muitas aplicações, como o tratamento da dor crônica, redução de sintomas da quimioterapia, controle da inflamação e neuroinflamação em diversas situações neurológicas.
O CBD no cérebro autista
Poleg et al., 2021 mostrou que o uso do CBD reduziu comportamentos repetitivos e ansiosos em modelos de camundongo TEA (InsG3680 Shank3). O CBD reduz a neurotoxicidade glutamatérgica e mudou a expressão de genes associados à produção de neurotransmissores.
Outro estudo coletou dados de 188 pacientes com TEA tratados com cannabis medicinal entre 2015 e 2017. O tratamento na maioria dos pacientes foi baseado em óleo de cannabis contendo 30% de CBD e 1,5% de THC. Após seis meses de tratamento, 60,0% (93) foram avaliados. Destes, 28 pacientes (30,1%) relataram melhora significativa, 50 (53,7%) moderada, 6 (6,4%) leve e 8 (8,6%) sem alteração dos sintomas apresentados. A Cannabis foi, em geral, bem tolerada e considerada segura para aliviar os sintomas associadas ao TEA. O efeito colateral mais comum (6,6% dos pacientes) foi a inquietação (Schleider et al., 2019).
Em outro estudo, conduzido no Hospital Infantil Monash, (Melbourne, Austrália), 94% das crianças e adolescentes com diagnóstico de TEA de nível II e III, que passaram pelo tratamento com CBDA tiveram melhorias em relação à gravidade da doença após 28 dias de tratamento diário do produto patenteado NTI164. O medicamento reduz a neuroinflamação e, por isso, possui potencial de uso também no TDAH, esclerose múltipla, doença do neurônio motor e doença de Alzheimer, síndrome pós-covid, dentre outras condições.
O NTI164 é derivado de uma cepa genética única de cannabis medicinal que naturalmente contém altos níveis de CBDA e outros canabinóides menores. Esta variedade em particular expressa um teor de THC muito baixo (menos de 0,3%), permitindo seu uso em todas as faixas etárias.
Outro estudo avaliou o impacto da Cannabis medicinal em 74 indivíduos autistas adultos (média de idade = 33 anos). Os participantes relataram as suas experiências em intervalos de um, três e seis meses, respectivamente. A avaliação cumulativa de suas respostas sugeriu melhorias na qualidade de vida relacionada à saúde, ansiedade generalidade e social debilitante, depressão e insônia grave (Erridge et al., 2022).
Isso levou os pesquisadores a considerar a cannabis medicinal como uma “nova terapêutica promissora”. A cannabis medicinal foi bem tolerada por mais de 80% dos participantes. Cerca de 18% experimentaram efeitos adversos – como fadiga, boca seca e incapacidade de se concentrar – mas variaram entre leves a moderados e não ameaçaram a vida, como observa o estudo. Além disso, estes efeitos são menores que os medicamentos tradicionais como benzodiazepínicos (usados no tratamento de ansiedade e insônia, entre outros) e antipsicóticos (usados para reduzir uma variedade de sintomas, incluindo paranoia, delírios e pensamentos confusos).
Os pesquisadores observaram que os participantes, aos quais foram prescritos benzodiazepínicos, testemunharam uma queda de 33% nas prescrições. Da mesma forma, os participantes em antipsicóticos notaram uma queda de 25% nas prescrições do medicamento. Esses dados e descobertas, embora promissoras, ainda não conseguem gerar um protocolo de tratamento para todos.
Os pacientes com TEA devem manter o seu acompanhamento com neurologista e outros profissionais. Mais estudos estão sendo feitos pelo mundo e, em breve, teremos mais informações sobre o uso de CBD no TEA e outras condições.
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