O comportamento alimentar é controlado por um sistema complicado, que inclui vários elementos reguladores corporais. O córtex cerebral e regiões de recompensa do sistema límbico analisam estímulos provenientes do meio ambiente, incluindo a aparência, sabor e aroma do alimento.
A estimulação dos núcleos ventromediais do hipotálamo é acompanhada por uma diminuição do apetite, enquanto a estimulação dos núcleos laterais é acompanhada por seu aumento. Os opioides agem como neurotransmissores quando liberados pelos neurônios do núcleo arqueado projetados tanto na área tegmental ventral (VTA) quanto no núcleo accumbens (NAcc).
Os peptídeos opioides endógenos incluem endorfinas, encefalinas, dinorfinas e endomorfinas e agem por meio de três tipos de receptores: receptores µ-, δ- e κ-opioides (MOR, DOR e KOR), que pertencem à superfamília de receptores acoplados à proteína G (Figura 1).
Uma família de proteínas conhecida como melanocortinas e seus precursores são conhecidos por diminuir a ingestão de alimentos por meio de vários mecanismos. A beta-endorfina influencia o humor e a ingestão de alimentos; alfa-MSH também reduz a ingestão de alimentos. Ambas as substâncias são codificadas pelo gene POMC.
As melanocortinas atuam principalmente por meio de dois receptores para reduzir a ingestão alimentar: o receptor 3 e 4 da melanocortina (MC3R e MC4R).
A maioria dos indivíduos que sofrem de anorexia nervosa (AN) e bulimia nervosa exibe anticorpos contra o peptídeo alfa-MSH da melanocortina, que é responsável por diminuir a ingestão de alimentos e é influenciado pela ação pré e pós-sináptica de opioides endógenos.
O neuropeptídeo Y (NPY) e a orexina atuam centralmente aumentando o consumo de alimentos. Vários medicamentos foram testados para a regulação destes neuropeptídeos e de desequilíbrios de neurotransmissores. Contudo, a terapia cognitivo comportamental ainda é o padrão ouro para o tratamento dos transtornos alimentares. Seu objetivo geral é alterar os padrões de pensamento e comportamento associados a comportamentos indesejados. A abordagem da terapia funciona com um foco geral na mudança das crenças, imagens e atitudes dos indivíduos que se relacionam a certos comportamentos.
A psicoterapia interpessoal também tem sido usada de forma eficaz no tratamento de transtornos alimentares. É um tratamento de tempo limitado direcionado a melhorar as habilidades interpessoais que podem ter contribuído para o desenvolvimento de transtornos alimentares.
Concentra-se na resolução de problemas interpessoais, postulando que um funcionamento interpessoal mais eficaz levará a hábitos e atitudes alimentares mais saudáveis. A psicoterapia em diferentes formas pode ser um acréscimo valioso da medicação ao facilitar ou aumentar as mudanças cognitivas (Valbrun, & Zvonarevb, 2020).