Cápsulas na prescrição magistral

Quando um nutricionista ou médico prescreve um suplemento ou medicamento algumas coisas devem ser levadas em consideração na escolha da forma de apresentação. Uma injeção será incômoda, dolorosa, precisa ser aplicada por uma pessoa treinada. Mas o efeito é mais rápido.

Médicos trabalham com várias vias de administração: oral, sublingual, parenteral (injetável), cutânea (pela pele), via nasal (pelo nariz), via oftalmica (olhos), via auricular (ouvidos), via pulmonar, retal (ânus) ou vaginal. O nutricionista trabalha com as vias oral, sublingual e enteral (gástrica ou intestinal).

Opções de formas farmacêuticas para a via oral

Pela via oral, temos como opções de administração as cápsulas, comprimidos, drágeas, granulados, soluções, xaropes, suspensão, extrato fluido, tintura, sprays, infusões, chocolates, pós, sucos. Cada forma possui sua vantagem e desvantagem. Hoje vamos falar de cápsulas.

O que são cápsulas?

Forma farmacêutica sólida na qual o(s) princípio(s) ativo(s) e/ou os excipientes estão contidos em invólucro solúvel duro ou mole, de formatos e tamanhos variados, usualmente contendo uma dose única do princípio ativo. Normalmente é formada de gelatina, mas pode também ser de amido ou de outras substâncias (como sorbitol).

Permite administrar substâncias nauseantes ou de sabor desagradável. Libertam rapidamente os medicamentos ou suplementos depois da ingestão. Possuem boa estabilidade, permitem individualização, são de fácil deglutição, mascara sabores e aromas desagradáveis, protege a substância contra agentes externos (pó, luz, ar, mas não contra a umidade e temperatura). 

Há casos específicos em que a cápsula pode ser aberta e administrada na forma de pó, porém, isto só poderá ser feito com indicação médica, do farmacêutico ou nutricionista. Isto porque a abertura ou mistura com líquido pode alterar o efeito do produto. Outra opção é substituir a cápsula dura por uma mais mole, orodispersível ou de liberação modificada (ou mesmo por outra forma farmacêutica).

As cápsulas podem ser de origem animal (gelatina) ou vegetal (celulose, derivados de celulose, amido, clorofila, beta caroteno, tapioca). A cápsula de tapioca é uma boa opção como barreira de oxidação para produtos sensíveis ao oxigênio, como Q10 e vitaminas em geral.

A clorofila é o único corante natural verde permitido. Tem um custo mais baixo que outras cápsulas vegetais. Possui alta estabilidade ao calor e excelente estabilidade à oxidação e incidência de luz. Cápsulas de beta-caroteno são mais difíceis de encontrar no Brasil. São boas opções para nutrientes fotossensíveis (como vitamina C e B2, que nunca podem estar em cápsulas transparentes). Outros corantes naturais para cápsula são carmim e urucum.

Cápsulas VCaps são usadas para fórmulas higroscópicas (sensíveis à umidade), como carnitina, extratos secos de fitoterápicos, minerais quelados, aminoácidos, fosfatidilcolina etc. São bem mais caras do que as cápsulas de clorofila. Se não der para usar VCaps é importante ter muito cuidado com ambientes úmidos. Por exemplo, nunca deixe as cápsulas no banheiro.

Existem também as cápsulas-sachês, de fácil abertura. Podem ser de gelatina ou hipromelose. São boa opção para formulações em sachês ou pacientes com dificuldade de deglutição. Mas são muito mais cara. Se a ideia é abrir e jogar a cápsula fora, use a cápsula de clorofila, que é mais barata.

Por outro lado, o ideal é que alguns ingredientes sejam liberados apenas no intestino. Neste caso, usamos cápsulas gastrorresistentes, obtidas a partir de um filme plástico ou preenchida com granulados gastrorresistentes. Exemplo de aplicações: enzimas digestivas, sais irritantes de mucosa (como sulfato ferroso), probióticos.

Cápsulas lipofílicas são cápsulas oleosas que proporcionam uma retenção precisa e segura de líquidos e óleos, evitando vazamentos indesejados. A incorporação de fármacos pouco solúveis ou de caráter lipofílico a excipientes lipídicos pode otimizar a biodisponibilidade desses ativos. Mascaram sabores desagradáveis. Geralmente são preenchidas com óleo de coco ou TCM.

Tamanhos de cápsulas para formulação magistral

Existem diferentes tamanhos de cápsulas. Para a maioria das aplicações, um tamanho 00 ou tamanho 0 é suficiente. Geralmente estes são os padrões da maioria das farmácias de manipulação. O tamanho 0 contém cerca de 500 mg ou 0,5 gramas de pó enquanto o tamanho 00 contém aproximadamente 735 mg ou 0,735 gramas.

Fonte: https://www.capsulesizes.com/

Fonte: https://www.capsulesizes.com/

O tamanho 000 é o maior tamanho de cápsula para uso humano; em média, ele contém cerca de 1000 mg, mas tudo depende da densidade do pó. Por isso, é melhor verificar com o farmacêutico a densidade do pó que preencherá a cápsula.

Cápsulas de tamanho 1 e 2 são usadas por pessoas que possuem dificuldade de deglutição de cápsulas de tamanhos maiores ou quando a quantidade de suplemento/medicamento é pequena. Para crianças que não conseguem consumir nem as cápsulas pequenas, outras formas farmacêuticas podem ser indicadas como xaropes.

Atenção: algumas farmácias só possuem todos os tamanhos de cápsula para aquelas mais baratas e de maior saída.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/