Os relógios do corpo

Muitos processos no corpo humano - incluindo a função cerebral - são regulados ao longo do ciclo de 24 horas (ritmo circadiano). Os ritmos circadianos são importantes durante cada estágio da vida para a regulação dos processos corporais e mentais. São os principais reguladores da termogênese, função imunológica, metabolismo, reprodução e desenvolvimento das células-tronco. Quando há interrupção dos ciclos, como acontece quando dormimos pouco, ficamos mais susceptíveis a doenças, como diabetes, síndrome metabólica, esteatose hepática, obesidade, transtorno de ansiedade, autismo, depressão maior e doença de Parkinson (Logan, & McClung, 2018).

Os relógios do corpo

Temos uma maquinaria no corpo que envolve hormônios, vias neurais, genes que é como se fosse um relógio e marca os ritmos do nosso corpo. Temos um relógio central, no cérebro e outros relógios em cada um dos órgãos, como mostrado na imagem:

Logan, R.W., McClung, C.A. Rhythms of life: circadian disruption and brain disorders across the lifespan. Nat Rev Neurosci 20, 49–65 (2019). https://doi.org/10.1038/s41583-018-0088-y

Logan, R.W., McClung, C.A. Rhythms of life: circadian disruption and brain disorders across the lifespan. Nat Rev Neurosci 20, 49–65 (2019). https://doi.org/10.1038/s41583-018-0088-y

A imagem acima mostra vários relógios espalhados pelo corpo (a). Estes relógios estão sincronizados por um sistema de cronometragem circadiano que adapta o funcionamento do corpo às mudanças do ambiente. A luz é recebida nos olhos por células ganglionares fotorreceptivas da retina. Ali é produzida as proteínas melanopsinas especializadas (ipRGCs). Essas ipRGCs se projetam através do trato retino-hipotalâmico até o núcleo supraquiasmático e outras regiões do cérebro. O cérebro retransmite informações de tempo para outras áreas do cérebro e do corpo, orquestrando os relógios periféricos. Os horários de alimentação e exercícios também podem ativar os relógios centrais e periféricos (Logan, & McClung, 2018).

Na parte (b) são mostrados os genes do relógio. Dependendo das variações destes genes podemos ser pessoas mais matutinas ou vespertinas. Por exemplo, existem pessoas que rendem mais pela manhã e pessoas que rendem mais pela tarde. O que você observa em relação à sua vitalidade para o esporte, estudo ou trabalho?

Pistas ambientais para melhor regulação dos relógios internos

Regulando os relógios internos temos mais saúde. A luz é uma pista ambiental. Quando o sol brilha devemos produzir, realizar nossas atividades. Quando o sol desce devemos descansar, dormir para não gerar rupturas em nossa fisiologia. Outra pista ambiental é a alimentação. Se comemos tarde, acordamos os órgãos da digestão e prejudicamos o reparo celular que acontece à noite para prevenção do câncer e doenças do sistema nervoso. Por isso, o ideal é comer cedo, preferencialmente antes das 20h. Outra pista ambiental é a atividade física. Para a maioria das pessoas, o melhor horário para movimentos intensos é o período da manhã. Quando fazemos atividade intensa à noite ficamos agitados e tendemos a dormir mais tarde, desregulando os relógios internos.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/