O estresse pode gerar alterações no coração. As paredes do ventrículo esquerdo mudam de forma, ficando mais estreitas na parte superior e mais arredondadas no fundo. A síndrome foi descrita no Japão, em 1990. Pela semelhança de forma, foi batizada de tako-tsubo, nome do pote usado por pescadores para coletar polvos no mar.
Uma pesquisa do Instituto Médico Cedars-Sinai sugere que a síndrome do coração partido, embora ainda não seja comum, não é tão rara como se pensava. E está aumentando, especialmente entre as mulheres (mais de 88% dos casos) e entre os 50 e os 74 anos.
Desencadeada por estresse físico ou emocional, a síndrome do coração partido faz com que a câmara de bombeamento principal do coração aumente temporariamente e bombeie mal. Os pacientes sentem dor no peito e falta de ar, sintomas semelhantes aos de um ataque cardíaco.
Se sobreviverem à fase inicial da doença, as pacientes recuperam-se em dias ou semanas. No entanto, os efeitos de longo prazo ainda estão sendo estudados. Apesar da aparente recuperação da função do músculo cardíaco, alguns estudos mostram que as pessoas que tiveram a síndrome do coração partido correm um risco elevado de futuros eventos cardiovasculares ou mesmo Alzheimer.
O estresse no trabalho, na vida familiar, com a chegada ou saída da menopausa e com a digitalização crescente (horas e horas nas redes sociais) aumentam o risco de desenvolvimento da síndrome. O estresse relacionado ao período da pandemia, também elevou o número de diagnósticos em todo o mundo. Morte de parentes queridos, perda do emprego e até medo de falar em público foram descritos como desencadeadores da doença.
Existe uma conexão profunda entre cérebro e coração. Todos precisamos cuidar da saúde física e mental. O estresse sempre existirá. A vida é isso, mas todos precisamos desenvolver seus mecanismos de enfrentamento para que consigamos nos manter mais saudáveis. Algumas estratégias incluem meditação, yoga, atividade física, alimentação saudável, sono de qualidade, relacionamentos sociais positivos e sistemas de apoio.
O estresse também aumenta a pressão arterial e o risco de depressão. Os pesquisadores não descartam o fato de existirem predisposições genéticas que, combinadas com um ambiente estressor, geram as alterações cerebrais e cardíacas.
Altos níveis de hormônios do estresse atordoam o coração e o cérebro, afetando profundamente o bem-estar. Apesar da condição raramente ser fatal no momento do diagnóstico, podem surgir complicações posteriores como insuficiência cardíaca e até declínio cognitivo
Por isso, reduzir o ritmo e traçar novas rotas para a vida faz parte do processo. A psicoterapia também ajuda muito. Falar sobre sentimentos reduz a ansiedade e ajuda no gerenciamento da medicação. Indico a Julia Maciel, psicóloga formada pela UnB e que atende online, por videoconferência Atividade física, meditação, acupuntura e yoga também vêm mostrado-se importantes complementos ao tratamento tradicional medicamentoso. Cuide-se!